
Visão geral da medicina complementar e alternativa

MANUAL
MSD-VERSÃO PARA PROFISSIONAIS

Por Steven Novella, MD, Assistant Professor of
Neurology, Yale University School
of Medicine
Medicina complementar e
alternativa (MCA) engloba várias abordagens e tratamentos que historicamente
não foram contemplados pela medicina convencional ocidental.
Muitas vezes a MCA é considerada
a medicina que não se baseia nos princípios da medicina ocidental dominante. No
entanto, essa caracterização não é estritamente precisa.
Provavelmente, as principais diferenças
entre a MCA e a medicina tradicional dizem respeito a
- Validação científica (se cientificamente validada, as práticas são consideradas dominantes)
- A base de suas práticas (problema correlato)
A maioria das terapias MCA não
foi validada cientificamente, e esse padrão foi usado para diferenciar os dois
tipos de medicina. No entanto, o uso de alguns complementos nutricionais,
frequentemente incluídos na MCA, foi cientificamente validado e pode ser
considerado dominante. Algumas práticas da MCA são atualmente oferecidas em
hospitais e algumas vezes reembolsadas pela medicina suplementar, o que
dificulta a determinação dos limites entre a MCA e a medicina tradicional.
Algumas escolas tradicionais de medicina, incluindo 45 escolas de medicina da
América do Norte (Consortium of Academic Health Centers for Integrative
Medicine), fornecem educação sobre MCA e medicina integrativa.
A medicina tradicional pretende
basear suas práticas apenas nas melhores evidências científicas disponíveis. Em
comparação, a MCA tende a basear suas práticas na filosofia — algumas vezes
filosofias conflitantes e mesmo mutuamente exclusivas — e não depende de
padrões rigorosos baseados em evidências.


TERMOS DA
MCA
Vários termos diferentes são
usados nas práticas da MCA:
|
MCA = medicina complementar e
alternativa.
|
Até 38% dos adultos e 12% das
crianças utilizaram a MCA em algum momento, dependendo da definição da
MCA. National Health Interview
survey mais recente (2007) indica que as terapias MCA mais
comumente utilizadas são
- Terapia de manipulação para lombalgia (22%)
- Massagem (16%)
- Esquemas de exercícios, como ioga (6,5%), usados em vários tipos da MCA
- Acupuntura (6,5%)
O uso de outras terapias e
abordagens MCA permanece baixo: homeopatia (3,6%), naturopatia (1,5%) e cura
energética (1,7%). Uma enquete feita em 2006 survey informou que nos EUA 53% dos
adultos utilizavam pelo menos um complemento nutricional.
Como os pacientes se preocupam
com críticas, eles nem sempre fornecem voluntariamente informações aos médicos
sobre a utilização da MCA. Consequentemente, é muito importante que os médicos
perguntem especificamente sobre a utilização da MCA (incluindo o uso de
fitoterápicos e suplementos nutricionais) de forma aberta, sem julgar. Entender
como os pacientes usam a MCA pode:
- Fortalecer a relação e construir confiança
- Fornecer uma oportunidade de discutir as evidências sobre a MCA e sua plausibilidade e riscos.
- Às vezes é útil identificar e evitar interações potencialmente lesivas entre drogas e tratamentos MCA ou suplementos nutricionais.
- Monitorar a evolução do paciente
- Ajudar os pacientes a determinar se devem procurar profissionais específicos especializados ou diplomados em MCA
- Aprender com as experiências dos pacientes que usam MCA
Diferenças entre a medicina convencional e a alternativa
Fator
|
Medicina convencional
|
Medicina alternativa
|
Definição de saúde
|
Estado de bem-estar físico,
mental e social e a ausência de doença e outras alterações
|
Equilíbrio ótimo, resiliência e
integridade do corpo, da mente e do espírito e suas inter-relações
|
Definição de doença
|
Disfunção de órgãos, processos
bioquímicos desequilibrados ou sintomas indesejáveis
|
Sintomas e equilíbrio
individual: desequilíbrio corporal da mente e do espírito
|
Conceito de força vital
|
Processos de vida baseados nas
leis físicas conhecidas e que dizem respeito a eventos físicos e bioquímicos
|
Uma força não física,
inacessível cientificamente, que une mente e corpo, interconecta os seres
vivos e constitui a sustentação da saúde (muitas vezes chamada de vitalismo)
|
Compreensão da consciência
|
Resulta apenas de processos
físicos no cérebro
|
Não se localiza no cérebro,
pode exercer efeitos curativos no corpo
|
Método de tratamento
|
Qualquer intervenção baseada em
evidências, como medicamentos, cirurgia, radioterapia, tratamentos com
eletricidade, dispositivos médicos, fisioterapia, exercício e intervenções
nutricionais e de estilo de vida
|
Apoiar e fortalecer a
capacidade inata dos pacientes de se autocurarem
|
Confiança nas evidências
científicas
|
Confiança estrita nos
princípios consagrados das evidências científicas
|
Utilização flexível de
evidências científicas; em vez disso, tratamentos muitas vezes baseados na
tradição e/ou na corroboração de relatos informais
|
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Eficácia
Criou-se, em 1992, o Office of
Alternative Medicine dentro do National Institutes of Health (NIH), a fim de
pesquisar a eficácia e a segurança das terapias alternativas. Em 1998, essa
repartição deu origem ao National Center for Complementary and Alternative
Medicine (NCCAM) e, em 2015, ele se tornou o National Center for Complementary
and Integrative Health (NCCIH). Outros
setores do NIH (p. ex., National Cancer Institute) também subsidiam algumas
pesquisas em MCA. A revisão de 2009 da pesquisa financiada pela NCCAM constatou
que, nos primeiros 10 anos, a NCCAM investiu 2,5 bilhões de dólares em estudos
de terapias MCA sem fornecer evidências claras da eficácia para qualquer
terapia MCA.
Há três tipos de sustentação para
tratamentos com MCA:
- Eficácia dos resultados clínicos como mostrada em ensaios clínicos controlados (considerada a evidência mais forte de uso clínico)
- Evidência de mecanismo de ação fisiológico estabelecido (p. ex., modificação da atividade do ácido gama-aminobutírico no cérebro pela valeriana), embora evidências de um mecanismo de ação fisiológico validado não necessariamente indique eficácia em desfechos clínicos
- Uso por períodos que variam de décadas a séculos (o que se considera uma forma de evidência experimental e não confiável)
Informações substanciais sobre
MCA estão disponíveis em publicações com revisão por pares, revisões baseadas
em evidências e documentos de consensos de painéis de especialistas e livros
texto oficiais, muitas destas publicações foram feitas em outras línguas
diferentes do inglês (p. ex., alemão, chinês). Muitas terapias MCA foram estudadas
e consideradas ineficazes ou, na melhor das hipóteses, os estudos apresentaram
resultados contraditórios e inconsistentes. Algumas terapias MCA, em sua
maioria, não foram testadas em estudos clínicos definitivos. Os fatores que
limitam tal pesquisa incluem:
- A indústria não tem incentivo financeiro para subsidiar as pesquisas.
- Muitas vezes, a MCA não é praticada em uma cultura da medicina baseada em evidências.
- Os fabricantes de produtos de MCA não necessitam comprovar a eficácia doença-específica.
Assim, a Food and Drug
Administration (FDA), por força do Dietary Supplement Health and Education Act,
permite a propaganda de suplementos alimentares e uso de dispositivos de MCA,
mas restringe significativamente alegações de eficácia. Geralmente, os
fabricantes de suplementos alimentares podem declarar, sem ter de fornecer
evidências de segurança ou eficácia para a FDA, benefícios sobre estrutura e
funções corporais (p. ex., melhora da saúde cardiovascular), mas não podem
declarar benefícios para tratamento de doenças (p. ex., tratar hipertensão).
Pesquisas
O desenho de estudos de
tratamento por CAM apresenta desafios além dos enfrentados por pesquisadores de
tratamentos convencionais:
- Os tratamentos podem não ser padronizados. Por exemplo, há diferentes sistemas de acupuntura e o conteúdo e a atividades biológicas de extratos obtidos da mesma espécie de planta variam muito (identificação química e padronização de ingredientes ativos não são consideradas parte de MCA).
- Os diagnósticos podem não ser padronizados; o uso de vários tratamentos MCA (p. ex., medicina tradicional com ervas, homeopatia e acupuntura) baseia-se em características únicas do paciente, em vez de em uma doença ou distúrbio específico
- Duplo cego ou cego em geral é impossível. Por exemplo, pacientes não podem ser cegos em relação à participação em meditação. Os praticantes de Reiki não podem ser cegos sobre a utilização ou não de energia para cura.
- Os resultados são difíceis de padronizar, pois, em geral, são específicos para o indivíduo mais o do que objetivos e uniformes (como pressão arterial médica, concentração de Hb A1c e taxa de mortalidade).
- Placebos são difíceis de serem estabelecidos, pois a identificação do elemento efetivo de um tratamento por CAM pode ser difícil. Por exemplo, em uma massagem, o componente específico poderia ser o toque, a área específica do corpo que é massageada, a técnica de massagem que é utilizada ou o tempo gasto com o paciente.
Da perspectiva convencional de
pesquisa, o uso de controle com placebo é particularmente importante quando
resultados subjetivos (p. ex., dor, náuseas, indigestão) são utilizados e
quando doenças intermitentes, autolimitadas ou ambas (p. ex., cefaleias) sã
estudadas; esses conclusões e doenças em geral são alvos das terapias MCA.
Entretanto, os sistemas de MCA interpretam o efeito placebo como efeitos de
cura não específicos que se originam de interações terapêuticas e são
inseparáveis do tratamento. Na prática, o objetivo das terapias alternativas é
melhorar a qualidade do ambiente de cura e relação terapêutica e, assim,
otimizar a capacidade do paciente de autocura (resposta ao placebo), bem como
efeitos específicos do tratamento, o que dificulta a separação dos efeitos do
tratamento específico daqueles de algum placebo. Assim, estudar os componentes
efetivos de um tratamento MCA sem prejudicar a integridade do tratamento em um
ambiente de pesquisa permanece um desafio metodológico.
Essa interpretação do placebo é
controversa. Muitos estudos sugerem que os efeitos do placebo (p. ex., regressão
à média) são predominantemente subjetivos e estatísticos e não representam
nenhuma autocura significativa. Pesquisadores podem razoavelmente isolar
variáveis específicas de cada tratamento e determinar se essas variáveis
contribuem para a eficácia geral.
Apesar desses desafios, foram
projetados e realizados muitos estudos de alta qualidade das terapias MCA (p.
ex., acupuntura e homeopatia). Por exemplo, um dos estudos1 determinou
ser possível usar um duplo-cego na acupuntura quando um revestimento opaco contendo
um agulha penetrante ou não penetrante era usado. Outro estudo2 comparou
os efeitos da acupuntura (individualizada ou padronizada) aos da acupuntura
simulada usando um palito de dente em um guia de agulha (e o tratamento
habitual). Assim, usando placebos cuidadosamente projetados, os pesquisadores
podem isolar os efeitos de algumas terapias MCA da resposta clínica geral. Para
que terapias MCA sejam consideradas eficazes, as evidências devem mostrar que
são mais eficazes do que o placebo.
·
1Takakura N, Yajima H: A
placebo acupuncture needle with potential for double blinding—a validation
study. Acupunct
Med 26(4):224–230, 2008.
·
2Cherkin
DC, Sherman KJ, Avins AL, et al: A
randomized trial comparing acupuncture, simulated acupuncture, and usual care
for chronic low back pain. Arch Intern Med169(9):858–66, 2009.
Segurança
Embora a segurança da maioria das
técnicas de CAM não tenha sido clinicamente estudada, vários destes tratamentos
têm um bom registro de segurança. Vários tratamentos com MCA (p. ex., plantas
não tóxicas, técnicas de corpo e mente, como meditação e ioga e práticas
corporais como massagens) têm sido utilizados há milhares de anos e
aparentemente não têm potencial para efeitos lesivos. Entretanto, há algumas
considerações de segurança, incluindo as seguintes:
- Uso de uma abordagem alternativa para tratar uma doença com risco de vida, que pode ser tratada com eficácia de forma convencional (p. ex., meningite, cetoacidose diabética, leucemia aguda), talvez seja o maior risco da MCA, mais do que o risco direto pelo tratamento por MCA
- Toxicidade por certos preparados de ervas (p. ex., hepatoxicidade por alcaloides de pirrolizidina, Atractylis gummifera, chaparral, têucrio, tostão ou outros, nefrotoxicidade de Aristolochia, estimulação adrenérgica por efédra)
- Contaminação (p. ex., contaminação por metais pesados em certas preparações de ervas chinesas e ayurvédicas, contaminação de outros produtos como um PC-SPES e algumas ervas chinesas, com outras drogas)
- Interações entre tratamentos MCA (p. ex., botânicos, micronutrientes e outros suplementos alimentares) e outras drogas (p. ex., indução de enzimas do citocromo P-450 [CYP3A4] pela erva de São João, resultando em diminuição e atividade dos antirretrovirais, imunossupressores e outras drogas), particularmente quando a droga tem um índice terapêutico estreito
- Como ocorre em qualquer manipulação física do corpo (incluindo técnicas das principais correntes como fisioterapia), lesão (p. ex., lesão de nervo ou medula por manipulação da coluna em pacientes de risco, contusões em pacientes com distúrbios hemorrágicos)
Existem atualmente alertas
disponíveis sobre suplementos alimentares prejudiciais no site web da FDA (Safety Alerts and Advisories).
Historicamente, a FDA não regula rigidamente a produção de suplementos
alimentares. Entretanto, novos regulamentos da FDA tornam necessária adesão com
práticas de fabricação que garantam a qualidade e segurança dos suplementos.
Para ajudar a prevenir lesões
devido a manipulações físicas, os pacientes devem procurar praticantes de MCA que
se formaram em escolas reconhecidas e tem licença profissional. As taxas de
complicações são muito baixas quando a quiropraxia ou acupuntura são realizados
por indivíduos com credenciais completas.


·
Tipos de medicina
alternativa
Há cinco categorias da medicina alternativa geralmente reconhecidas:
O nome de várias terapias descreve apenas parcialmente seus componentes.
Sistemas médicos alternativos integrais
Os sistemas médicos alternativos são sistemas completos, com explicação
da doença, diagnóstico e tratamento. Eles incluem:
·
Ayurveda
A medicina de corpo e mente baseia-se na teoria de
que fatores mentais e emocionais regulam a saúde física por meio de um sistema
de conexões neuronais, hormonais e imunológicas interdependentes através do corpo.
Técnicas comportamentais, psicológicas, sociais e espirituais são utilizadas
para aumentar a capacidade mental de afetar o corpo e, assim, preservar a saúde
e prevenir ou curar doenças.
Em razão da abundância de evidências científicas
que corroboram os benefícios das técnicas de corpo e mente várias dessas
abordagens atualmente são consideradas centrais. Por exemplo, as técnicas a
seguir são utilizadas no tratamento de dor crônica, doença arterial
coronariana, cefaleias, insônia e incontinência, assim como auxiliares no
parto.
Essas técnicas também são usadas para ajudar os
pacientes a enfrentarem sintomas relacionados com doenças e tratamentos do
câncer e preparar os pacientes para cirurgia.
A eficácia das técnicas de corpo e mente em pacientes
com artrite, asma, hipertensão, dor ou zumbidos é menos clara.
Os benefícios do relaxamento são claros e têm base
científica; geralmente, as outras técnicas mente-corpo não tem nenhum benefício
específico comprovado além da promoção do relaxamento do paciente.

Tratamentos de base biológica
Práticas com bases biológicas usam substâncias
naturais que afetam a saúde. Essas práticas incluem:
·
Terapias biológicas
Terapias biológicas
As terapias biológicas usam substâncias que ocorrem
naturalmente em animais para tratar doenças. Essas substâncias incluem:
·
Cartilagem de tubarão para tratar câncer
·
S-adenosil-Imetionina (SAMe)
para tratar a depressão ou a osteoartrite
·
Glucosamina é utilizada para tratar osteoartrose

Métodos de manipulação e com
base corporal
Práticas de manipulação e baseadas no corpo
enfatizam primariamente estruturas e sistemas corporais (p. ex., ossos,
articulações e partes moles). Essas práticas baseiam-se na crença de que o
corpo pode se regular e se curar e que suas partes são interdependentes. Eles
incluem
Outras terapias menos conhecidas são utilizadas em várias
culturas. Eles incluem:
·
Ventosas
·
Raspagem/“scraping” (p. ex., moedas, colheres)
·
Moxabustão
Alguns destes tratamentos resultam em lesões que
podem ser confundidas com sinais de abusos em crianças. Acredita-se que estes
tratamentos estimulem a energia corporal e possibilitam que as toxinas saiam do
corpo. Mas nenhuma pesquisa comprovou sua eficácia.


VENTOSAS
Ventosas são utilizadas na medicina chinesa do
Oriente Médio, Ásia, América Latina e na Europa Oriental. A prática deriva de
tradições mais antigas da sangria, que ainda é utilizada em algumas culturas.
O ar no interior de um copo é aquecido, em geral,
utilizando uma bola de algodão embebida em álcool, depois inflamado. O copo
aquecido é imediatamente invertido e colocado na pele. O vácuo resultante
succiona parte da pele e pode ser deixado na posição por vários minutos.
Ventosas foram usadas para tratar bronquite, asma,
doenças digestivas e alguns tipos de dor.
As ventosas podem tornar a pele vermelha ou
queimar.
RASPAGEM
Raspagem envolve esfregar um objeto através da pele
lubrificada (com óleo ou molhada), geralmente nas costas, pescoço ou ombros.
Pode ser usada uma moeda ou uma colher.
Estes tratamentos são utilizados para tratar
resfriado comum, gripe, dor muscular, rigidez e outras doenças.
As moedas podem causar marcas vermelhas lineares e
as colheres resultam em equimoses.

MOXABUSTÃO
Erva moxa seca (artemísia) é queimada, geralmente,
logo acima, algumas vezes diretamente na pele, sobre pontos de acu- puntura. A
erva pode estar na forma de incenso.
Moxabustão é utilizada para tratar febre, problemas
digestivos e dor devido a lesões ou artrose.
Moxabustão pode causar queimaduras circulares (que
lembram as queimaduras por pontas de cigarros) e lesões vesicobolhosas.

Medicina energética
As terapias energéticas pretendem manipular os
campos de energia sutis (também denominados biocampos) que acredita existir
dentro e ao redor do corpo e, assim, afetar a saúde. Todas as terapias
energéticas se baseiam na crença de que uma força universal de vida (qi) ou
energia sutil exista no interior e ao redor do corpo (vitalismo).
Historicamente, a energia vital foi postulada para explicar processos
biológicos que ainda não eram compreendidos. Como o avanço da ciência, a
energia vital foi descartada como conceito desnecessário. Nenhuma evidência
científica corrobora a existência de uma energia universal (vital) da vida.
Terapias energéticas incluem:

·
Magnetos
·
Toque terapêutico (p.
ex., Reiki)
·
Qi gong externo
No qi gong externo, os mestres curandeiros usam a
energia de seu próprio biocampo para trazer a energia do paciente ao estado de
equilíbrio. Qi gong é utilizada na medicina chinesa tradicional.
Ayurveda
Ayurveda, o sistema médico tradicional da Índia,
originou-se há > 4.000 anos. Baseia-se na teoria
de que a doença resulta de um desequilíbrio da força de vida do corpo (prana).
O objetivo é restabelecer o equilíbrio no interior do corpo. O equilíbrio do
prana é determinado pelo equilíbrio de três qualidades corporais (doshas):
vata, pitta e kapha. A maioria dos indivíduos tem um dosha dominante e o
equilíbrio específico é único para cada indivíduo.
Evidências para
ayurveda
Há poucos estudos bem desenhados sobre as práticas
de ayurveda. O uso de combinações de ervas para aliviar sintomas em pacientes
com AR tem sido estudado. Uma revisão sistemática de 20051identificou ensaios
clínicos randomizados controlados que estudaram a eficácia das combinações de
ervas utilizadas na medicina ayurvédica para o tratamento da AR. Foram
identificados apenas alguns estudos de boa qualidade, mas as evidência
existentes não demonstraram eficácia para o tratamento da AR. O uso de medicina
ayurvédica para tratar diabetes está sendo estudado.
·
1Park J,
Ernst E: Ayurvedic medicine
for rheumatoid arthritis: a systematic review. Semin Arthritis
Rheum 34(5):705–13, 2005.
Usos para Ayurveda
Após determinar o equilíbrio dos doshas, o
terapeuta estabelece um tratamento especificamente adaptado a cada paciente.
Ayurveda utiliza ervas, massagem, ioga e eliminação terapêutica (panchakarma) —
tipicamente com enemas, massagens com óleos ou lavagem nasal — para
restabelecer o equilíbrio dentro do corpo e com a natureza.
Possíveis efeitos
adversos
Em algumas combinações de ervas utilizadas são
incluídos metais pesados (principalmente chumbo, mercúrio e arsênico), pois
acredita-se que tenham efeitos terapêuticos. Vários estudos1,2 descobriram
que cerca de 20% dos suplementos de ervas ayurvédicas estavam contaminados com
metais pesados em doses que, se tomados como indicado, poderiam causar
intoxicação; foram descritos casos3 de intoxicação por metais
pesados.
·
1Saper RB,
et al: Heavy metal content
of Ayurvedic herbal medicine products. JAMA 292(23):2868–73, 2004.
·
2Martena
MJ, Van Der Wielen JC, Rietjens IM, et al: Monitoring of mercury, arsenic, and lead in traditional Asian
herbal preparations on the Dutch market and estimation of associated
risks. Food Addit Contam Part A Chem Anal Control Expo Risk
Assess27(2):190–205, 2010.
Homeopatia
Desenvolvida na Alemanha no
final do século XVIII, a homeopatia é um sistema médico baseado no princípio de
que o semelhante cura o semelhante. Acredita-se que uma substância administrada
em grandes doses cause um conjunto de sintomas, podendo curar os mesmos
sintomas quando administrada em doses diminutas a inexistentes. Acredita-se que
as doses pequenas estimulem os mecanismos de cura do corpo.
Tratamentos são baseados em
características únicas dos pacientes, incluindo personalidade e estilo de vida,
assim como sintomas e saúde em geral. A homeopatia visa restaurar o fluxo da
energia vital inata do organismo (vitalismo); ela não se baseia em princípios
químicos ou fisiológicos.
Os remédios utilizados na
homeopatia são derivados de substâncias que ocorrem naturalmente, como extratos
de plantas e minerais. Concentrações extremamente baixas são preparadas de uma
maneira específica. Quanto mais diluído o medicamento homeopático, mais forte é
considerado. Várias soluções são tão diluídas que não contêm moléculas do
ingrediente “ativo”. Por exemplo, a dose de 30 C é diluída 1 para 100 em 30
diluições seriadas, o que resulta em uma diluição final de 1 x 1060.
Produtos homeopáticos estão
disponíveis, com ou sem prescrição.
Regulamentação da homeopatia
Diferentemente dos
suplementos alimentares e fitoterápicos, os medicamentos homeopáticos são
regulados pela FDA. Somente os medicamentos homeopáticos aprovados pela FDA
podem ser produzidos. Por haver muito pouco componente ativo após a diluição,
os ingredientes ativos são testados antes da diluição.
A FDA isenta os
medicamentos homeopáticos de várias exigências que existem para outros
medicamentos:
·
A identidade e força de cada ingrediente ativo não precisam ser
confirmadas por algum laboratório antes de o remédio ser distribuído.
·
Os fabricantes de produtos homeopáticos não necessitam fornecer
evidências de eficácia.
·
Os medicamentos homeopáticos são temporariamente isentos dos
limites pela quantidade de álcool (o diluente habitual) que possam conter.
Entretanto, é necessário
que no rótulo esteja listado o seguinte:
·
Fabricante
·
O rótulo “homeopático”
·
Pelo menos uma indicação
·
Instruções para utilização segura
·
A menos que especificamente isento, o ingrediente ativo e grau
de diluição
Evidências da homeopatia
Os princípios da homeopatia
— o semelhante cura o semelhante e a diluição torna as preparações mais fortes
— não têm base científica. Esperar que uma preparação diluída ao ponto de não
ter nenhum ingrediente ativo tenha efeitos fisiológicos além dos de um placebo
é biológica e quimicamente implausível. Mas algumas preparações homeopáticas
contêm ingredientes ativos em concentração suficiente para exercer efeitos fisiológicos
(p. ex., Zicam, que contém uma quantidade mensurável de zinco).
A eficácia dos medicamentos
homeopáticos para várias doenças foi amplamente estudada. Uma análise de 20101 das
revisões sistemáticas descobriu que a homeopatia não é mais eficaz do que
placebo para qualquer indicação, assim como a House of Commons Science and
Technology Committee2 do Reino Unido descobriu após uma revisão exaustiva das
avaliações sistemáticas e metanálises da homeopatia (2010). A revisão exaustiva
feita pelo governo australiano das evidências clínicas da homeopatia3 (2013)
descobriu que, em 61 indicações, havia evidências da falta de eficácia da
homeopatia e, em outras 7 indicações, não havia evidências de boa qualidade.
Os defensores costumam
citar as evidências preliminares de três estudos4 publicados
em 2003 apoiando a eficácia da homeopatia para a diarreia infantil. Entretanto,
uma revisão independente dessas evidências considerou-a não convincente, e um
estudo de acompanhamento maior e mais rigoroso5 em
2006 concluiu que a homeopatia não é eficaz para o tratamento da diarreia
infantil. Os críticos também apontam que, como todos os estudos foram
realizados pelo mesmo pesquisador, não houve nenhuma replicação independente.
·
1Ernst E: Homeopathy: what does the
"best" evidence tell us? Med J Aust192(8):458–60,
2010.
·
2United Kingdom's House
of Commons Science and Technology Committee: Homeopathy, 2010. Acessado em 17/9/14.
·
3National Health and
Medical Research Council: Effectiveness of homeopathy for clinical conditions: Evaluation of the
evidence. Acessado em 13/7/15.
·
4Jacobs J, Jonas WB, Jiménez-Pérez
M, et al: Homeopathy
for childhood diarrhea: combined results and metaanalysis from three
randomized, controlled clinical trials. Pediatr Infect Dis
J 2003 22(3):229–34, 2003.
·
5Jacobs J, Guthrie BL, Montes GA,
et al: Homeopathic
combination remedy in the treatment of acute childhood diarrhea in
Honduras. J Altern Complement Med 12(8):723–32, 2006.
Usos da homeopatia
A homeopatia é comumente
utilizada na Europa e na Índia, predominantemente por causa de um longo
histórico de uso; como resultado, a prática tornou-se parte da cultura.
A homeopatia foi utilizada
para tratar várias doenças como alergias, rinites, problemas digestivos, dores
musculoesqueléticas e vertigens.
Possíveis efeitos adversos
A homeopatia é bem tolerada
e tem poucos riscos, raramente ocorre uma reação tóxica ou alérgica.
Uma revisão de 20121 dos casos notificados de
efeitos adversos identificou 38 relatos envolvendo 1.159 pacientes. Efeitos
adversos incluíam
- Reações diretas ao tratamento homeopático, presumivelmente devido aos ingredientes ativos
- Lesões indiretas causadas por substituir o tratamento convencional eficaz pela homeopatia
Os médicos convencionais não devem considerar que um medicamento
homeopático tomado pelo paciente seja biologicamente inativo e, portanto, não
apresentaria efeitos adversos. Além disso, alguns remédios homeopáticos contêm
outros ingredientes ativos que podem ter efeitos fisiológicos. Pode ser incerto
afirmar se os pacientes estão tomando medicamentos homeopáticos porque eles
frequentemente utilizam o termo homeopático erroneamente ao referirem-se a
suplementos alimentares que estão utilizando. A FDA também permite que ervas
medicinais sejam registradas e rotuladas como homeopáticas se forem submetidas
a um processo farmacêutico particular.
Dicas & Conselhos
·
Não supor que remédios homeopáticos são biologicamente inativos;
embora os ingredientes nos remédios homeopáticos geralmente sejam tão
diluídos que não têm potencial de causar danos, alguns remédios contêm
ingredientes em quantidades que podem ter efeitos fisiológicos.
|
·
1Posadzki
P, Alotaibi A, Ernst E: Adverse
effects of homeopathy: a systematic review of published case reports and case
series. Int J Clin Pract66(12):1178–88, 2012.
Naturopatia
A naturopatia iniciou-se
como um sistema de saúde formal nos EUA durante o início dos anos de 1900.
Alicerçada no poder curativo da natureza, a naturopatia enfatiza
·
Prevenção e tratamento da doença por meio de um estilo de vida
saudável
·
Tratamento do paciente como um todo
·
Uso da capacidade natural de cura do corpo
Alguns dos princípios desse
sistema não diferem dos de sistemas tradicionais de tratamento como a ayurveda
e medicina tradicional chinesa.
A naturopatia utiliza uma
associação de terapias, incluindo acupuntura, aconselhamento, terapia com
exercícios, medicina com uso de ervas, homeopatia, hidroterapia, parto natural,
nutrição, fisioterapias (p. ex., tratamento por calor ou frio,
ultrassonografia, massagens), imaginação direcionada e tratamento do estresse.
A American Association of
Naturopathic Physicians tende a não incentivar a vacinação infantil.
Evidências da naturopatia
Muitos métodos de
diagnóstico e tratamento naturopáticos não foram comprovados ou são até mesmo
refutados. Um exemplo é a hidroterapia (aplicação de compressas de água fria ou
quente), utilizada para tratar várias doenças; essa terapia é específica da
naturopatia. Apesar da ampla gama de sucesso atribuídos à hidroterapia, nenhum
estudo publicado demonstrou sua eficácia1.
·
1Kamioka H, Tsutani K, Okuizumi H,
et al: Effectiveness
of aquatic exercise and balneotherapy: a summary of systematic reviews based on
randomized controlled trials of water immersion therapies. J
Epidemiol 20(1):2–12, 2010. [Epub 2009 Oct 31.]
Medicina tradicional chinesa
Originada há > 2.000 anos, a medicina chinesa tradicional (MTC)
é um sistema médico que se baseia na filosofia de que a doença resulta de fluxo
impróprio da força vital (qi). O qi é restabelecido pelo equilíbrio de forças
opostas, yin e yang, que se manifestam no corpo como frio e calor, interno e
externo, e deficiência e excesso.
Várias práticas são usadas
para preservar e restaurar o qi e, assim, a saúde. As mais comumente utilizadas
são
Outras práticas são
alimentação, massagem e exercícios de meditação chamados qi gong.
A MTC muitas vezes usa
categorias diagnósticas que não correspondem aos conhecimentos científicos
atuais da biologia e das doenças (p. ex., deficiência geral, excesso de yin ou
de yang).
Evidências para medicina tradicional chinesa
É difícil obter evidências
de alta qualidade, principalmente porque os princípios ativos das ervas da MTC
não são purificados, frequentemente não são identificados e podem ser
numerosos. Assim, é difícil ou impossível determinar a dose, e a dose pode
variar entre as ervas de diferentes origens. Em geral, não há informações
disponíveis sobre biodisponibilidade, farmacocinética e farmacodinâmica. Além
disso, os princípios ativos podem interagir entre si de forma complexa e
variável.
A medicina fitoterápica
chinesa tradicionalmente utiliza fórmulas contendo misturas de ervas para
tratar várias doenças. As fórmulas tradicionais podem ser estudadas como um
todo ou cada erva que compõe a fórmula pode ser estudada separadamente. Uma
erva utilizada isolada pode não ser tão eficaz e apresentar vários efeitos
adversos. Entretanto, as pesquisas convencionais atuais favorecem os estudos de
ervas isolados para um melhor controle das variáveis. Outro problema é o grande
número de misturas de ervas que podem ser estudadas.
Estudos das ervas e das
misturas de ervas da MTC para a síndrome do cólon irritável tiveram resultados
mistos, e revisões desses estudos concluíram que são necessários estudos mais
rigorosos.
Estudos preliminares
de Tripterygium wilfordii (vinha de deus ou trovão chinês)
demonstraram atividades anti-inflamatórias e sugeriram eficácia clínica no
tratamento de AR, mas revisões1 revelaram
que as evidências existentes são insuficientes para provar a eficácia e
concluíram que mais pesquisas são necessárias.
Estudos preliminares2 demonstram
que o astrágalo pode melhorar a qualidade de vida dos
pacientes sendo tratados com quimioterapia para câncer de pulmão, mas não
prolonga a sobrevida, nem diminui a evolução do câncer, de acordo com a
avaliação por meio de marcadores biológicos.
·
1Liu Y, Tu S, Gao W, et al:Extracts of Tripterygium wilfordii Hook
F in the treatment of rheumatoid arthritis: a systemic review and meta-analysis
of randomised controlled trials. Evid Based Complement
Alternat Med 410793, 2013. [Epub 2013 Dec 4.]
·
2McCulloch M, See C, Shu XJ, et
al: Astragalus-based Chinese herbs and
platinum-based chemotherapy for advanced non-small-cell lung cancer:
meta-analysis of randomized trials. J Clin
Oncol20;24(3):419–30, 2006.
Possíveis efeitos adversos
Um problema é a padronização
e controle de qualidade das ervas chinesas. Várias não são regulamentadas na
Ásia e podem estar contaminadas com metais pesados originados da poluição da
água do solo ou podem ser adulteradas com drogas como antibióticos e
corticoides. Muitas vezes os ingredientes são substituídos, em parte porque os
nomes das ervas são traduzidos incorretamente. Um estudo de 20131 descobriu
que 32% dos suplementos de ervas não continham o principal princípio ativo no
rótulo, 20% continham contaminantes (compostos fisiologicamente ativos além dos
ingredientes desejados descritos no rótulo) e outros 21% continham elementos
não listados no rótulo. Entretanto, produtos de alta qualidade estão
disponíveis em certos fabricantes que adotam as práticas de boa fabricação recomendadas
pela FDA.
Nas misturas de ervas, os
efeitos adversos também podem resultar de interações entre os princípios
ativos.
·
1Newmaster SG, Grguric M,
Shanmughanandhan D, et al: DNA barcoding detects contamination and substitution in North American
herbal products. BMC Med 11;11—222, 2013
Biofeedback
Para biofeedback, uma
espécie de medicina mente-corpo, instrumentos eletrônicos
são utilizados para fornecer informações aos pacientes sobre funções biológicas
(p. ex., frequência cardíaca, pressão arterial, atividade muscular temperatura
da pele, resistência da pele e atividade elétrica da superfície do cérebro) e
para ensinar os pacientes a controlarem essas funções.
Usos do biofeedback
Com auxílio do terapeuta ou
com treinamento, os pacientes podem utilizar informações do biofeedback para
modificar a função ou relaxar, reduzindo assim os efeitos de condições como
dor, estresse, insônia e cefaleias.
O biofeedback também é
utilizado em pacientes com incontinência urinária e fecal, dor abdominal
crônica, zumbidos, síndrome de Reynaud ou distúrbios de atenção e memória (p.
ex., distúrbio de atenção/hiperatividade, lesão cerebral traumática).
Geralmente o biofeedback
não parece ser útil em asma, com a possível exceção da variabilidade da
frequência cardíaca, que pode ajudar a reduzir os sintomas da asma e uso de drogas
e melhorar a função pulmonar.


Imagística direcionada
A imagística direcionada,
um tipo de medicina mente-corpo, envolve o uso de imagens
mentais, autodirecionadas ou dirigidas por um terapeuta, para auxiliar o
paciente a relaxar (p. ex., antes de um procedimento) e para promover bem-estar
e cura (tentar efetuar alterações físicas — p. ex., mobilizando o sistema imune).
As imagens podem envolver qualquer um dos sentidos.
Usos para imagística direcionada
A imagística direcionada
utilizada com técnicas de relaxamento (relaxamento muscular e respiração
profunda) pode ajudar a reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida em
pacientes com câncer. A imagística direcionada também foi utilizada em
pacientes com traumas psicológicos.

Hipnoterapia
A hipnoterapia, um tipo
de medicina mente-corpo, deriva da prática
psicoterápica ocidental. Os pacientes são colocados em um estado avançado de
relaxamento e concentração focada para ajudá-los a mudar seu comportamento e,
assim, melhorar a saúde. Tornam-se absortos em imagens apresentadas pelo
hipnoterapeuta e estão relativamente distraídos, mas não totalmente
inconscientes acerca de seu ambiente e das experiências que estão tendo. Alguns
pacientes aprendem a se auto-hipnotizarem.
Usos da hipnoterapia
Hipnose é utilizada para
tratar síndromes de dor, fobias e doenças conversivas e foi usada com algum
sucesso para os tratamentos de cessação de tabagismo e perda de peso. Pode
reduzir a dor e ansiedade durante procedimentos médicos em adultos e crianças.
Pode ser útil na síndrome do cólon irritável, cefaleias, asma e algumas doenças
de pele (p. ex., verrugas e psoríase). Pode ajudar a reduzir a pressão
arterial.
Hipnoterapia ajuda a
controlar náuseas e vômitos (particularmente antecipatórios) relacionados com
quimioterapia e são úteis no tratamento paliativo do câncer. Algumas evidências
sugerem que a hipnoterapia ajuda e reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade
de vida em pacientes com câncer.
Meditação
Na meditação, um tipo
de medicina mente-corpo, os pacientes regulam a
atenção ou enfocam sistematicamente um aspecto de experiência interior e
exterior. As formas mais amplamente estudadas de meditação são a meditação
transcendental (MT) e meditação mindfulness. Apesar das pesquisas serem
incompletas, os resultados até o momento sugere que a meditação poderia atuar
por pelo menos dois mecanismos:
·
Produzindo um relaxamento que se contrapõe a ativação excessiva
de vias neuronais resultantes de estresse repetido
·
Desenvolvendo a capacidade de percepção metacognitiva (a
habilidade de se distanciar e testemunhar os conteúdos da consciência), assim
teoricamente ajudar ao paciente a não reagir imediatamente ao estresse (com
padrões de comportamento altamente condicionados e apreendidos) e ajudar a
tolerar e regular melhor o desconforto
A maioria das práticas de
meditação floresceu em um contexto religioso ou espiritual; seu objetivo final
era algum tipo de crescimento espiritual, transformação pessoal ou experiência
transcendental. Entretanto, os estudos sugerem que como intervenção de cuidado
com a saúde, a meditação pode frequentemente ser benéfica, independentemente das
bases culturais ou religiosas do indivíduo.
Usos da meditação
Meditação tem sido
utilizada para aliviar a ansiedade, dor, depressão, estresse, insônia e
sintomas de doenças crônicas como câncer ou doenças cardiovasculares. Também é
utilizada para promover o bem-estar.

Técnicas de relaxamento
As técnicas de relaxamento,
que constituem um tipo de medicina mente-corpo, são práticas
especificamente formuladas para aliviar a tensão e o esforço. O objetivo da
técnica específica pode ser
·
Redução da atividade do sistema nervoso simpático
·
Redução da pressão arterial
·
Redução da tensão muscular
·
Alentecer os processos metabólicos
·
Alterar a atividade cerebral
As técnicas de relaxamento
podem ser utilizadas com outras técnicas como meditação, imaginação dirigida ou
hipnoterapia.


Terapia com quelação
Na terapia com quelação, uma prática baseada em evidências biológicas, a droga é utilizada para ligar e remover excesso ou quantidades tóxicas de um metal ou mineras (p. ex., chumbo, cobre, ferro, cálcio) da corrente sanguínea. Na medicina tradicional a quelação é amplamente aceita como uma forma de tratar intoxicação por chumbo ou outros metais pesados ( Roteiro para terapia por quelação).
A terapia de quelação com
EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) também foi sugerida como uma forma de
remover o cálcio e, assim, tratar a aterosclerose. Mas apesar de > 50 anos
de estudos, os pesquisadores não identificaram nenhum mecanismo teórico para
explicar como a terapia de quelação pode tratar a aterosclerose ou prevenir o
infarto agudo do miocárdio ou acidentes vasculares encefálicos.
Além disso, até
recentemente, os ensaios clínicos não mostraram nenhum benefício significativo
com a terapia de quelação e todas as revisões sistemáticas1 concluíram
que a terapia de quelação com EDTA é ineficaz. Em 2012, um grande ensaio
randomizado controlado com placebo da medicina alternativa [o Trial to Assess
Chelation Therapy (TACT)]2 descobriu um
benefício muito pouco significativo para a terapia de quelação em relação ao
placebo para os desfechos agregados (26,5% versus 30% para o placebo), mas não
para os desfechos individuais (p. ex., morte, eventos cardiovasculares,
acidente vascular encefálico ou hospitalização). No entanto, esse estudo teve
uma taxa alta de abandono, e houve dúvidas sobre o cegamento e a heterogeneidade
dos centros de tratamento; deste modo, este estudo não dirimiu a controvérsia
sobre a terapia de quelação.
Os riscos da
terapia de quelação são a hipocalcemia (que é potencialmente grave) e o atraso
no tratamento mais eficaz.
·
Hipocalcemia (que é potencialmente grave)
·
Atraso no tratamento mais eficaz
·
1Villarruz MV, Dans A, Tan F:Chelation therapy for atherosclerotic
cardiovascular disease. Cochrane Database Syst Rev(4):
CD002785, 2002.
·
2Lamas GA, Goertz C, Boineau R, et
al: Effect of disodium EDTA chelation
regimen on cardiovascular events in patients with previous myocardial
infarction: the TACT randomized trial. JAMA. 309(12):1241–50, 2011113.
Tratamento com dieta
Terapia com dieta,
uma prática de base biológica, usa regimes
alimentares especializados (p. ex., terapia de Gerson, macrobiótica, dieta de
Pritikin) para
·
Tratar ou prevenir alguma doença específica (p. ex., câncer ou
doenças cardiovasculares)
·
Promover o bem-estar geral
·
Desintoxicar o corpo (i. e., neutralizar ou eliminar toxinas do
corpo)
Algumas dietas (p. ex.,
dieta mediterrânea) são amplamente aceitas e estimuladas na medicina ocidental
tradicional.
A dietoterapia geralmente
demora meses ou anos para que seus efeitos máximos ocorram, e tende a ser mais
eficaz se iniciada precocemente.


DIETA DE ORNISH
Essa dieta vegetariana de
baixas calorias visa ajudar a reverter bloqueios que causam doença arterial
coronariana e podem ajudar a prevenir ou reduzir a progressão de câncer de
próstata e outros cânceres. No entanto, sua eficácia ainda não está clara
porque não foram realizados ensaios clínicos definitivos.

DIETA DE GERSON
Essa dieta é feita pelo
consumo do equivalente a cerca de 7 a 9 kg de frutas e legumes (em forma sólida
e em sucos) por dia, além da ingestão de complementos alimentares e uso de
enemas de café. Os proponentes alegam que esse protocolo é eficaz para o
tratamento de câncer, doenças cardíacas, artrite, doenças autoimunes e
diabetes; mas não existem ensaios clínicos rigorosos para corroborar nenhuma
dessas alegações. Além disso, as alegações de desintoxicação não se baseiam na
identificação e dosagem de nenhuma toxina específica.
Um dos riscos dessa
terapia é que suas afirmações infundadas sobre eficácia (p. ex., contra câncer)
podem retardar o tratamento com terapias convencionais eficazes, tornando o
desfecho mais reservado.


DIETA MACROBIÓTICA
Essa dieta consiste
principalmente em vegetais, grãos integrais, frutas e cereais. Alguns
proponentes afirmam que essa dieta pode prevenir e tratar câncer e outras
doenças crônicas; entretanto, não há evidências corroborando a eficácia da
dieta macrobiótica para o tratamento do câncer.
Os riscos incluem
uma nutrição inadequada se a dieta não for seguida cuidadosamente.


DIETA PALEOLÍTICA
Essa dieta consiste em
tipos de alimentos supostamente consumidos durante o Paleolítico, quando o
alimento era caçado ou coletado (i. e., animais e plantas silvestres). Assim, a
dieta inclui
·
Maior ingestão de proteínas
·
Diminuição da ingestão de carboidratos (com a dieta consistindo
principalmente em vegetais e frutas frescas sem amido)
·
Maior ingestão de fibras
·
Uma ingestão moderada a alta de gordura (com ingestão
principalmente de gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas)
Alimentos não considerados
disponíveis durante o Paleolítico (p. ex., produtos lácteos, grãos, legumes,
óleos processados, açúcar refinado, sal, café) são evitados. Os defensores
alegam que o metabolismo humano não se adaptou para lidar com muitos desses
alimentos.
Os defensores da dieta
paleolítica alegam que ela reduz o risco de doença coronariana, diabetes tipo 2
e muitas doenças degenerativas crônicas. Eles também afirmam que esta dieta
promove a perda de peso nas pessoas acima do peso, melhora o desempenho
atlético, o sono e a função mental. No entanto, não há evidências de boa
qualidade corroborando a eficácia dessa dieta.
Os riscos compreendem
uma nutrição inadequada (devido à diminuição da ingestão de grãos integrais e
laticínios) e, possivelmente, maior risco de doença coronariana (decorrente do
aumento da ingestão de gordura e proteínas).
O conhecimento dos
alimentos disponíveis no Paleolítico é limitado; mas algumas evidências sugerem
que a dieta paleolítica não fosse tão restrita quanto a dieta paleolítica
moderna.


Medicina ortomolecular
Medicina ortomolecular,
também denominada medicina nutricional, é uma prática baseada em evidências biológicas. O
objetivo é fornecer ao corpo quantidades ideais de substâncias que ocorrem
naturalmente no corpo (p. ex., hormônios e vitaminas) como uma forma de tratar
a doença e promover o bem-estar. A nutrição é o foco do diagnóstico e
tratamento.
Esta terapia difere do
tratamento com dieta, pois utiliza altas doses de micronutrientes individuais.
Altas doses de associações de vitaminas, minerais enzimas, hormônios (p. ex.,
melatonina), aminoácidos ou várias combinações podem ser utilizados. Os
praticantes acreditam que as necessidades nutricionais dos indivíduos excedem
em muito as recomendações diárias e que o tratamento nutricional deve ser
individualizado com base no perfil médico de cada paciente. Altas doses de
micronutrientes também são utilizadas como modificadores de respostas biológicas
em uma tentativa de modular inflamação e outros processos de doenças. As doses
podem ser administradas por via oral ou intravenosa com menor frequência.
Evidências e usos
O tratamento relata ser
benéfico em uma ampla gama de doenças (p. ex., câncer, doença cardiovascular,
fadiga crônica, dor crônica, autismo, doenças psiquiátricas). Estes tratamentos
são amplamente utilizados e vários pacientes relatam melhora clínica.
Entretanto, não há estudos clínicos para apoiar a utilidade da maioria destas práticas.
As exceções incluem o uso de altas doses de óleo de peixe para tratar
hipertrigliceridemia (e possivelmente doenças inflamatórias e de humor);
contudo, altas doses de óleo de peixe foram relacionadas ao aumento do risco de
câncer de próstata.
Evidências preliminares
embasaram o uso de antioxidantes em altas doses para prevenir a degeneração
macular, mas estudos posteriores não encontraram nenhum benefício. Além disso,
doses elevadas de antioxidantes podem aumentar o risco cardiovascular.
Estudos preliminares com
altas doses de melatonina para a prevenção ou tratamento do câncer tiveram
resultados mistos; é necessário haver um estudo mais aprofundado.
Se houver evidência clínica
demonstrada, os tratamentos (p. ex., altas doses de óleo de peixe para tratar
hipertrigliceridemia) se tornam parte da medicina convencional.
Possíveis efeitos adversos
Os médicos devem estar
cientes que altas doses de micronutrientes podem causar danos, p. ex., alguns
micronutrientes podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de próstata
ou abolir efeitos de certos tratamentos para câncer.


Quiropraxia
Na quiropraxia (uma terapia de manipulação baseada no corpo)
acredita-se que a relação entre a estrutura da coluna e a função do sistema
nervoso seja a chave para manter e restaurar a saúde. O principal método para
atingir o equilíbrio é a manipulação da coluna. Outras articulações e partes
moles também podem ser manipuladas. Quiropraxista podem realizar fisioterapia
(p. ex., frio e calor, estimulação elétrica, estratégias de reabilitação),
massagens, acupressão e podem recomendar exercícios, medidas ergonômicas e
mudanças de estilo de vida.
Alguns quiropraxistas,
chamados quiropraxistas francos, praticam uma forma da medicina vitalista. Eles
usam a manipulação para corrigir possíveis desalinhamentos nas vértebras em uma
tentativa para restaurar o fluxo de energia vital (chamado inato). Eles
acreditam que esse método possa curar a maioria das doenças. Outros
quiropraxistas rejeitam em vários graus essa noção; alguns restringem-se aos
tratamentos musculoesqueléticos baseados em evidências.

Usos da quiropraxia
Evidências sobre a
manipulação quiroprática corroboram apenas
·
O alívio a curto prazo do estiramento agudo não complicado na
região lombar
Depois do estágio agudo,
ajustes contínuos podem não trazer benefícios adicionais. Assim a utilidade da
quiropraxia na dor lombar crônica ainda não está esclarecida. A quiropraxia
algumas vezes é útil para tratamento de cefaleia (apesar dos dados serem
inconsistentes) e síndromes de compressão de nervos, tem sido utilizada também
para tratamento da dor cervical.
Alguns quiropraxistas
tratam outras doenças (p. ex., asma em adultos e crianças, enurese, cólicas,
torcicolo e otite média em crianças), embora poucos estudos de quiropraxia como
tratamento para essas doenças tenham sido realizados, e os estudos feitos não
corroboram sua eficácia.
Entretanto, o efeito da
manipulação em condições não diretamente relacionadas com o sistema
musculoesquelético ainda não foi estabelecido.
Possíveis efeitos adversos
Complicações graves resultantes da manipulação da coluna (p. ex., dor lombar, lesão em nervos cervicais e lesão nas artérias do pescoço) são raras. A manipulação espinal não é recomendada em pacientes com osteoporose ou sintomas de neu- ropatias (p. ex., parestesias ou perda de força em um membro). Ainda não foi esclarecido se é segura para pacientes que realizaram cirurgias espinais ou acidente vascular cerebral ou doenças vasculares.
Massoterapia
Na massoterapia (uma prática de manipulação
baseada no corpo), os tecidos corporais são manipulados para
promover bem-estar e reduzir a dor e o estresse. O valor terapêutico da
massagem para vários sintomas musculoesqueléticos e estresse é amplamente
aceito. Demonstrou-se que a massagem alivia os seguintes:
·
Dor muscular
·
Dor decorrente de lesões nas costas
·
Fibromialgia
·
Ajuda a aliviar a ansiedade, dor, náuseas e vômitos em pacientes
com câncer
A massoterapia também é
eficaz no tratamento de recém-nascidos de baixo peso, evitando lesões à
genitália materna durante o parto, aliviando a constipação intestinal crônica e
controlando a asma. Uma revisão de 2004 feita por Cochrane1 da
massagem terapêutica para bebês de baixo peso ao nascer concluiu que as
evidências de eficácia eram fracas e o uso mais amplo não se justificava. As
evidências para os outros usos relatados são apenas preliminares; estudos
adicionais são necessários.
A massoterapia pode causar
contusões e sangramentos em pacientes com trombocitopenia e doenças
hemorrágicas. Os terapeutas devem evitar colocar pressão sobre ossos afetados
por osteoporose ou câncer metastático.
·
1Vickers A, Ohlsson A,
Lacy JB, et al: Massage
for promoting growth and development of preterm and/or low birth-weight
infants. Cochrane
Database Syst Rev (2): CD000390, 2004.
Reflexologia
A reflexologia (uma prática de manipulação
corporal) é uma variante da massagem terapêutica que
se baseia na pressão manual aplicada a áreas específicas do pé; acredita-se que
essas áreas correspondam aos órgãos ou diferentes sistemas do corpo através dos
meridianos. Acredita-se que a estimulação dessas áreas eliminam os bloqueios
responsáveis pela dor ou por doenças na parte correspondente do corpo.
Considera-se a reflexologia
uma terapia homuncular porque presume que todo o corpo está representado na
sola dos pés. Nenhuma terapia homuncular, incluindo a reflexologia, tem base
científica. Na maioria dos estudos clínicos sobre reflexologia, a metodologia
foi fraca e os resultados tendem a ser efeitos inespecíficos sobre sintomas
subjetivos (p. ex., causando relaxamento, indiferenciável do produzido pela
massagem). Uma revisão sistemática1 de
ensaios clínicos randomizados concluiu que as melhores evidências clínicas
disponíveis não corroboram a eficácia da reflexologia como tratamento para
qualquer indicação; esta revisão também observou que a metodologia em estudos
de reflexologia costuma ser ruim.
·
1Ernst E, Posadzki P,
Lee MS:Reflexology: an
update of a systematic review of randomised clinical trials. Maturitas 68(2):116–20, 2011.
Integração estrutural
A integração estrutural
(uma terapia de manipulação
baseada no corpo) é baseada na teoria de que a boa saúde depende do
alinhamento correto do corpo. É uma forma de manipulação dos tecidos profundos
que tipicamente é realizada em uma série de sessões. Os praticantes acreditam
que podem corrigir o alinhamento dos ossos e músculos e, assim, reestabelecer
uma boa saúde por meio da manipulação e do estiramento de músculos e fáscias.
Mas nem os princípios básicos nem a eficácia dessa terapia foram comprovados1.
·
1Jacobson E: Structural integration, an alternative
method of manual therapy and sensorimotor education. J Altern Complement Med 17(10):891–9, 2011.


Reeducação postural
A reeducação postural (prática de manipulação
corporal) usa o movimento e toque para ajudar as pessoas a
reaprender a ter uma postura saudável, mover-se mais facilmente e torna-se mais
conscientes de seus corpos. Essas terapias buscam liberar maneiras habituais
nocivas de manter o corpo focalizando a conscientização por meio do movimento.
A eficácia da reeducação
postural não é clara.


Acupuntura
Acupuntura, uma terapia na medicina tradicional chinesa,
é uma das terapias alternativas mais amplamente aceitas no mundo ocidental.
Pontos específicos do corpo são estimulados, em geral pela inserção de agulhas
finas na pele e nos tecidos subjacentes. Acredita-se que estimular esses pontos
específicos desbloqueie o fluxo do qi ao longo das vias de energia (meridianos)
e, assim, restaure o equilíbrio. Na acupuntura
clássica, havia 365 pontos definidos que correspondiam aos 365 dias
do ano e refletiam a conexão histórica entre acupuntura e astrologia. Com o
tempo, o número de pontos aumentou para > 2.000.
O procedimento não é
doloroso, mas pode causar uma sensação de formigamento. Às vezes, o estímulo é
aumentado com a torção ou o aquecimento da agulha.
Os pontos de acupuntura
também podem ser estimulados por
·
Pressão (chamado acupressão)
·
Raio laser
·
Ultrassonografia
·
Uma corrente elétrica de voltagem muito baixa (denominada eletroacupuntura)
aplicada na agulha
Evidências
e usos
Apesar de estudos
extensos, nenhuma evidência de alta qualidade corrobora a eficácia clínica
significativa da acupuntura para qualquer indicação. Estudos de alta qualidade
comparam a acupuntura verdadeira (verum) à acupuntura impostora (inserção da
agulha em pontos não usados na acupuntura) ou à acupuntura placebo (uso de
invólucros opacos contendo uma agulha romba ou um palito que é pressionado
contra a pele, porém não penetra). Como os estudos com placebo sobre a
acupuntura também usam invólucros opacos para acupuntura verdadeira, nem o
paciente nem o acupunturista sabem qual tratamento está sendo usado
(duplo-cego). Esses estudos de alta qualidade geralmente mostram não haver
diferenças na eficácia. Portanto, as melhores evidências indicam que nem o
ponto de inserção da agulha, nem o fato da agulha ser ou não inserida alteram o
resultado e a acupuntura só tem efeitos inespecíficos tipo placebo.
Em algumas culturas, o viés
das publicações tende a favorecer a eficácia da acupuntura; por exemplo, 99%
dos estudos publicados na China corroboram a sua eficácia, apesar da média
mundial ser de cerca de 75%. Assim, os resultados positivos dos estudos
existentes devem ser interpretados com cautela.
As revisões sistemáticas da
acupuntura para a dor, sua indicação mais comum, não demonstram nenhuma
diferença entre a acupuntura verdadeira, a impostora ou o placebo, ou
demonstram apenas uma pequena diferença estatística que é não é clinicamente
significativa ou é imperceptível. Os defensores também alegam que a acupuntura
é eficaz para doenças específicas (p. ex., síndrome do túnel do carpo,
dependências, asma, acidente vascular encefálico e AR); mas em todos os casos,
as revisões sistemáticas concluem que as evidências são negativas ou que a
metodologia é muito ruim para produzir resultados conclusivos.
Possíveis
efeitos adversos e contraindicações
Dados confiáveis
são incomuns e muitas vezes inexistentes, e os efeitos adversos da acupuntura
estão provavelmente subnotificados. Uma revisão de 20121 dos
efeitos adversos que foram descritos após a acupuntura observou o seguinte:
·
Retenção de agulhas (31%)
·
Tonturas (30%)
·
Perda de consciência ou falta de reação (19%)
·
Quedas (4%)
·
Hematomas ou dor no local de inserção da agulha (2%)
·
Pneumotórax (1%)
·
Outros efeitos adversos (12%)
A maioria (95%) foi
classificada como provocando poucos ou nenhum dano.
Quando feita corretamente,
a acupuntura é bastante segura, mas as capacidade e o esmero variam entre os
profissionais; além disso, alguns não seguem normas de assepsia e antissepsia.
·
1Wheway J, Agbabiaka TB,
Ernst E: Patient
safety incidents from acupuncture treatments: a review of reports to the
National Patient Safety Agency. Int
J Risk Saf Med 24(3):163–9, 2012.
Magnetoterapia
A terapia energética baseia-se
em campos magnéticos estáticos (campos constantes produzidos por ímãs
permanentes) ou campos de pulsos eletromagnéticos (campos magnéticos
intermitentes produzidos por um eletroímã). Os praticantes colocam ímãs no
corpo ou posicionam partes lesionadas do corpo em um campo elétrico induzido
para aliviar a dor ou potencializar a cura.
Evidências
e usos
Ímãs, em
particular, representam um tratamento popular para várias condições
musculoesqueléticas, apesar de múltiplos estudos terem mostrado ausência de
eficácia, em especial para alívio da dor, uma de suas aplicações mais comuns.
Em termos da terapia
magnética estática, as revisões sistemáticas1 não
encontraram nenhum benefício para a dor crônica, e estudos de boa qualidade não
descobriram nenhum benefício para o tratamento da osteoartrite e da artrite
reumatoide.
O efeito biológico da terapia
de pulso eletromagnético é significativamente diferente do efeito da terapia
magnética estática. Evidências preliminares sugerem que a terapia de pulso
eletromagnético pode aliviar a dor. É bem estabelecida a utilização de campos
eletromagnéticos pulsados para acelerar a consolidação de fraturas não
consolidadas.
·
1Pittler MH, Brown EM,
Ernst E: Static
magnets for reducing pain: systematic review and meta-analysis of randomized
trials. CMAJ 177(7):736–42,
2007.
Possíveis
contraindicações
As possíveis
contraindicações ao uso de ímãs incluem gestação (os efeitos sobre o feto são
desconhecidos) e uso de dispositivos cardíacos implantados, bomba de insulina
ou drogas administradas por adesivos.


Toque terapêutico
O toque terapêutico, às
vezes chamado de imposição das mãos, é um tipo de medicina energética.
Ela alega utilizar a energia de cura do terapeuta para identificar e reparar os
desequilíbrios no biocampo do paciente. Geralmente, os terapeutas não tocam o
paciente, invés disso, eles movimentam as mãos para frente e para trás sobre o
paciente. O toque terapêutico tem sido utilizado para reduzir a ansiedade e
melhorar a sensação de bem-estar em pacientes com câncer, mas estes efeitos não
foram rigorosamente estudados. Nos EUA, as enfermeiras introduziram o toque
terapêutico nas UTI e em outros ambientes hospitalares.
As evidências existentes
não corroboram a afirmação de que os praticantes do toque terapêutico possam
detectar um biocampo humano, nem que um biocampo humano até mesmo exista. Por
exemplo, um estudo de 19981 descobriu que
os praticantes do toque terapêutico não conseguiram detectar a presença de um
biocampo. Não há estudos clínicos suficientes de boa qualidade, mas revisões
sistemáticas2 dos estudos existentes não encontraram evidências
suficientes para corroborar a eficácia do toque terapêutico para o tratamento
de qualquer doença.
·
1Rosa L, Rosa E, Sarner
L, Barrett S: A
close look at therapeutic touch. JAMA 279(13):1005–10,
1998.
·
2Hammerschlag R, Marx
BL, Aickin M: Nontouch
Biofield Therapy: A Systematic Review of Human Randomized Controlled Trials
Reporting Use of Only Nonphysical Contact Treatment. J Altern Complement Med 2014.


REIKI
Reiki, originado
no Japão, é similar ao toque terapêutico; os praticantes canalizam a energia
para suas mãos e transferem-na para o corpo do paciente para promover a cura.
Considera-se que os praticantes tenham poderes especiais de cura, os quais são
necessários para esses tratamentos.
Não há ensaios clínicos
suficientes de boa qualidade sobre o Reiki. As evidências preliminares são
ambíguas. Um estudo controlado cego1 sobre
Reiki para fibromialgia não encontrou nenhum benefício.
·
1Assefi N, Bogart A,
Goldberg J, et al: Reiki
for the treatment of fibromyalgia: a randomized controlled trial. J Altern Complement Med 14(9):1115–22, 2008.
Fonte:https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/medicina-complementar-e-alternativa/toque-terap%C3%AAutico
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