Instituto
de Saúde Integral V Curso
de Especialização em Homeopatia Brasília
– Distrito Federal A aplicação da homeopatia nas epidemias Um levantamento bibliográfico 2005 Trabalho de monografia como exigência parcial
para conclusão do Curso de Especialização em Homeopatia do Instituto de Saúde
Integral – Brasília – Distrito Federal. Orientadora: Drª. Ozélia Evangelista Autora: Margareth Frossard Ribeiro Mendes “Não quero que minha casa seja cercada por muros
de todos os lados e que as minhas janelas estejam tapadas. Quero que as
culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade”.
(MAHATMA GANDHI) Índice
9.1. Hahnemann, 18 9.2. AIDS/SIDA, 21 9.3. Cólera, 23 9.4. Conjuntivites, 25 9.5. Dengue, 29 9.6. Ebola, 31 9.7. Meningites, 33 9.8. Febre tifóide, 34 9.9. Hantavirose, 35
10. Discussão, 43
11. Conclusões, 45
11. Referências bibliográficas, 47 Agradecimentos Porque o único sentido oculto das cousas É elas não terem sentido oculto nenhum, É mais estranho do que todas as estranhezas E do que os sonhos de todos os poetas E os pensamentos de todos os filósofos, Que as cousas sejam realmente o que parecem ser E não haja nada que compreender.
Fernando Pessoa Agradeço ao Instituto de Saúde Integral pela
oportunidade de ter realizado este curso que tanto crescimento me trouxe. Em
especial ao professores que dedicaram horas preciosas de suas vidas para
repassar seus conhecimentos. Agradecemos a minha orientadora por suas
contribuições singelas e profundas além da paciência e atenção que sempre me
atendeu. E aos familiares e amigos pelo apoio, compreensão que tiveram
durante este período. Introdução
e Justificativa
Os avanço tecnológicos e científicos do mundo atual não são capazes de
impedir o surgimento e o retorno de doenças emergentes e re-emergentes nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento.
A globalização da vida dos países e indivíduos, os avanços na informação do
código genético, a identificação de agentes patogênicos de doenças
desconhecidas em pouquíssimo tempo, não são ainda elementos necessários para
prever a ocorrência de doenças e medidas preventivas capazes de debelar
surtos e epidemias em todos os recantos do mundo.
Como vimos à pandemia do HIV/AIDS, as epidemias dos vírus da dengue, o
ressurgimento da tuberculose e cólera, a ocorrência de doenças como a
hantavirose recentemente no Distrito Federal. Observamos nas enfermidades agudas
as diferentes evoluções dos indivíduos acometidos, alguns evoluindo para a
cura e outros evoluindo para a morte.
Diante da possibilidade da disseminação de agentes etiológicos, no mundo
globalizado, onde as distâncias se encurtaram, os produtos industrializados
circulam entre os países rapidamente. As pessoas atravessam de um continente
a outro em poucas horas, permitindo o transporte de agentes infecciosos de um
lado a outro no mundo moderno.
Nesta perspectiva de disseminação rápida de doenças e no surgimento contínuo
de patologias inusitadas ou de ocorrência até então desconhecida em
determinadas regiões, partimos para as seguintes indagações: Seria possível a
intervenção em epidemias ou surtos com a medicação homeopática? Qual a
metodologia que deverá ser aplicada para se chegar ao gênio epidêmico e o
gênio medicamentoso em uma epidemia ou surto? A utilização do gênio epidêmico
seria a utilização do medicamento homeopático para a doença e não para o
doente, deixando desta forma de cumprir com um dos princípios da homeopatia,
a individualização?
Neste trabalho pretendemos realizar um levantamento bibliográfico sobre o
tema “gênio epidêmico”, a evolução histórica da busca do gênio epidêmico e a
metodologia utilizada para se encontrar os medicamentos que se assemelham ao
quadro da doença. Questões
específicas 1. Em que consiste o Gênio Epidêmico? 2. Sendo a homeopatia uma prática médica que
individualiza cada caso, através dos sintomas mentais, gerais e físicos, como
aplicar o conceito de gênio epidêmico? 3. Como se deve prescrever o medicamento
homeopático no tratamento de doenças epidêmicas? Hipóteses
Objetivos Gerais - Conhecer a metodologia para aplicação do gênio
epidêmico em doenças epidêmicas e endêmicas. - Conhecer o valor da homeopatia na prevenção e
tratamento de doenças epidêmicas. - Encontrar os medicamentos que poderiam
corresponder ao gênio epidêmico do surto de hantavirose ocorrido no Distrito
Federal em 2004. Metodologia Feito o levantamento histórico
sobre as diversas epidemias vivenciadas por Hahnemann e o conhecimento de
termos básicos para o entendimento do conceito de gênio epidêmico e aplicação
da homeopatia nas doenças epidêmicas. Procuramos então os
trabalhos que descrevem os diversos estudos de epidemias ou endemias, e
separamos a discussão dos trabalhos em ordem alfabética, deixando por último
um breve estudo dos casos de hantavirose ocorridos no Distrito Federal em
2004, em busca dos medicamentos que mais se assemelham ao quadro clinico
deste agravo a saúde. Buscamos junto às
bibliotecas médicas trabalhos científicos que não só dessem o embasamento
para o entendimento da aplicabilidade da homeopatia em doenças epidêmicas, e
também entender como seriam respeitados os pilares básicos da homeopatia tais
como a individualidade do paciente, a cura pelo semelhante, a ação do
medicamento homeopático usado coletivamente. Doenças agudas
A classificação das doenças segundo a medicina clássica tem como parâmetro o
critério cronológico. Conceitua enfermidade aguda aquela doença com inicio
recente, que dura menos de três semanas. A doença subaguda é aquela que dura
mais de três ou quatro semanas. Doença crônica tem duração maior que seis
semanas. Hahnemann no parágrafo 72 do
Organon dá a definição de doença aguda e crônica para a homeopatia. As
doenças agudas são aquelas que “tendem completar seu curso de um modo mais ou
menos moderado, num curto período de tempo” e evoluem espontaneamente para a
cura ou para morte. Doença crônica tem evolução continua, às vezes com
períodos de latência dos seus sintomas outras vezes com exacerbação destes
sintomas. Mantém-se continuamente, não ocorrendo cura espontânea. Exceto
quando ocorrer a cura através de tratamento que estimule a força vital. As doenças agudas podem ser
agrupadas, segundo Ana Kossak: 1. Doenças agudas de natureza não
dinâmica: a. Indisposições simples; b. Doenças cirúrgicas; c. Doenças traumáticas e locais
provocadas por causas externas. 2. Doenças agudas dinâmicas: a. Individuais (episódios
miasmáticos); b. Coletivas esporádicas; c. Coletivas específicas; d. Epidêmicas. A doença individual aguda
depende de fatores orgânicos, hereditários e do miasma. A sensibilidade
a uma determinada exposição, por exemplo, clima úmido, é agressivo para
alguns indivíduos. As doenças agudas podem ser decorrentes da exacerbação da
psora latente ou epidêmicas e infecciosas específicas, independentes da
natureza miasmática ou do terreno.
As enfermidades coletivas são doenças agudas que podem ser esporádicas,
específicas ou epidêmicas. Segundo Ana Kossak as enfermidades agudas
coletivas esporádicas ocorrem por influências climáticas, metereológicas,
alimentares, ecológicas atingem grande número de pessoas predispostas,
eventualmente traduzindo-se por uma explosão da psora.
A doença aguda coletiva específica é do tipo epidêmico que geralmente se apresentam
da mesma maneira, acometem as pessoas uma vez na vida, raramente mais de uma
vez, com sinais e sintomas patognomônicos bem definidos, permitem um
diagnóstico exato e geralmente possuem um nome tradicional. Como exemplo
temos rubéola, parotidite, coqueluche, sarampo, etc.
A doença aguda coletiva epidêmica propriamente dita, ou febris, apesar de
terem manifestações clinicas características que permitem o diagnóstico,
apresentam diferenças entre um surto e outro. São geralmente contagiosas,
evoluem para cura espontânea ou óbito. Podem deixar seqüelas, não beneficiam
organismo e não dependem da Psora. Gênio medicamentoso, Gênio da doença e Gênio
epidêmico.
No parágrafo 34 do Organon, Hahnemann, descreve que a doença artificial
produzida pelo medicamento deve ser mais semelhante possível à doença a ser
curada.
Na experimentação dos medicamentos, os experimentadores apresentam sintomas
que individualizam a medicação experimentada, de uma forma peculiar e
proeminente a aquele medicamento. Estas características dos sintomas é o que
se chama Gênio do remédio. “... definir o significado do
termo genius. Gênio (gigno, geno) de acordo com as melhores citações
significa a natureza inata; O que é peculiar para qualquer coisa, e constitui
sua identidade, sua natureza, disposição, caráter peculiar, etc.” “Conseqüentemente, você
perceberá que o termo genius, quando aplicado a um remédio, significa aquilo
que é peculiar para o remédio, e que constitui sua identidade ou sua
individualidade, e o distingue de todos outros”.(GUERNSEY, 1870-1871,p.181-185) Qualquer que seja a
doença, cada indivíduo apresentará seus sintomas de uma maneira
individualizante, mesmo que estas patologias apresentem sinais e sintomas
patognomônicos, estes serão sentidos de uma forma peculiar para cada caso da
doença. O Gênio da Doença então é a combinação destes sintomas e condições
peculiares e característicos que vão compor o gênio daqueles casos da doença.
O termo Gênio então significa aquilo que dá identidade, que individualiza. Os sintomas patognomônicos são
sintomas ou condições que ocorrem em quase todos os casos de uma certa
doença, ou comuns a todos os casos de uma determinada doença.
Vemos, por exemplo, a dengue clássica definida como uma doença febril aguda,
seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, dor
retroorbital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo. Estes sintomas são
considerados patognomônicos de dengue clássica, existem diferenças na
apresentação do conjunto dos sintomas de uma epidemia ou surto para outro.
Além dos sintomas individuais apresentados por cada paciente ou por grupos
deles acometidos no mesmo período.
Na nota do parágrafo 81 do Organon, Hahnemann coloca que em epidemias de uma
mesma patologia, jamais retorna do mesmo modo, diferindo em seu curso, em
vários de seus sintomas mais marcantes. Na prática clinica observamos que de
um surto de dengue, por exemplo, para outro, os sintomas patognomônicos
diferem em intensidade e até mesmo no modo de sua apresentação nas pessoas
atingidas pela doença. “... cada epidemia isolada é de
caráter peculiar, uniforme e particular comum a todos os indivíduos
afetados e, quando esse caráter se encontra no conjunto característico
dos sintomas comuns a todos, aponta-nos o caminho para a descoberta do
medicamento homeopático (específico) adequado para todos os casos, o qual,
então, é praticamente eficaz em todos os doentes que gozavam de saúde
razoável antes da epidemia, isto é, que não sofriam cronicamente de psora
desenvolvida”. (HAHNEMANN, 2001, p.132) Segundo o Dicionário Aurélio
palavra gênio significa “espírito benéfico ou maléfico, que, segundo os
antigos, presidia ao destino de cada um, ao das cidades, de certos lugares,
era responsável pelo desencadear de determinados fatos etc” (Novo Dicionário
Aurélio, Editora Nova Fronteira).
Epidêmico é definido como “relativo a, ou que tem caráter de epidemia”.
Epidemia é uma doença que surge rapidamente num lugar e acomete
simultaneamente grande número de pessoas. Surto de agravação duma endemia
“(Novo Dicionário Aurélio, Editora Nova Fronteira). Em Filosofia Homeopática, 2002,
pagina 44, segundo parágrafo, James Tyler Kent, orienta sobre qual a
metodologia para se identificar o Gênio epidêmico. Diz que um médico ao fazer
um diagnóstico clínico de uma doença contagiosa, nos primeiros casos poderá
até confundi-la com epidemia anterior. E Hahnemann no Organon parágrafo 100
elucida que as doenças com caráter contagioso são sempre as mesmas. Na investigação da essência sintomática das
doenças epidêmicas ou esporádicas, é indiferente que tenha ocorrido algo
semelhante no mundo, sob este ou aquele nome. A novidade ou a peculiaridades
de uma tal epidemia não faz diferença, quer no exame, quer no tratamento,
visto que o médico, mesmo assim, deve pressupor o quadro puro de cada doença
atual dominante como algo novo e desconhecido e investigá-lo pela base, se
pretender ser um genuíno e criterioso artista da cura, não podendo numa
colocar a suposição no lugar da observação, nem supor, total ou parcialmente,
conhecido um caso de doença que estiver encarregado de tratar, sem explorar
cuidadosamente todas as suas manifestações, tanto mais que, em muitos
aspectos, cada doença dominante é um fenômeno com suas próprias características
e, num exame meticuloso, é identificado como completamente diferente de todas
as epidemias anteriores, erroneamente documentadas sob certos nomes;
excetuando-se as epidemias resultantes do princípio contagioso, que sempre é
o mesmo, como a varíola, o sarampo, etc. (HAHNEMANN,2001, p.141). Deverá então anotar de forma esquemática todos os
sintomas presentes nos casos, inclusive os sintomas mentais de cada mentais
de cada caso. Assim estes sintomas coletivamente considerados apresentarão
uma imagem daquela doença em particular. Orienta a fazer uma tabela de
freqüência de cada sintoma e o número de casos que o apresenta e assim
descobriremos o que chama de traços essenciais da epidemia. E segundo ele o
medico então será capaz de ver como a doença afeta cada individuo e a
coletividade, como se um único paciente estivesse vivenciando todos os
sintomas e assim será capaz de ver o que é geral e particular naquela
epidemia. A natureza da doença será vista pelos sintomas patognomônicos e
pelos sintomas raros ou peculiares. Daí passa-se para o passo de descobrir
qual o medicamento que mais se assemelha a aquela epidemia de um modo geral.
Pode-se chegar a um medicamento ou a um grupo deles e com eles se conseguirá
curar todos os casos daquela doença naquela epidemia. O remédio do grupo
epidêmico funcionará na grande maioria dos casos, esporadicamente surgirá um
caso que deverá ser tratado individualmente. “Para percebermos o que deve
ser curado nas doenças devemos caminhar dos gerais para os particulares,
estudando a doença em seus traços mais gerais, não como são vistos sobre um
indivíduo em particular, mas sobre toda a raça humana” (KENT, 2002, p. 43). O
individual e o coletivo, a suscetibilidade, a predisposição e noxa. A homeopatia trata cada indivíduo como um ser
único, diferentemente da alopatia que tem o mesmo tratamento para todos os
indivíduos que apresentam a mesma doença, onde se trata a doença e não os
doentes. A maior prova da incoerência deste conceito da alopatia é a de que
com mesmo tratamento há resposta ou supressão de sintomas em alguns e em
outros a droga não tem o efeito esperado.
O que individualiza cada ser? No parágrafo 9 do Organon, Hahnemann diz
que a força vital, mantém todas as partes e o todo individuo em
processo harmônico, e que o espírito que utiliza deste instrumento para os
mais altos fins de sua existência. Então se pode entender que a força vital é
a energia que mantém as funções do organismo em funcionamento, mas estes
comandados pelo espírito racional. Este espírito racional individualizaria
cada ser.
James Tyler Kent, em Filosofia Homeopática, 2002, no capítulo 30, página 244,
sobre a individualização, escreve: “Sem os sintomas gerais de um caso não é
possível praticar a Homeopatia, pois sem eles não se pode individualizar nem
ver as diferenças”.
E quanto às doenças epidêmicas como encontrar o que individualiza, ou que
torna suscetível as pessoas afetadas. Voltando a Filosofia Homeopática,
pagina 59, James Tyler Kent escreve que as doença agudas são de dois tipos,
as miasmáticas, doenças verdadeiras e o segundo tipo as doenças mimetizantes,
que são provocadas por causas externas como viver em ambientes insalubres,
roupas inadequadas ao clima, o desgosto. Em epidemiologia, todas as epidemias
ou surtos, busca-se não só os fatores ambientais ou hábitos como fatores que
predispõem um indivíduo a ter um maior risco de adquirir um determinado
agravo, mas também um agente etiológico que seria o produtor da doença em
cada indivíduo. Mas para J.T. Kent, além dos fatores externos físicos há um
fator emocional desencadeante que predispõe e torna suscetível uma
determinada parcela da população a ser afetada por uma doença. Em contradição a isto, coloca-se na classificação
das doenças agudas epidêmicas que estas não dependem da psora. Como então uma
parcela da população torna-se suscetível a determinado agente etiológico,
produzindo quadros clínicos exuberantes e que colocam em risco a vida de
determinadas pessoas acometidas. Em muitas destas doenças de caráter
epidêmico vemos pacientes que apesar de serem infectados pelo agente
etiológico não apresentam nenhuma manifestação da doença, sendo confirmado
laboratorialmente o contagio. O que torna este tipo de indivíduo menos
vulnerável? Em o Organon, Hahnemann alerta sobre a
importância da suscetibilidade no caminho de adquirir uma determinada
patologia, mostrando a suscetibilidade como uma força que favorece o
adoecimento, proporcionando o terreno para a invasão ou proliferação de
agentes patológicos externos. De fato, as forças hostis da vida na Terra, em
parte psíquicas, em parte físicas, que são chamadas agentes nocivos mórbidos,
não possuem o poder absoluto de alterar a saúde humana, pois somente
adoecemos por seu intermédio quando nosso organismo esta precisamente
predisposto a isso e suficientemente suscetível aos ataques da causa mórbida
em curso e às alterações e perturbações em seu estado de saúde, passando a
ter sensações e funções anormais. Eis porque, nem sempre e nem todas as
pessoas se tornam doentes em virtude de tais forças.(HAHNEMANN, 2001, p.87) Suscetibilidade é a capacidade do organismo de
receber as impressões e o poder de reagir aos estímulos. Todos os processos
vitais, fisiológicos e patológicos dependem da suscetibilidade. A
suscetibilidade é um processo individual que temos para aceitar ou reagir aos
estímulos. Em Filosofia Homeopática, Kent
coloca que a psora é a causa de todas as doenças e que a suscetibilidade a
psora remonta a doença espiritual. Masi Elizalde defendia que a psora é a
suscetibilidade e que todas as doenças tem origem endógena, até mesmo aquelas
que a medicina tradicional demonstra como agente etiológico um agente
externo. A cura ou o alívio das doenças
depende do poder do organismo para reagir à impressão do remédio curativo.
Quando um remédio homeopaticamente selecionado é administrado para uma pessoa
doente, o desaparecimento dos sintomas e a restauração da saúde do paciente
representam a reação do organismo suscetível à impressão do remédio curativo. Se após a administração de um
medicamento curativo homeopaticamente selecionado ocorrer agravação ou leve
intensificação dos sintomas isto significa que houve reação do organismo,
talvez previamente inativo ou agindo impropriamente por causa da
suscetibilidade. Então a suscetibilidade é um
estado que envolve a atitude de organização das causas internas e das
influências externas. É todo um recurso de reação ou falta dela. Segundo Zanatta (1999 apud, Freud, 1976, p.119)
descreve a resposta coletiva-individual: “A resposta imediata e mais
certa é que ela consiste em certas disposições [inatas], características de
todos os organismos vivos: isto é, na capacidade e tendência de ingressar em
linhas específicas de desenvolvimento e de reagir, de maneira específica, a
certas excitações, impressões e estímulos... elas representam o que
identificamos como sendo o fator constitucional dos indivíduos”. Hahnemann descreve no parágrafo 73 do Organon, em
que descreve sobre os tipos de doenças que atacam os homens, as individuais,
as esporádicas e as epidêmicas. “...próximos a estas, estão aquelas que atacam
epidemicamente muitas pessoas por semelhantes causas e com padecimentos muito
semelhantes, habitualmente se tornando contagiosas quando envolvem massas
humanas compactas... As calamidades da guerra, as inundações e a fome, não
raro as provocam e são sua origem”. (Hahnemann, 2001, p.124).
As modificações climáticas e ambientais, as emoções, os agentes bacterianos,
virais são forças dinâmicas que atuam como noxas capazes de adoecer o
indivíduo somente quando este for sensível ou predisposto. Então, noxa
significa um estímulo desencadeante, o agente que atinge o indivíduo
suscetível. Noxa vem do latim que significa dano, algo injurioso ou danoso à
saúde ou à moral.
Quando uma população é atingida por uma ou mais noxas coletivas, cada
individuo irá reagir de acordo com seu potencial genético e sua
suscetibilidade.
Na introdução deste trabalho discutíamos a questão de reaparecimento de
doenças controladas ou mesmo que não tinham mais casos registrados há muitos
anos e que retornam de forma epidêmica. A população de nosso país atualmente
enfrenta noxa coletiva da violência urbana, a descrença nos representantes
políticos e conseqüentemente nas instituições políticos diante de escândalos
constantes e diários. Além da manutenção das diferenças sociais e
distribuição de renda. São inúmeros os fatores que podem atingir um grupo de
pessoas e atuar como noxa coletiva.
A predisposição é a tendência de estar disposto com antecedência e envolve
fatores hereditários que fazem parte do genótipo de cada indivíduo. E o termo
idiossincrasia é a predisposição mórbida exagerada, uma sensibilidade
exagerada do organismo ou do ser a determinados estímulos. Revisão bibliográfica Hahnemann Em torno de 1794 , na Vila
Karstadt, durante uma epidemia de sarna Hahnemann estudou
os casos que atendia, e encontrou que os sintomas oscilavam entre os
medicamentos calcarea carbônica e sulphur, então teve a idéia de fazer uma
combinação entre os dois remédios com grande êxito na cura dos casos. Deu
também instruções sobre os cuidados de higiene e da profilaxia dos habitantes
daquele lugar a fim de evitarem a enfermidade. Mais tarde experimentou nele
próprio e em alguns médicos seus colaboradores esta combinação entre os dois
medicamentos surgindo então o novo medicamento chamado Hepar sulphuris
calcareum. Em Escritos Menores, Alguns
Tipos de Febres Continuas e Remitentes. Publicado em 1797 no Diário de
Medicina Prática de Hufeland. Hahnemann discute a grande variedade de febres
esporádicas e epidêmicas. A primeira descrição de uma febre contínua em
janeiro de 1797, que acometia a população infantil. Descreve os seguintes
sintomas: pele quente, calafrios contínuos, grande lassidão e memória
debilitada. Além de respiração curta (difícil) e espasmódica, tosse
opressiva, urina escura com sedimento roxo, vômitos, suor frio. Experimentou
China officinalis e arnica, sem bons resultados. Ignatia amara (fava de santo
Ignácio) foi o medicamento que Hahnemann teve bons resultados.
O segundo relato foi de março de 1797, de febre que afetou em maior número
crianças, mas um menor número de casos em adultos. Opium foi à medicação que
atuou bem nos pacientes. Um terceiro relato foi sobre
uma gripe ocorrida em abril de 1797. Segundo ele o quadro clínico era
totalmente diferente da epidemia ocorrida cinco anos antes. A epidemia de 1782, a quarta
parte dos habitantes apresentaram uma febre reumático-catarral por sete dias.
Todos os casos tinham o mesmo grau de intensidade dos sintomas, apenas
correndo maior risco as pessoas debilitadas. Na epidemia de 1797, noventa por
cento da população teve uma gripe leve sem maiores riscos, e dez por cento
dos casos apresentaram febre e risco real. Hahnemann classificou os casos
pela gravidade, mas experimentou cânfora, em todos os casos, sendo este o
gênio medicamentoso desta epidemia de gripe. Descreve com detalhes os
sintomas apresentados e observa que no caso da gripe, mesmo as pessoas
que apresentam doenças crônicas são acometidas por ela, mascarando os
sintomas das doenças crônicas. Hahnemann testemunhou uma
severa epidemia de escarlatina e conhecendo o poder de belladona de produzir
um estado similar ao primeiro estágio da escarlatina, utilizou-a, com grande
sucesso, nesse período da doença e viu que não era apenas um curativo, mas um
remédio preventivo para aquela doença. Numa família de quatro crianças, três
foram acometidas pela doença, somente uma que já tomava belladona por causa de
uma afecção em articulação dos dedos, não foi atingida pela doença. Depois
testou a medicação em outra família com oito crianças, onde três foram
acometidas pela epidemia, e de imediato, prescreveu as demais crianças também
belladona em pequenas doses e , como esperava, todas as cinco crianças não
foram atingidas pela doença, apesar do contínuo contato com os doentes. Somente belladona podia
satisfazer a maior parte das indicações desta enfermidade ao determinar ela
mesma, entre seus efeitos primitivos, um abatimento taciturno, um olhar
apagado e fixo, uma grande abertura da palpebral, obscurecimento da visão,
frio e palidez facial, ausência de sede, pulso pequeno e duro, taquicardia,
impossibilidade de mover as extremidades que estão quase paralisadas, dificuldade
de engolir com batidas a nível da parótida e cefaléias compressivas, dores
constritivas em baixo ventre que se tornam intoleráveis quando abandona a
postura de dobrar-se em dois, frio e calor por partes excluindo outra, por
exemplo a cabeça e os braços.( Hahnemann, Escritos Menores – Enciclopédia
Radar)
No ano de 1831, o cólera invadiu a Alemanha, Hahnemann descobriu de imediato
os medicamentos mais semelhantes a aquela epidemia de cólera e redigiu
orientações a serem impressas a população, de modo que por ocasião da invasão
da epidemia, os médicos homeopatas já estavam preparados para o tratamento e
a profilaxia da doença, indicando como simillimum do mal o Cuprum metalicum.
E assim muitas vidas foram salvas. O resultados publicados:
Total de doentes tratados com o método homeopático: 1270
Curados: 1162 (91,5%)
Óbitos: 108 (8,5%)
A taxa de mortalidade, entre os doentes tratados pelos métodos alopáticos foi
de 50% a 60% dos casos. AIDS/SIDA
Em 1981 os primeiros casos da doença foram relatados, quase todos os casos
eram de homens jovens e homossexuais, mais tarde surgiram casos em
heterossexuais e por transfusão sanguínea de indivíduos infectados para não
infectados. A Síndrome
da Imunodeficiência adquirida que ocorre pela infecção do vírus HIV alterou
profundamente a sociedade e a prática médica atual. Este vírus tem a função
de desarmar o sistema imune do hospedeiro, atingindo o sub-grupo
auxiliar-indutor de linfócitos (CD4), que age como coordenando central das
funções imunes. A doença então é considerada uma doença do sistema imune,
caracterizada pela redução progressiva dos linfócitos CD4.
O trabalho que analisaremos sobre esta doença ou sobre o grupo de doentes
estudados é de 1985, cujo autor Vijnosvsky, Bernardo, sob o título, A SIDA e
a Homeopatia.
O autor inicia o trabalho descrevendo a aparição desta nova enfermidde que
atingia o sistema imunológico e separando as pessoas em três: os de doentes,
de infectados e não portadores mas com grande possibilidade de infecção.
Relata que os grupos humanos que tinham maior risco eram homossexuais, os
drogaditos e hemofílicos e que havia somente seis anos que havia sido
descrito os primeiros casos.
Discute como a homeopatia poderia colaborar para o tratamento destes doentes
, qual seria o gênio epidêmico desta enfermidade infecciosa, já que esta
diferia das doenças epidêmicas agudas que eram doenças geralmente febris
que atingiam uma grande parcela da população de uma só vez.
Analisando os seguintes sintomas: cansaço contínuo, febrículas prolongadas,
suores noturnos, emagrecimento, diarréias, adenopatias, aftas na boca e
leucopenia. As feridas demoravam a se curar, como a rubrica repertorial para
expressar a imunodeficiência da doença.
Os resultados foram Arsenicum álbum, Sulphur, Nitric acidum, Phosphorus,
Carbo vegetalis, Lycopodium, Calcarea carbônica e Muriaticum acidum. Todos
cobriam os oito sintomas selecionados. Todos eram policrestos exceto
Muriaticum acidum, fato que chamou a atenção do autor. E tira a conclusão que
os homeopatas não são desprovidos de armas eficazes para enfrentar
enfermidades novas ou já conhecidas que acometem grupos populacionais. Cólera
O cólera é uma enfermidade infecciosa, em forma de diarréia aguda causada
pela enterotoxina do Vibrio Cholerae instalada no intestino
delgado. O cólera asiático foi descrita
desde o tempo de Hipócrates. Em 1629 já era relatada pelos viajantes, em 1817
começou na Índia a primeira grande epidemia que se espalhou para China e de
1827 chega a Europa.
Em 1831, Hahnemann escreve vários trabalhos sobre o tratamento do cólera,
utilizando no início do tratamento e também como preventivo a Cânfora
porque nesta epidemia os sintomas mais freqüentes eram cãibras, prostração,
dificuldade de se manter em pé, face e mãos cianóticos e frios,
sensação de queimação no esôfago e estomago, ausência de sede, vômitos e
diarréia.
Após esta fase inicial utilizava dependendo dos sintomas, Cuprum, Veratrum
álbum, Bryonia ou Rhus toxicodendrom, Phosphorus e Phosphoricum acidum.
Durante as diversas epidemias os resultados entre o tratamento homeopático
e alopático foram evidentes a favor da homeopatia.
Em 1836, a homeopatia estava proibida em Viena. Durante esta epidemia de
cólera puderam fazer o uso de medicamentos homeopáticos em ambiente
hospitalar e os resultados foram favoráveis para o tratamento homeopático e
em conseqüência disto a proibição da homeopatia foi derrubada. Dois terços
dos pacientes tratados com homeopatia se curaram e com tratamento
alopático dois terços morreram.
Na epidemia em toda Europa em 1854, 51,4% dos enfermos evoluíram para óbito
(462.481 óbitos no total de 901.413 casos da doença), enquanto dos 16.884
enfermos tratados com a homeopatia, morreram apenas 1.896 doentes. Nesta
época, o Hospital Homeopático de Londres, a mortalidade dos casos tratados
com homeopatia foi de 11,2 % e entre os pacientes tratados com alopatia foi
de 54%.
Em 1936, o Dr. Joaquim Duarte Murtinho, edita um trabalho que fala sobre o
gênio medicamentoso da epidemia de cólera em Corumbá, Mato Grosso, indicando
Cânfora, Ricinus communis, Ipecacuanha, Tartarus emeticus, Phosphoricum
acidum, Íris versicolor, Veratrum álbum, Arsenicum, Cuprum metallicum, entre
outros medicamentos.
Em 1991, em Quito, Equador, foi realizado um estudo com o título O cólera
epidêmico e a homeopatia, onde os sintomas mais freqüentes foram cãibras
intensas nos braços e pernas, diarréia aquosa como água de arroz e
vômito bilioso no início e depois vômitos fecalóides. Grande
debilidade,cefaléia, pele seca, e enrugada, sede intensa e vômitos após beber
água, olhos fundos, edema e colapso, extremidades frias.
Os sintomas que individualizavam esta epidemia eram diarréia muito quente com
pele fria, calafrios e calor interno, voz baixa, afonia, sensação de ouvidos
tampados, inquietude interna e sensação de morte iminente.
Os medicamentos que cobriam a totalidade dos sintomas era Arsenicum álbum,
Phosphorus, Pulsatilla, Mercurius solubilis, Nux vômica, Sulphur, Veratrum
álbum, Secale, Carbo vegetalis, Camphora. Conjuntivites
A inflamação da conjuntiva é chamada de conjuntivite,
e é uma das doenças oculares mais comuns. As conjuntivites
podem ocorrer quando alguns dos mecanismos de proteção falham, permitindo com
que ocorra a proliferação na conjuntiva de bactérias, vírus ou fungos, por
exemplo. Além disso, vários outros fatores podem desencadear uma
conjuntivite, como: infecções parasitárias, alergias, produtos químicos,
drogas, medicamentos, doenças sistêmicas, além das conjuntivites de etiologia
desconhecida.
O primeiro trabalho sobre conjuntivites que iremos analisar é um estudo duplo
cego avaliando o uso de Euphrasia 30c ou placebo na prevenção das
ceratoconjuntivites durante uma epidemia ocorrida em Pittsburg, USA.
A escolha de Euphrasia nesta epidemia não foi baseada na totalidade
sintomática, mas sim através do gênio epidêmico de epidemias anteriores de
conjuntivite e de sarampo.
Este estudo foi do tipo duplo cego randomizado, composto de dois grupos
de escolares de 4 a 15 anos. O primeiro grupo tinha 658 pacientes que usaram
Euphrasia 30c profilaticamente por 3 dias sucessivos. O grupo controle era
composto de 648 participantes que usaram placebo. Os sintomas foram avaliados
segundo uma pontuação, entre eles foram: Sensação de queimação nos olhos,
pontuação = 1; Olhos vermelhos, pontuação = 1; Edema palpebral, pontuação = 1; Hemorragia subconjuntiva,
pontuação = 3; Fotofobia acompanhada de olhos
vermelhos ou hemorragia subconjuntival = 3. Os resultados não tiveram
significância estatística, não houve diferença na incidência e na gravidade
da doença entre o grupo experimental e o grupo controle. Dos 658 pacientes do
grupo experimental 48 (7,3%) pacientes desenvolveram de conjuntivite e dos 648
pacientes do grupo controle 43 (6,6%) desenvolveram a doença.
A base principal para se atingir o gênio epidêmico de uma epidemia é a
valorização dos sintomas que individualizam aquela epidemia e neste estudo
esta avaliação não foi feita. Apesar de ter sido um estudo duplo cego não
houve a busca do gênio epidêmico e sim foi testada a eficácia de um
medicamento para conjuntivite, nos moldes alopáticos. Mas o trabalho tem valor como
protocolo para outros estudos do gênio epidêmico, apenas deverá ser
investigados os sintomas patognomônicos e aqueles que individualizam aquela
epidemia. O segundo trabalho vem de Cuba,
em 1995, uma epidemia de ceratoconjuntivite epidêmica (conjuntivite
hemorrágica). A amostra foi de 108 pacientes, distribuídos aleatoriamente
para tratamento homeopático e e o grupo controle fez tratamento alopático. Os sintomas foram anotados em
ficha epidemiológica assim como os sinais do exame físico, anotando as
modalidades características da dor ocular, das secreções, lágrima, edema
palpebral e sintomas extra oculares com suas agravações e melhoras. Pela repertorização o
medicamento mais importante era Pulsatilla. Outros medicamentos com resposta
parciais foram Mercurius solubilis e Euphrasia. Foi utilizado Pulsatilla 6
CH, pelo método plus a cada duas ou três horas, com maior espaçamento entre
as doses segundo o grau de melhoria de cada paciente. O critério de melhora
foi o desaparecimento dos sintomas como dor, lacrimejamento, edema palpebral
e secreção ocular, mesmo que persistisse a hemorragia. Nos casos em que houve
persistência dos sintomas, sem melhora por 72 horas ou aparecimento de novos
sintomas foram tratados individualmente após nova repertorização. Dos 138 casos, 30 foram
excluídos por falta de seguimento ou por uso de medicação alopática. O total
de pacientes acompanhados caiu para 58 casos com tratamento homeopático e 50
com tratamento alopático. A distribuição por faixa etária foi 51,9% entre 15
e 44 anos, 22,2% menor de 15 anos, 8,3% entre 45 e 60 anos e com mais de 60
anos 17,6%. A distribuição por sexo foi 41,7% do sexo masculino e 58,3% do
sexo feminino. Entre os casos 77,8 % não tinham antecedentes de enfermidade
ocular. Os sintomas foram modalizados e distribuídos percentualmente. Os
resultados estão apresentados na tabela abaixo: Evolução segundo a terapêutica
utilizada Consulta Municipal Homeopática.
Outubro – novembro de 1993
Fonte: Revista Homeopatia do
México – Terapêutica Homeopática na queratoconjuntivite epidêmica
Houve uma diferença significativa p=0,999, demonstrando que o tratamento homeopático
foi estatisticamente mais eficaz que o alopático na melhora dos
sintomas em menos de 72 horas, nesta epidemia de queratoconjuntivite.
Este trabalho é o mais indicado para servir de modelo para futuros estudos
sobre o gênio epidêmico. Dengue
É uma doença causada por um flavivírus, RNA, com quatro subtipos: 1,2, 3 e 4,
tem distribuição mundial.
O primeiro trabalho que analisaremos é um trabalho de meta-análise que foi
publicado no ano 2000 na revista Homeopatia, volume 65, em que foi realizado
um estudo do quadro clínico da dengue de três publicações e as
repertorizações foram feitas em busca dos medicamentos que surgem com maior
freqüência nestes trabalhos.
A primeira repertorização feita à partir da classificação da
Organização Mundial de Saúde foram escolhidos os seguintes sintomas
repertoriais: 1. Febre - intenso calor febril, 2. Generalidades – debilidade, febre durante, 3. Generalidades – dor, quebrado, como se os
ossos estivessem, 4. Cabeça – dor, calor febril durante, 5. Cabeça – dor, estendendo-se aos olhos, 6. Extremidades – dor, febre Durant, 7. Estômago – náuseas, febre durante, 8. Estômago – vômitos, calor febril durante, 9. Costas – dor, febre durante.
As medicações que cobriram a maior parte dos sintomas e mais pontuadas foram:
Natrium muriaticum (9/20), Arsenicum álbum (8/15), Pulsatilla (8/15),
Eupatorium perfoliatum (7/18), Bryonia (7/14), Nux vomica (7/14), Rhus
toxicodendron (7/13), Lycopodium (7/11), Belladona ( 6/13), Ignatia (6/10).
Outra análise de três trabalhos que descreviam os sintomas da dengue os
sintomas que coincidiam foram: 1. Febre - intenso calor febril, 2. Generalidades – debilidade, febre durante, 3. Cabeça – dor, calor febril durante, 4. Estômago – vômitos, calor febril durante, 5. Costas – dor, febre durante.
As medicações repertorizadas foram: Natrium muriaticum (5/13), Arsenicum
álbum (5/11), Pulsatilla (5/10), Lycopodium (5/8), Eupatorium perfoliatum
(4/10), Rhus toxicodendron (4/9), Belladona ( 4/9), Nux vomica (4/8), Bryonia
(4/7), Ignatia (4/6).
As conclusões que o autor chega é de que tantos os trabalhos sobre a dengue,
feito por homeopatas e não homeopatas, tem se buscado os sintomas da doença e
não os sintomas dos doentes. Também que a coincidência dos sintomas em todos
os trabalhos faz com que as medicações homeopáticas sejam as mesmas.
Recomenda Natrium muriaticum como medicação preventiva em epidemias ou surtos
de dengue.
O segundo trabalho trata de uma repertorização dos possíveis sintomas pelo
quadro clinico da dengue e não um estudo de casos da dengue. O autor
seleciona 20 medicamentos e faz uma discussão sobre os mesmos. As
medicações descritas foram; Bry, Rhus-t, Nat-m, Sulph, Merc, Ars,
Bell, Thuya, Phosp, Puls, Calc, Caust, Nux-v, Lyc, Aço, Com, Fer, Nit-ac,
Chin, Lach. É um
trabalho que não traz muitas novidades, pois não apresenta nenhuma
caracterização de uma epidemia para se buscar o gênio epidêmico. Ebola Segundo a definição do CDC
(Centers for Disease Control and Prevention U.S. Department of Health and
Human Services), a febre hemorrágica Ebola é uma doença severa com freqüentes
casos fatais em humanos e primatas, que surge esporadicamente desde seu
conhecimento em 1976. Seu agente etiológico é um filovírus. Os sintomas
se caracterizam por febre, dor de cabeça intensa, astenia, mialgias, seguidos
de vômitos, dor abdominal, diarréia, faringite, conjuntivite, hemorragias. A
transmissão se faz de pessoa a pessoa e os sintomas aparecem entre dois dias
há duas semanas após o contato com um doente. O vírus é detectado em todas as
secreções do doente, pode ser transmitido também pelo contato sexual ou por
meio de seringas não esterilizadas. A taxa de mortalidade está em torno
de 60 a 88% dos casos. O diagnóstico é feito pelo método ELISA, detectando
antígenos e anticorpos específicos.
Em 2001, na revista Gazeta Homeopática de Caracas foi publicado um trabalho
intitulado “A Homeopatia tem como enfrentar a infecção pelo vírus Ebola” cujo
autor Leonid Lucenko, descreve as fases da doença e o gênio epidêmico da
doença. Descreve que a primeira fase da doença é muito semelhante ao quadro
clínico da dengue e da gripe com os seguintes sintomas: febre, debilidade,
cefaléia intensa e mialgias. Foram repertorizados os seguintes sintomas,
debilidade com febre, febre com calafrios, cefaléia durante calafrios,
cefaléia durante o calor febril, dores nas extremidades durante calafrios, e
dores nos membros durante a febre. O resultado da repertorização foi
Arsenicum, Bryonia, Natrium muriaticum, Pulsatilla, Rhus toxicodendrom e
Sulphur. Descreve que na fase inicial da infecção pelo vírus ebola, o medico
deverá pensar em qualquer um destes remédios, mas principalmente em Ars. e
Rhus-tox.
Na segunda fase da doença o quadro se parece com o cólera, e foram
repertorizados os seguintes sintomas, vômitos e diarréia simultâneos, colapso
depois da diarréia, colapso depois de vômitos e febre durante os vômitos.
Aparecem Arsenicum e Veratrum álbum.
Na terceira fase da doença, foram escolhidos os sintomas, hemorragia
por orifícios do corpo, sangue não coagula, septicemia. O resultado da
repertorização foi Lachesis, Crotalus horridus, Bothrops lanceolatus e
Phosphorus.
Na fase da convalescença devido o emagrecimento, a falta de calor vital, dor
e ardores, transpiração fácil, apetite aumentado estariam indicados Psorinum,
Sulphur, Kali carbonicum, Natrium muriaticum e Tuberculinum.
Chega a conclusão de que o gênio epidêmico da infecção pelo vírus Ebola é
Arsenicum álbum.
O trabalho tem uma conotação de um estudo teórico sobre uma doença epidêmica,
mesmo que sua ocorrência tenha sido no Zaire e Sudão, mas discute que o risco
de se levar o vírus através de um individuo infectado no mundo moderno é
rápido, devido o encurtamento das grandes distâncias. Meningites Constam da história das
epidemias de meningite no Brasil, no ano de 1974, um relatório dos médicos
homeopatas da época, elucidando as autoridades sanitárias do país, sobre a
utilização de nosódio meningococcinum em Guaratinguetá, São Paulo. Os
resultados não foram divulgados neste relatório e não conseguimos obter o
trabalho. Mas fica registrado a experiência que pelo relatório obteve bons
resultados e tem até orientações técnicas e houve distribuição do nosódio
para os médicos homeopatas daquela reunião. Febre Tifóide
É uma doença bacteriana causada pela Salmonella typhi ,
caracterizada por febre prolongada, dor abdominal, diarréia, delírio, roséola
e esplenmegalia, algumas vezes com complicações como sangramento e perfuração
intestinal.
Atualmente a febre tifóide foi quase eliminada dos países desenvolvidos por
rede de esgoto apropriada e tratamento de água, sendo ainda comum em países
em desenvolvimento, girando em torno de 11 milhões de casos diagnósticas
anualmente. A transmissão ocorre por via fecal-oral e por alimentos
contaminados. O site da Homeoint.org.,
apresenta um trabalho do Dr. John Henry
Clarke intitulado, “A homeopatia explica, algumas estatísticas comparativas”.
As estatísticas do tratamento da febre tifóide no Hospital Homeopático e de
dois hospitais alopáticos de Melbourne, Austrália, de janeiro a março de
1889. É feita uma comparação entre o número de óbitos nos tratamentos
homeopáticos e alopáticos. A taxa de ocupação por leito no mesmo período
entre os hospitais de 2 a 4 maior no hospital homeopático e risco de óbito
foi 2,5 a 2, 2 vezes menor com o tratamento homeopático.
Melbourne Hospital de Homoeopathic, Estrada de St
Kilda (1885-1934), que mais tarde se tornou Hospital do Príncipe Henry. Hantavirose Foi registrado pelo Núcleo de
Endemias da Diretoria de Vigilância Epidemiológica – SVS – Secretaria de
Saúde do Distrito Federal, em 2004 no Distrito Federal, trinta e
oito casos de hantavirose. Com o objetivo de tentar aplicar a parte da
metodologia do gênio epidêmico buscou-se levantar os sintomas destes
casos de hantavirose através de fichas de investigação epidemiológica, e da
cópia dos prontuários. Os instrumentos de coleta dos
dados não foram adequados para este tipo de investigação em busca do gênio
epidêmico, já que os sintomas registrados em prontuários e as fichas de
investigação epidemiológica tem como objetivo identificar sintomas patognomônicos
e de risco sem se preocuparem com aspectos necessários para uma investigação
através do método homeopático. O método ideal de coleta seria o método
homeopático, em que os sintomas são modalizados procurando-se o que há de
peculiar e característico nos casos referentes a aquele surto. A infecção humana causada pelo
hantavírus apresenta diferentes formas clínicas, que vai desde uma doença
febril aguda até quadros pulmonares e cardiovasculares, às vezes como uma
febre hemorrágica com comprometimento renal. Nas Américas a forma clínica
mais prevalente é a Síndrome Cardiopulmonar. Os roedores silvestres são
reservatório natural do hantavírus. O modo de infecção é através de inalação
de aerossóis, formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores reservatórios
de hantavírus. A doença manifesta-se por uma
fase febril, prodrômica, onde se observa febre, tosse seca, mialgia, descrita
na região dorso-lombar, dor abdominal, náuseas, vômitos, astenia e cefaléia
intensa, com duração de 3 a 4 dias, podendo ou não evoluir para fase
cardiopulmonar. A fase cardiopulmonar caracteriza-se por insuficiência
respiratória aguda com choque circulatório, há presença de infiltrado
intersticial nos campos pulmonares com ou sem presença de derrame pleural. A
fase diurética apresenta poliúria que se caracteriza por eliminação rápida de
liquido acumulado no espaço extra-vascular, resolução da febre e do choque. A
fase de convalescença que dura até duas semanas com recuperação lenta das
alterações hemodinâmicas e da função respiratória. A febre hemorrágica com
síndrome renal pode evoluir por quatro semanas e apresentar além dos sintomas
já descritos petéquias, rubor facial hemorragias conjuntival, hipotensão,
taquicardia, oligúria, hemorragias severas. Em maio de 2004 teve inicio um
surto de hantavirose no Distrito Federal, foram registrados de maio a dezembro de 2004, 38
casos de hantavirose no Distrito Federal, residentes no DF e cidades do
entorno. Destes 20 casos evoluíram para o óbito, uma letalidade de 52,6%. Os
doentes evoluíram rapidamente para insuficiência respiratório e
descompensação cardiovascular. A forma cardiopulmonar foi à forma prevalente.
Encontram-se em autopsias derrame pleural e edema pulmonar. A freqüência dos sintomas entre
os 38 casos foi assim distribuída:
Observamos de interessante em
uma parte dos casos a presença de infiltrado pulmonar intersticial difusa com
tosse seca, dispnéia e sede intensa. Os sintomas escolhidos foram os
seguintes: Classificar os sintomas: GENERALIDADES - PULSO -
imperceptível TÓRAX - EDEMA pulmonar GENERALIDADES - CIANOSE GENERALIDADES - DOR - músculos,
nos GENERALIDADES - FRAQUEZA FEBRE - CONTÍNUA, febre TOSSE - SECA ESTÔMAGO - NÁUSEA ESTÔMAGO - VÔMITO TÓRAX - INFLAMAÇÃO - Pulmões ESTÔMAGO - SÊDE - insaciável A repertorização, pela
cobertura dos sintomas temos, os seguintes medicamentos: ars, ,
verat, am-c, crot-h, hyos, lach, merc,op, phosp, puls.
Arsenicum album: é
indispensável à agitação física e mental, com ansiedade intensa, fraqueza,
frieza no corpo e sede de pequenas quantidades de água e medo da morte. Em
casos de gastroenterite aguda apresentam dores gástricas e abdominais ardentes,
vômitos violentos. Tosse seca, dilacerante, com escarros pouco abundantes e
espumosos, fôlego curto, dificuldade
respiratória, engasgos, dispnéia e ataques de sufocação, algumas vezes com
suor frio, constrição espasmódica do tórax ou da laringe, angústia, grande
fraqueza, frio no corpo, dor na boca do estômago e tosse paroxística. Os sofrimentos ocorrem principalmente ao
anoitecer, na cama, à noite quando deitado; no tempo ventoso, frio e fresco,
ou no calor de um aposento; ou estando agasalhado, fatigado ou irado, ao
caminhar, ao mover-se, e mesmo ao rir. Respiração ansiosa, estertorosa e
ruidosa.
Veratrum album: É um
dos medicamentos que se assemelham muito ao quadro clinico da hantavirose que
evolui rapidamente para um estado de colapso com resfriamento extremo,
cianose de extremidades, prostração rápida, acompanhando-se de vômitos
violentos e abundantes. Tosse cavernosa, em longos acessos, com eructações
dor no abdome. A tosse piora em um quarto quente, após ter bebido água fria.
Sensação de contrição no peito, palpitações e ansiedades. Pulso rápido, fraco
e irregular. Prostração completa e rápida diminuição da vitalidade,
principalmente depois de vomitar ou da diarréia e na cólera. Vômitos copiosos
e náusea; agravada por beber e pelo menor movimento. Sede de água fria ,mas é
vomitada logo que é engolida.
Ammonium carbonicum apresenta grande prostração, estados de
colapso. Intensa fraqueza e falta de reação ou reação lenta. Tendência a
hemorragias de sangue escuro, dispnéia e opressão com palpitações, piora ao
menor esforço. Tosse irritante, seca, incessante, edema agudo de pulmão.
Ammonium carbonicum afeta muito freqüentemente as mucosas dos órgãos
respiratórios. Margaret Tyler, em Retratos dos Medicamentos Homeopáticos
descreve que “Ammonium carbonicum é um medicamento de condições severas, até
mesmo desesperadoras”.
Ammonium carbonicum é descrito nas Matérias Médicas Clinicas como um
medicamento que tem um grande estado exaustão, afeta o coração e pulmões.
Usado pelos médicos antigos em pneumonias. Segundo Kent, Ammonium carbonicum
apresenta um estado análogo ao envenenamento sanguíneo.
Crotalus horridus: apresenta prostração profunda, hemorragia por todos os orifícios. Kent
diz: “Crotalus está indicado nas doenças mais graves, do tipo
pútrido,, que surgem numa rapidez incomum, chegando ao estado infeccioso em
muito pouco tempo”. Insaciável sede queimante. Eructações cáusticas, ácidas,
rançosas. Náusea ao movimento, vômitos biliosos. Vômito verde-escuro,
imediatamente após deitar do lado direito ou de costas. Vômito preto.
Freqüente queda e desfalecimento, sensação de fome no epigástrio com tremores
e sensação de uma vibração que desce. Necessidade de estimulantes. Dor
angustiante, inquietude, sensação de frio, pulso fraco. Não pode tolerar
roupas em torno do estômago e hipocôndrio. Hematêmese, sangue não coagula.
Hyoscyamus niger: Vômitos com convulsões;
hematêmese; câimbras violentas, aliviadas vomitando; ardência no estômago;
epigástrio sensível. Períodos de sufocação. Espasmo, forçando a inclinar-se
para a frente. Tosse seca ,espasmódica de noite ( piora deitando,
melhora sentando na cama), devido a coceira na garganta, como se a úvula
fosse comprida demais. Hemoptise. Fala de uma maneira incoerente, sem
sentido, balbuciando, trocando de um tema para outro, dizendo coisas
ridículas apressadamente e com voz, às vezes, tipo ébria. Medo de ser
envenenado. Lachesis: Prostração
mental e física, irritabilidade, deseja falar o tempo todo, grande
sensibilidade do estomago que fica dolorido ao toque, sensação de sufocação
pior estando deitado, procura sair do leito e ir para uma janela. Tosse seca
e dilacerante, durante o sono, com perturbações cardíacas. Mercurius: sede intensa, piora noturna,
suores profusos. Tosse com ânsias, vômitos e asfixias. Dor no tórax ao
tossir, como se fosse estourar, pontadas no tórax ao tossir, espirrar e
respirar. Dispnéia ao menor esforço. Opium: todos os transtornos
acompanhados de grande estupor, não sente dor, não sofre nada, não se queixa
de nada e não pede nada. Respiração estertorosa. Dor precordial com grande
ansiedade, tosse seca violenta, pior a noite, depois de descansar, ao
engolir, ao suspirar. Tremores nas extremidades. Medicação importante para
transtornos após susto. Phosphorus: Ação profunda sobre o sangue
e sistema nervoso. Prostração profunda com irritabilidade. Agitação continua,
nunca está tranqüilo, sede inextinguível por água fria que é imediatamente
rejeitada quando aquecida no estomago. Náuseas que pioram ao beber água
gelada, vômitos a todo instante. Sensação de vazio no estomago. Tosse com
sensação de opressão considerável, sensação de aperto no peito e dores
ardentes. Deve sentar-se em seu leito para expectorar. Palpitações com grande
ansiedade. Tendência a hemorragias. Pulsatilla: as dores são erráticas,
passando rapidamente de um lugar para o outro. Aversão ao calor e desejo de
ar frio. A tosse seca à noite ou à tarde, após estar deitado, obrigando o
doente a sentar-se para obter alívio, reaparecendo quando o doente torna a
deitar-se. Palpitações estando deitado do lado esquerdo. Estases venosas,
retardamento da circulação de retorno.
Não foi possível através desta breve análise individualizar, encontrart o que
havia de característico neste surto de hantavirose, pela dificuldade de
encontrar o que há de peculiar e característico nestes trinta e oito casos de
hantavirose. Mas podemos concluir que para a busca do gênio epidêmico será
necessário desenvolver formulários de coleta de dados adequados e consulta
homeopática com os enfermos para encontrarmos o que há de característico e
peculiar em cada caso e assim individualizarmos aquele surto ou epidemia. Na
lição XXXII em Filosofia Homeopática, Kent descreve: “Uma verdadeira prescrição
homeopática não pode basear-se na patologia ou na anatomia patológica; pois
as experimentações nunca foram levadas a tais extremos. O que a patologia nos
dá são os resultados da doença e na a linguagem da natureza, que faz apelo ao
medico inteligente. O verdadeiro tema que se deve conhecer é a
sintomatologia. Ninguém, que só conhece a anatomia patológica e os sintomas
patognomônicos, será capaz de prescrever homeopaticamente. Além de habilidade
diagnóstica, o médico tem que possuir um conhecimento específico, isto é, ele
tem de conhecer a forma de expressão de cada uma e de todas as doenças.
Deverá saber exatamente como cada doença se expressa em linguagem, no aspecto
e nas sensações. Como exatamente cada remédio afeta a espécie humana na
memória, na inteligência e na vontade, pois em nenhuma outra área ele atua
tão poderosamente como sobre a mente...” (KENT,2002, p.255-256). Discussão Nossa primeira questionamento
para a realização deste estudo histórico da aplicação da homeopatia em surtos
e epidemias foi sobre um dos pilares da homeopatia, a indivualização.
Na homeopatia os sintomas gerais onde estão incluídos os sintomas mentais são
considerados os de mais alta hierarquia para a seleção do medicamento
homeopático. Porém apresenta valor incontestável um sintoma local bem
modalizado. Na maioria dos estudos de doenças epidêmicas que conseguimos
levantar vimos que os sintomas em sua grande maioria eram sintomas gerais
propriamente ditos e locais, modalizados, que não deixaram de representar o
que individualiza aquela doença epidêmica, ou seja, o gênio epidêmico,
compreendendo o nosso segundo questionamento, o entendimento de gênio
epidêmico.
Os critérios para a busca do gênio epidêmico nas doenças epidêmicas consiste
em primeiro lugar na observação dos sinais e sintomas da doença, anotando-os
e identificando através da repertorização o medicamento ou grupo de
medicamentos que mais se assemelham ao quadro ou que cobre a maioria dos
sintomas, ou seja, a totalidade sintomática.
Nos trabalhos analisados, no aspecto que se refere a prescrição do
medicamento homeopático quanto as potências e a repetição das doses somente o
protocolo sobre a epidemia de cólera no Peru de 1991 fala da repetição da
dose a cada 5 a 10 minutos, em potencias baixas, em torno da 7CH.
Esclarecendo que o espaçamento das tomadas aumenta o risco de recaídas.
Em nenhum destes trabalhos analisados foram descritos os sintomas mentais.
Estes trabalhos foram realizados na vigência do surto -Acreditamos que diante
de situações como as epidemias o objetivo principal foi o de salvar vidas e
trabalhar com os sinais e sintomas presentes nos casos de doença, sendo este
tipo de análise muito mais profunda e difícil de ser feita durante a
ocorrência de um surto ou epidemia.
O levantamento bibliográfico realizado demonstra a inquestionável efetividade
da homeopatia nas doenças epidêmicas, nos estudos ou levantamentos da
mortalidade em pacientes tratados pela homeopatia e alopatia.
Durante o estudo da hantavirose, observamos a dificuldade de encontrar
sintomas modalizados em formulários e prontuários, sendo necessário ao médico
homeopata estar junto a este paciente nos serviços de pronto-atendimento ou
vigilância epidemiológica, a fim de qualificar estes sintomas e desta forma
encontrar o gênio epidêmico da doença epidêmica, já que em cada
epidemia de uma mesma doença apresenta-se de forma diferente da
anterior. Conclusões A escolha do tema veio do
interesse de aplicar a homeopatia em situações inusitadas como a que
vivenciamos no Distrito Federal, em 2004, com um surto de hantavirose, em que
em torno de 52,6% dos casos evoluíram para o óbito. Nesta pequena excursão em
busca de trabalhos científicos que comprovam a aplicação da homeopatia em
epidemias, observamos a baixa produção de estudos sobre a utilização de
medicações homeopáticas em surtos e epidemias. A homeopatia junto ao serviço
público ainda é muito restrita a atendimentos ambulatoriais, e o homeopata em
sua grande maioria não trabalha em atendimento hospitalar e nem mesmo junto
aos serviços de Vigilância Epidemiológica e, portanto não atuam em situações
de epidemias, endemias ou surtos de determinados agravos á saúde.
Vimos em diversos trabalhos a efetividade da homeopatia, e principalmente a
chance de tratamento para doenças emergentes que não possuem tratamento, como
a hantavirose que vivenciamos ainda no Distrito Federal.
A homeopatia ainda está distante desta área de atuação do setor saúde,
e não podemos ficar como simples observadores, já que a terapêutica
homeopática muito pode acrescentar e contribuir para melhoria da qualidade do
atendimento e prognóstico dos casos em doenças epidêmicas e não epidêmicas. Novos estudos deveriam ser
realizados na vigência de surtos ou epidemias, colaborando não só na busca
dos medicamentos homeopáticos que correspondam ao gênio epidêmico, mas também
com o objetivo de desenvolver a metodologia para busca do gênio epidêmico,
dos instrumentos de coleta de dados, favorecendo a abordagem homeopática em
casos de surtos e epidemias. Este aprofundamento do estudo do gênio epidêmico
buscando também estudar as posologias, repetição de doses e os intervalos
mais adequados entre as doses. Referências bibliográficas
Monografias consultadas:
Martini, D.S ; Mota, J. Z;
Mota, J.L; Varejão, M. R.; Pasqual, M.C; Caetano; P.A.
Greghi, E. M. |
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