TUDO QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A MICROBIOTA INTESTINAL NA SAÚDE E NA DOENÇA A PARTIR DE PESQUISAS DA CIÊNCIA-PARTE 1

 

Da gestação à primeira infância: fatores que influenciam o desenvolvimento da microbiota intestinal

A composição da microbiota intestinal é única em cada indivíduo. É composta de bactérias distintas, em sua maioria não patogênicas, muitas herdadas da mãe (adquiridas no nascimento), outras definidas por características ambientais, como idade e hábitos alimentares.


gestante segurando um urso de pelúcia

O desenvolvimento da microbiota intestinal humana é um processo complexo que já começa durante a gestação. Alguns estudos detectaram bactérias no mecônio (as primeiras fezes do bebê), no cordão umbilical e no líquido amniótico.

Ao nascer, a colonização da microbiota ocorre de acordo com o tipo de parto (normal ou cesárea); amamentação (aleitamento materno exclusivo ou artificial) e pelas medidas de higiene.

Sabe-se que a microbiota intestinal infantil passa por um período de grandes mudanças nos primeiros anos de vida. A microbiota inicial adapta-se com o tempo e é moldada pela disponibilidade de diferentes nutrientes. Existem três fases distintas na colonização microbiana do intestino em bebês:


  1. Fase de desenvolvimento: 3 a 14 meses

  2. Fase de transição: 15 a 30 meses

  3. Fase estável: 31 meses em diante, em que se desenvolve uma microbiota estável semelhante à dos adultos.

Influência da alimentação da gestante no crescimento e na microbiota intestinal do bebê

Recentemente, cientistas constataram que a alimentação da gestante molda a composição da microbiota intestinal dos seus bebês. Nesse estudo, os pesquisadores acompanharam 86 gestantes, coletando dados durante a gravidez, e monitorando os bebês por 18 meses. Analisando as amostras fecais das mães e dos bebês no momento do parto, foi possível obter diferentes perfis da microbiota intestinal.


No primeiro grupo analisado, todas as mulheres possuíam uma dieta baseada em uma grande quantidade de fibra alimentar, ômega-3 e polifenóis, e foi observado uma maior presença de Ruminococcus (um tipo de bactéria que produz butirato).


O butirato é um biomarcador da saúde intestinal e está associado a propriedades anti-inflamatórias.

O segundo grupo incluía mães com uma ingestão significativamente maior de carboidratos, ácidos graxos saturados e proteína animal. Nesse último grupo foi possível observar uma presença maior de bactérias ligadas a um maior risco de doenças e complicações na gravidez. Além disso, os pesquisadores observaram que os bebês desse grupo tinham um risco maior de ficar acima do peso nos primeiros 18 meses.

Influência do tipo do parto no desenvolvimento da microbiota intestinal

Um dos fatores do início da vida que influencia fortemente o desenvolvimento da microbiota intestinal do recém-nascido é o tipo de parto. O parto vaginal foi associado a um aumento temporário de bactérias do gênero Bacteroides, que por sua vez foi associado ao aumento da diversidade intestinal e à maturação durante os primeiros anos de vida.


Como alternativa para suprir essa carência identificada no parto de cesariana, pesquisadores de um estudo pioneiro mostraram que o transplante de microbiota fecal por via oral pode tornar a microbiota neonatal semelhante à de um bebê nascido de parto normal.


médica escutando o coração do bebê

Estudos anteriores mostraram que bebês nascidos de cesariana tendem a ter em seus intestinos microrganismos causadores de doenças comumente encontrados em hospitais (por exemplo: Enterococcus e Klebsiella), e não apresentavam cepas de bactérias intestinais encontradas em crianças e adultos saudáveis ​​(por exemplo, Bacteroides spp.).


Após a intervenção, a microbiota intestinal de bebês nascidos de cesariana assemelhava-se à de bebês nascidos de parto normal, diferente da microbiota intestinal de bebês de cesariana não tratados. IMPORTANTE: Nenhum dos bebês apresentou efeitos adversos ou alterações de peso durante o período de acompanhamento de 3 meses.

Antibioticoterapia em prematuros


Em muitos casos os bebês prematuros necessitam da utilização de antibióticos para prevenção e tratamento de infecções. Contudo, alguns estudos servem de alerta para a necessidade de racionalização do uso desses antibióticos em bebês.


Sabe-se que a microbiota intestinal infantil passa por um período de grandes mudanças nos primeiros anos de vida. A microbiota inicial adapta-se com o tempo e é moldada pela disponibilidade de diferentes nutrientes.


Aos 2-3 anos de idade, desenvolve-se uma microbiota estável semelhante à dos adultos, que irá se manter relativamente estável na vida adulta. Isso gera preocupação sobre os efeitos da antibioticoterapia no início da vida.

Outro estudo publicado recentemente mostrou que os bebês desenvolveram diversidade relevante nos seus microbiomas ao atingirem 21 meses, porém, o desenvolvimento dessa diversidade foi mais lento nos prematuros tratados com antibióticos. Os bebês prematuros que utilizaram antibióticos no início da vida, possuíam no seu microbioma mais cepas resistentes aos antibióticos do que os nascidos após as 38 semanas que não receberam nenhum tipo de antibioticoterapia.

Apesar do microbioma diverso, foi identificado que os bebês tratados com ciclos mais agressivos de antibióticos apresentaram maior quantidade de bactérias consideradas não benéficas, como as do filo Proteobacteria e redução de bactérias benéficas, como as Bifidobacteriaceae. Outras pesquisas ainda relacionam alterações no microbioma no início da vida com o desenvolvimento posterior de distúrbios metabólicos e imunes, como as alergias, diabetes e doença inflamatória intestinal.

O leite materno promove a disseminação da microbiota intestinal infantil

O aleitamento materno é totalmente saudável e bom para os bebês, por isso a Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida e a continuidade da amamentação pelo menos até os 2 anos de idade. A amamentação diminui a incidência de doenças infecciosas, além de alergias, obesidade e diabetes.


mãe amamentando o seu bebê

O leite materno é o padrão ouro para a nutrição infantil, pois contém compostos bioativos que ajudam a apoiar o desenvolvimento da microbiota intestinal e do sistema imunológico do bebê. No entanto, por várias razões, nem todos os bebês podem ser amamentados exclusivamente.

Além de todos os benefícios que a amamentação traz para a saúde do bebê, pesquisadores descobriram que a presença de bactérias resistentes aos antibióticos pode vir de suas mães, não apenas durante o parto, mas também através da amamentação. Isso se deve aos açúcares fermentáveis ​​presentes no leite - chamados de prebióticos - que promovem o crescimento de bactérias intestinais com características probióticas, como as bifidobactérias. Quando a amamentação não é possível, esses prebióticos podem ser adicionados às fórmulas infantis para imitar a composição do leite materno e promover o crescimento de microrganismos intestinais benéficos.


As chamadas bactérias benéficas também evitam a proliferação de outras bactérias consideradas prejudiciais. O efeito positivo da amamentação foi identificável também em bebês que receberam fórmula além do leite materno. De acordo com esses resultados, quando não há possibilidade da alimentação ser exclusiva com aleitamento materno, a amamentação parcial complementada com fórmula pode ser uma boa alternativa. Este tipo de terapia pode ajudar a manter sob controle o número de genes resistentes aos antimicrobianos no intestino dos bebês e tentar, também, diminuir o problema global de resistência aos antibióticos.

Importância da nutrição na primeira infância

Sabemos que os primeiros anos de vida são importantes para o estabelecimento da microbiota. Você nasce com muito poucos microrganismos que vão “colonizando” seu corpo durante os primeiros anos de sua vida.

Durante o estágio de desenvolvimento, os bebês que são amamentados ou, pelo menos, parcialmente amamentados, possuem níveis mais elevados de Bifidobacterium. Essas bactérias, conhecidas por serem muito abundantes no início da vida, têm propriedades probióticas. Com a introdução alimentar, aumenta-se a variedade dos alimentos consumidos, e consequentemente, a microbiota infantil começa a ser colonizada por diferentes microrganismos, tornando-se mais diversificada. Ao mesmo tempo, há uma quantidade maior de bactérias nos filos Firmicutes , normalmente encontradas na microbiota adulta.

A nutrição na primeira infância fornece uma visão sobre como será o desenvolvimento e composição da microbiota no indivíduo adulto. É crucial que as crianças comam alimentos que possam nutrir a microbiota intestinal. A adição de alimentos considerados prebióticos promovem e ativam o metabolismo de bactérias benéficas no trato intestinal.

Fibras, carboidratos, vegetais e cereais integrais com uma variedade de fibras, como a inulina e os oligossacarídeos, ajudam a estabelecer uma microbiota intestinal saudável.


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A qualidade da sua dieta é a melhor receita para uma microbiota intestinal saudável

Não é novidade que a dieta é a forma mais poderosa de manter a microbiota intestinal saudável. Pessoas com problemas gastrointestinais às vezes tentam dietas extremas, com o objetivo de melhorar a saúde. No entanto, é necessário cuidado, pois nem todas as dietas melhoram as bactérias benéficas em seu intestino.

prato com comidas saudaveis e coloridas

Cuidar do seu intestino é uma das maneiras mais eficazes de melhorar sua saúde e qualidade de vida. Além daquilo que ingerimos, a saúde intestinal envolve a digestão e absorção adequadas dos alimentos, a ausência de doenças gastrointestinais e uma microbiota intestinal em equilíbrio.


A melhor maneira de manter um intestino saudável é estar atento aos alimentos que você escolhe comer. Os estudos da microbiota desenvolvidos nas últimas décadas mostram que isso interfere diretamente nas questões de absorção, doenças e desequilíbrios. Embora os sintomas digestivos geralmente não representem uma ameaça à vida, eles têm um efeito negativo na qualidade de vida do indivíduo.


Recentemente, um grande estudo envolvendo mais de mil pessoas mostrou que uma dieta equilibrada e nutritiva serve de base para uma microbiota intestinal mais saudável, enquanto uma dieta cheia de alimentos altamente processados ​​com adição de açúcar e sal promove uma microbiota intestinal ligada a uma saúde metabólica deficiente.

Como os componentes dos alimentos podem impactar na microbiota intestinal?

É sabido que uma dieta diversificada é melhor para a saúde. No intestino ela promove uma composição balanceada da microbiota lá presente. Relacionado a esse tema, a dieta mediterrânea parece ser a mais benéfica em comparação com as dietas restritivas, como as dietas veganas, cetogênicas, sem glúten e com baixo FODMAP, bem como a dieta ocidental moderna. Isso ocorre porque a dieta mediterrânea inclui alimentos que contêm componentes benéficos para a microbiota intestinal. Além disso, dietas de eliminação de longo prazo, como dietas sem glúten e cetogênicas, mostraram diminuir a diversidade bacteriana no intestino.

Uma revisão publicada recentemente reuniu informações de como diferentes componentes e aditivos alimentares afetam a composição da microbiota intestinal. A pesquisa destaca papéis diferentes e importantes dos seguintes componentes alimentares:

  • Fibras

Os prebióticos são um tipo de fibra que serve como alimento para bactérias benéficas, muitas das quais produzem ácidos graxos de cadeia curta benéficos (AGCC). O butirato, por exemplo, é um AGCC que desempenha um papel importante na manutenção da barreira intestinal adequada e da função imunológica.

  • Micronutrientes

Embora a microbiota intestinal possa sintetizar várias vitaminas do complexo B e vitamina K, outros micronutrientes consumidos por meio da dieta também podem afetar a composição da microbiota intestinal.

Por exemplo, a vitamina D pode afetar positivamente a composição da microbiota intestinal, aumentando as bactérias benéficas, como Lachnobacterium, que têm sido associadas à modulação da resposta imunológica à asma e à incidência de doenças alérgicas.

O microbioma intestinal também desempenha um papel na síntese de betacaroteno, que regula seus efeitos antioxidantes.

Por outro lado, embora níveis suficientes de ferro e zinco apoiem os processos fisiológicos que afetam a microbiota intestinal, uma quantidade excessiva desses minerais parece promover a colonização de bactérias patogênicas no intestino, como a Clostridium difficile.


  • Polifenóis

Além de vitaminas e minerais, os polifenóis encontrados em vários alimentos vegetais como frutas, legumes, verduras, ervas e cacau, promovem uma maior abundância de bactérias benéficas. Além disso, alguns polifenóis exercem atividade prebiótica.

Ao mesmo tempo, em contrapartida, as bactérias intestinais também aumentam a biodisponibilidade dos polifenóis benéficos, tornando-os mais efetivos em suas ações benéficas de antioxidantes e anti-inflamatórios, combatendo o envelhecimento das células e fortalecendo o sistema imunológico.



  • Ácidos graxos essenciais

Ômega 3: essas gorduras poli-insaturadas são encontradas principalmente em peixes gordurosos e aumentam os níveis de bactérias benéficas que produzem compostos anti-inflamatórios e butirato.

Ômega 9: esses ácidos graxos monoinsaturados são encontrados no azeite de oliva extravirgem, um alimento básico da dieta mediterrânea. Eles não parecem ter um impacto na diversidade ou riqueza, em particular entre a razão entre Bacteroidetes e Firmicutes, mas há indícios de que impactam em nível de gênero (em particular bactérias dos gêneros Parabacteroides, Prevotella e Turicibacter.

A influência das diferentes dietas na saúde intestinal

O que você come tem uma grande influência na composição e nas funções da microbiota intestinal, que por sua vez influencia o risco de desenvolver doenças metabólicas, como obesidade e diabetes tipo 2.

O projeto de pesquisa Predict, um recente estudo de grande escala realizado com a colaboração de pesquisadores dos Estados Unidos e Reino Unido, mostrou pela primeira vez, que a qualidade da dieta pode afetar a composição da microbiota e suas funções e, em última instância, nossa saúde. O objetivo era observar as respostas metabólicas de mais de mil adultos saudáveis ​​após consumirem diferentes alimentos e vincular suas respostas aos perfis da microbiota e, portanto, às tendências dietéticas.

A dieta mediterrânea à base de vegetais, caracterizada por maior ingestão de proteína vegetal em vez de animal, foi reconhecida como a melhor dieta com base científica para melhorar a saúde intestinal.

Por quê? Porque a variedade de alimentos vegetais - em vez da ingestão calórica - fornece fibras, certas vitaminas, minerais e outros nutrientes (por exemplo, polifenóis) que nossas células não podem digerir, mas que aumentam os níveis de ácidos graxos de cadeia curta e bactérias benéficas, incluindo Lactobacillus e Bifidobacterium.

Em contrapartida, dietas desequilibradas e extremas podem afetar a absorção de carboidratos acessíveis à microbiota (CAMs)* . Este é o caso da dieta ocidental (rica em proteína e gordura animal, baixa em CAMs, que tem sido associada a um baixo número de genes microbianos intestinais, sinal considerado marcador de uma microbiota intestinal alterada. A restrição de CAMs compromete a integridade da barreira intestinal, interferindo nas trocas consideradas saudáveis para o organismo em termos de absorção.

Da mesma forma, uma alta ingestão de proteínas aumenta a fermentação delas no intestino grosso e provoca um impacto além do intestino. Enquanto a proteína vegetal aumenta as bactérias intestinais benéficas, fortalece a barreira intestinal e diminui a inflamação, os padrões alimentares que são ricos em proteínas animais e pobres em carboidratos - como a dieta Paleo - têm sido associados a mudanças desfavoráveis ​​na microbiota intestinal e maior risco cardiovascular no longo prazo.

A dieta cetogênica também pode ser motivo de preocupação. Essa dieta rica em gordura restringe a ingestão de carboidratos e tem sido associada a efeitos colaterais relacionados ao intestino, como dor abdominal. Também representa um desafio em termos de obtenção de todos os nutrientes necessários (principalmente fibras e vitaminas B), um efeito negativo na diversidade microbiana e uma redução nos níveis de bactérias benéficas.

Além de afetar a saúde intestinal, a eliminação equivocada pelo organismo de certos alimentos e nutrientes também pode afetar o funcionamento adequado do sistema imunológico, prejudicar a saúde metabólica e tornar o cérebro mais suscetível ao estresse.


Por fim, as dietas com baixo FODMAP, sem glúten e sem lactose, são geralmente escolhidas como um meio de reduzir os sintomas digestivos, como aqueles associados à síndrome do intestino irritável. No entanto, escolhas dietéticas extremas não são necessariamente adequadas para todos. Por exemplo, nem sempre é uma boa ideia descartar completamente a lactose, pois a lactose não digerida pode atuar como um prebiótico potencialmente benéfico. Tais restrições e opções variam conforme as necessidades de cada organismo, e antes de restringir qualquer alimento ou mudança radical de hábito alimentar é importante conhecer a real relação que o seu organismo tem com cada nutriente.

Como as dietas de exclusão eliminam alguns alimentos básicos (por exemplo, grãos inteiros, vegetais, leguminosas, frutas e produtos lácteos fermentados), que incluem carboidratos que nutrem a microbiota intestinal, eles devem sempre ser vistos como um tratamento temporário para aqueles com problemas digestivos funcionais. Como tal, a dieta regular de um sujeito deve ser reintroduzida lentamente de acordo com a tolerância individual, de modo a evitar deficiências nutricionais.

Em suma, uma dieta balanceada, adaptada às necessidades e à situação de cada indivíduo, é a melhor opção tanto para pessoas saudáveis ​​quanto para pessoas com problemas gastrointestinais. Em geral, uma dieta mediterrânea é considerada altamente saudável e balanceada. Já as dietas populares de exclusão, como a dieta de baixo FODMAP, a dieta sem glúten e a dieta sem lactose precisam ser observadas com maior atenção pois podem prejudicar a microbiota intestinal.

Dessa forma, antes de eliminar completamente um grupo de alimentos, o recomendado é ter o direcionamento de um nutricionista ou nutrólogo para conhecer a especificidade do seu caso e adequar sua alimentação, de acordo com a sua identidade intestinal.

O conhecimento do seu microbioma intestinal, os microrganismos que habitam o seu intestino, é um bom começo. As informações contidas neste post não substituem a consulta, tenha sempre o apoio de um profissional qualificado!

* Carboidratos acessíveis à microbiota (MACs): certos tipos de fibra que vêm de plantas, fungos ou tecidos animais que podem ser usados ​​pela microbiota intestinal. Em contraste, outras fibras, como o farelo de trigo, não são fermentadas pela microbiota intestinal.

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O papel do microbioma intestinal na saúde

Atualizado: 20 de Out de 2020

Com o distanciamento social e o autoisolamento, você pode estar se perguntando como pode melhorar a sua imunidade.


anatomia do sistema digestivo

A ciência mais recente mostra que nossa imunidade inata depende de um microbioma intestinal saudável. E algumas práticas podem ser essenciais para nos ajudar com isso, como a prática de atividades físicas e uma alimentação equilibrada.


As condições que representam algumas das principais causas de mortalidade em todo o mundo - incluindo obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer - estão ligadas a mudanças observáveis ​​na microbiota intestinal humana. E muitas outras condições crônicas, como doença inflamatória intestinal, asma e alergias e até artrite reumatoide, também têm sido associadas à disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal).


Logo, a microbiota intestinal com suas estreitas ligações com o metabolismo e o sistema imunológico, pode estar no centro da boa saúde.

Sem dúvida, o potencial da manipulação da microbiota intestinal para melhorar a saúde humana é enorme.

O papel da microbiota intestinal na imunidade


Muitos estudos vêm demonstrando como as alterações do microbioma se relacionam e interagem diretamente com as respostas do nosso sistema nervoso, sistema endócrino, sistema imune, ou mesmo, se correlacionam com uma grande quantidade de distúrbios, condições ou patologias. É importante entender que a microbiota intestinal é composta por microrganismos que convivem conosco de forma harmoniosa e que até podem nos fazer bem quando mantidos em equilíbrio.

funções da microbiota intestinal

O revestimento intestinal abriga 70% das células que compõem seu sistema imunológico e a ingestão dos alimentos certos que alimentam seus microrganismos podem ajudar a manter a integridade da barreira intestinal. Dependendo do equilíbrio e aptidão da microbiota intestinal, nossa resposta imunológica pode se mostrar forte e resistente, ou debilitada. Nutrir nosso ecossistema intestinal pode ser uma das maneiras mais profundas em que podemos reforçar nossa resposta imunológica.


Quando nossa barreira intestinal é saudável, ela atua como uma das primeiras linhas de defesa contra doenças e enfermidades. Há situações em que a membrana que protege o intestino fica danificada (ou permeável), permitindo que substâncias tóxicas e bactérias intestinais caiam na corrente sanguínea. À medida que se acumulam nessas áreas, as toxinas e metabólitos que secretam podem levar a reações inflamatórias que danificam os tecidos e levam ao desenvolvimento de condições crônicas. Esta é uma das muitas razões pelas quais é importante o restabelecimento do revestimento intestinal.


Muitos microrganismos comensais ajudam a manter a saúde do revestimento intestinal através do metabolismo das fibras e da produção do butirato - um alimento saudável para as células do revestimento intestinal. Quando nosso microbioma intestinal tem uma produção saudável de butirato, ele ajuda o nosso revestimento intestinal a permanecer forte e intacto. Por outro lado, nosso revestimento intestinal protege as bactérias comensais quando são detectados patógenos.


Manter o microbioma intestinal saudável e funcionando de maneira ideal é essencial para apoiar uma resposta imunológica eficiente.

A influência da atividade física na microbiota intestinal


Constantemente a nossa microbiota intestinal é exposta a inúmeros fatores externos, como dieta e estresse, que podem alterar a sua composição. Uma das formas de tratamento de diversas doenças e condições é realizada através da modulação intestinal. Um estudo publicado recentemente mostrou a importância da atividade física nessa modulação aumentando a diversidade das bactérias no intestino.


O exercício físico é capaz de reduzir o tempo das fezes no trato gastrointestinal, reduzindo o contato dos patógenos com o trato gastrointestinal, e consequentemente com o sistema circulatório, diminuindo a ação negativa deles no organismo.

Além disso, é capaz de aumentar as enzimas antioxidantes, citocinas anti inflamatórias e diminuir citocinas inflamatórias, causando uma redução geral da inflamação intestinal.

moça praticando yoga

Mas tenha calma! Antes de iniciar qualquer atividade física você deve procurar um profissional para avaliar sua saúde e condição física.


Os artigos publicados que relacionam a atividade física e microbiota intestinal mostram que a atividade moderada é a “melhor” para a saúde do nosso intestino.

Nessa situação, os impactos negativos na microbiota intestinal pois causam uma alteração na composição de bactérias. Como tudo na vida, manter o equilíbrio é essencial! Isso porque nessas atividades o fluxo sanguíneo intestinal normal permanece estável durante sua realização. O mesmo não se observa nos praticantes de atividades intensas por um período superior a 1 hora.


Lembre-se sempre: A prática de atividade física de forma moderada causa diversos benefícios para a saúde, e isso inclui, a saúde do nosso intestino!


Embora a atividade física seja fundamental para a saúde intestinal é importante que você tenha uma dieta equilibrada e saudável otimizar a saúde do seu intestino.

Como alimentar sua microbiota


A dieta é um dos principais fatores que moldam nosso microbioma e sua influência é vista desde a infância até a velhice. Nossa alimentação pode afetar a sobrevivência e metabolismo das bactérias da microbiota intestinal, causando alterações no padrão de colonização bacteriana e gerando processos inflamatórios no nosso organismo.


Uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas, o que irá assegurar melhoria na qualidade de vida.

Uma produção elevada de substâncias inflamatórias no organismo favorece o aparecimento de diversas doenças, como câncer, doença inflamatória intestinal, obesidade, entre outras.


Estudos demonstraram que tanto a ingestão dietética quanto a microbiota intestinal são fontes de micronutrientes essenciais ao funcionamento do sistema imune.


1. Alimentos nocivos para o microbiota intestinal


Alimentos ultraprocessados, industrializados, adoçantes, emulsificantes, a dieta ocidental (tipicamente constituída por alto consumo de carne vermelha, gordura animal, açúcar e pobre em fibras), fornecem menores quantidades de fibras, levando à menor produção de ácidos graxos de cadeias curtas pela microbiota intestinal, sendo estes produtos imunomoduladores essenciais. O consumo desses alimentos podem ter um impacto negativo na saúde, sendo parcialmente responsável pela obesidade e outras doenças crônicas.


O consumo dos alimentos ultraprocessados pode levar à modificação da microbiota intestinal, causando desequilíbrio, gerando um processo inflamatório e, consequentemente, um intestino hiperpermeável.

Com a permeabilidade intestinal aumentada podem ocorrer alterações clínicas como:

  • diarreia (associada a infecções ou ao tratamento por antibióticos),

  • alergia alimentar,

  • eczema atópico,

  • doenças inflamatórias intestinais,

  • artrite, entre outras.


2. Alimentos " saudáveis " para o microbiota intestinal


É possível fortalecer o sistema imunológico através de uma dieta balanceada associada ao estilo de vida mais saudável. Os compostos bioativos - substâncias que estão presentes em alguns alimentos, e são capazes conferir benefícios fisiológicos ao organismo, e assim, promover a saúde - da dieta têm um papel fundamental na imunomodulação da microbiota.


Algumas fontes de nutrientes são dão uma força especial para o nosso sistema imunológico. Aqui podemos citar:


frutas e vegetais em movimento
  • Proteínas: alimentos de origem animal (carne vermelha e branca, leite, ovos) e leguminosas (feijão, soja, ervilha, grão de bico).

  • Zinco: carnes de todos os tipos, principalmente a vermelha, derivados de animais e frutos do mar. amendoim nozes, castanhas, gergelim, leguminosas, queijos

  • Magnésio: leguminosas, oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas) e verduras folhosas.

  • Selênio: a principal fonte é a castanha do Pará ou do Brasil.

  • Vitamina A: está presente em fontes de gordura (queijo, gema do ovo) e em vegetais de coloração alaranjada, como manga, mamão e cenoura.

  • Vitamina C: presente nas frutas cítricas (laranja, mexerica, maracujá, limão, abacaxi), goiaba, acerola e pitanga tem mais vita C, pimentão e cajú.

  • Complexo B: É composto por várias vitaminas disponíveis em todos os grupos. A B12 é encontrada apenas naqueles de origem animal.

É tudo uma questão de equilíbrio


Então, como você pode ver, é importante ter equilíbrio dentro do seu microbioma intestinal. Equilíbrio significa que os microrganismos no seu intestino produzem muitas substâncias saudáveis ​​com os alimentos que você os alimenta, e não uma superabundância de substâncias inflamatórias nocivas.



Fontes:


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Fonte:https://www.biome-hub.com/post/o-papel-do-microbioma-intestinal-na-sa%C3%BAde

A Influência da dieta na modulação intestinal

Atualizado: 20 de Out de 2020

A microbiota existente nos seres humanos é resultante de anos de evolução de uma relação simbiótica. Essa relação nos trouxe inúmeros benefícios, incluindo proteção contra patógenos, manutenção da integridade da barreira intestinal, metabolização de nutrientes e medicamentos, síntese de vitaminas (K e B12) e produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).


Pessoas comendo alimentos saudáveis e fast food.

O trato gastrointestinal humano apresenta diferentes composições de espécies bacterianas, sendo estas definidas geneticamente e/ou por características individuais e ambientais. Cada indivíduo possui uma microbiota intestinal única, composta de bactérias distintas, em sua maioria não patogênicas que são que são herdadas do hospedeiro, adquiridas no nascimento e que se desenvolve de acordo os hábitos de vida, uso de medicamentos, estresse e, até, a localização geográfica.


A utilização de antibióticos, sedentarismo, quimioterapia para o câncer e processos infecciosos do trato gastrointestinal (TGI) podem alterar permanentemente ou transitoriamente o ecossistema intestinal. Outro fator importante na alteração da microbiota intestinal é a dieta.


Nossa alimentação pode afetar a sobrevivência e metabolismo dessas bactérias, causando alterações no padrão de colonização bacteriana e gerando processos inflamatórios no nosso organismo. Logo, uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas, o que irá assegurar melhoria na qualidade de vida.

Uma produção elevada de substâncias inflamatórias no organismos favorece o aparecimento de diversas doenças, como câncer, doença inflamatória intestinal, obesidade, entre outras. Os compostos bioativos* da dieta têm um papel fundamental na imunomodulação da microbiota.


Estudos demonstraram que tanto a ingestão dietética quanto a microbiota intestinal são fontes de micronutrientes essenciais ao funcionamento do sistema imune.


A dieta influencia a atividade metabólica e a composição da microbiota intestinal, tendo um efeito sobre as respostas imune e inflamatórias, com consequências para a saúde. Em uma dieta com pouco consumo de fibras a microbiota intestinal passa a degradar o muco presente na barreira intestinal aumentando a susceptibilidade a patógenos.


Alimentos ultraprocessados, industrializados, adoçantes, emulsificantes, a dieta ocidental (tipicamente constituída por alto consumo de carne vermelha, gordura animal, açúcar e pobre em fibras), fornecem menores quantidades de fibras, levando à menor produção de ácidos graxos de cadeias curtas pela microbiota intestinal, sendo estes produtos imunomoduladores essenciais. O consumo desses alimentos podem ter um impacto negativo na saúde, sendo parcialmente responsável pela obesidade e outras doenças crônicas.


O consumo dos alimentos ultraprocessados pode levar à modificação da microbiota intestinal, causando desequilíbrio, gerando um processo inflamatório e, consequentemente, um intestino hiperpermeável.

Com a permeabilidade intestinal aumentada podem ocorrer alterações clínicas como:

  • diarreia (associada a infecções ou ao tratamento por antibióticos),

  • alergia alimentar,

  • eczema atópico,

  • doenças inflamatórias intestinais,

  • artrite, entre outras.


Além disso, é provável que o intestino sofra uma redução na capacidade de absorção de nutrientes importantes e uma carência de vitaminas, principalmente do complexo B, além de vitaminas A, C e D.


*Os compostos bioativos são substâncias que estão presentes em alguns alimentos, e são capazes conferir benefícios fisiológicos ao organismo, e assim, promover a saúde.



Modulação Intestinal


A modulação Intestinal é um conjunto de intervenções aplicadas ao trato gastrointestinal, com o objetivo principal de reequilibrar as proporções de bactérias que compõe a microbiota.


A restauração da composição da microbiota intestinal deve ser realizada em termos qualitativos e quantitativos, de modo que diminua a incidência de bactérias patogênicas, em sua maioria responsáveis por esses desequilíbrios. Com a modulação da microbiota intestinal é possível obter diversos benefícios, como melhora dos sintomas gastrointestinais, disposição, fortalecimento do sistema imunológico, entre outros.


A modulação intestinal auxilia na proteção do epitélio intestinal, fornece nutrientes para a produção de substâncias benéficas ao organismo e evita a exposição do intestino a agentes agressores e desreguladores do metabolismo.

Em alguns casos, medidas apropriadas devem ser prescritas para restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal. Adoção de uma dieta adequada, que beneficia a recuperação da microbiota intestinal e também o uso de suplementos* nutricionais podem ser indicados.



Como fazer a Modulação Intestinal?


A boa notícia é que existem os alimentos com potencial anti-inflamatório e prebióticos, que atuam fortalecendo nossas defesas e equilibrando nossa microbiota. Por isso, uma das abordagens utilizadas por profissionais da saúde é a inclusão de prebióticos na dieta.


Os prebióticos são substâncias fermentáveis, não digeríveis, que promovem e ativam o metabolismo de bactérias benéficas no trato intestinal e visam modificar a composição do ecossistema intestinal por meio de mudanças nutricionais. Um dieta rica em fibras pode proteger contra a inflamação intestinal por aumentar a produção de AGCC e bactérias anti-inflamatórias, incluindo Lactobacillus e Bifidobacterium. Além disso, a dieta para a prevenção e o tratamento da disbiose exige reeducação alimentar, evitando-se o excesso de ingestão dos alimentos considerados pró-inflamatórios.


Agregar alimentos anti-inflamatórios à dieta e reduzir o consumo de alimentos pró-inflamatórios pode trazer grandes benefícios à nossa saúde. Veja abaixo quais são considerados os principais alimentos anti-inflamatórios e suas funções no intestino:


Pote com uma salada diversificada.

Veja abaixo quais são considerados os principais alimentos anti-inflamatórios e suas funções no intestino:


  • Suco de laranja: tem capacidade de modular positivamente a composição e a atividade metabólica da microbiota, podendo aumentar as populações de Bifidobacterium e Lactobacillus.

  • Frutas cítricas, cereja, uva, ameixa, pêra, maçã, mamão, pimenta verde, brócolis, repolho roxo, cebola, alho e tomate: são fontes de compostos fenólicos e polifenóis que ajudam a modular a microbiota intestinal e contribuem para o crescimento de bactérias benéficas a saúde.

  • Cúrcuma: possui efeitos benéficos no epitélio intestinal e no sistema imunológico, atuando no fortalecimento da barreira intestinal.

  • Extrato de romã: fonte de compostos polifenólicos e resveratrol, que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

  • Condimentos frescos/secos como alecrim, orégano, gengibre, curry, canela, menta e hortelã: podem auxiliar na eliminação de bactérias patogênicas e promovem uma desinflamação intestinal, melhorando a simbiose das bactérias intestinais.


Acompanhar e entender a composição da microbiota intestinal é um excelente indicador de manutenção da saúde. Hoje existem no mercado testes que possibilitam a identificação das bactérias presentes na microbiota através do sequenciamento de DNA. As informações do sequenciamento correlacionadas com as condições clínicas podem fornecer informações valiosas para o profissional da saúde, que poderá ter condutas individualizadas e baseadas em evidências.


* É importante ressaltar que a suplementação de probióticos, prebióticos e simbióticos, assim como uma dieta, devem ser feitos por um profissional qualificado, pois o uso incorreto pode causar resultados diferentes dos desejados.


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Fontes:


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Fonte:https://www.biome-hub.com/post/a-influ%C3%AAncia-da-dieta-na-modula%C3%A7%C3%A3o-intestinal

O que sabemos sobre a relação entre microbiota intestinal e a COVID-19

Atualizado: 16 de Set de 2020

Na luta atual contra o COVID-19, os mecanismos de defesa do hospedeiro podem determinar a gravidade e a evolução da doença.


coronavirus

A COVID-19 ataca principalmente o sistema respiratório e os sintomas mais comuns no início da doença são febre, tosse, fadiga, dor muscular, falta de ar, dor de cabeça, dor de estômago, perda de paladar e cheiro e alguns pacientes também relatam sintomas gastrointestinais, como diarreia e náuseas.


A transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2) costuma ocorrer pelo ar ou por contato, seja pessoal (toque ou aperto de mão) ou com superfícies contaminadas com secreções como gotículas de saliva ou muco nasal, oriundos de espirro ou tosse seguido de contato com a boca, nariz ou olhos, porém, já existem evidências de que o novo coronavírus pode ser propagado pelas fezes.


Por que vale a pena levar em conta a microbiota intestinal no combate ao COVID-19


Novos estudos sugerem que o intestino também pode ter um papel relevante tanto na evolução da COVID-19 quanto na transmissão fecal oral. O RNA viral (material genético do vírus) do SARS-CoV-2 foi encontrado nas fezes de pacientes previamente infectados, mesmo após negativação no exame do trato respiratório. De acordo com alguns autores, a diarreia estaria associada a ligação da glicoproteína S do SARS-CoV-2 ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) presente nos enterócitos (célula epitelial da camada superficial do intestino delgado e intestino grosso).


Curiosamente, o ECA2 também é altamente expresso nas células do pulmão e células epiteliais do esôfago. Esses resultados indicam, juntamente com o sistema respiratório, que o sistema digestivo é uma rota potencial para infecção pelo SARS-CoV-2.

O sistema imunológico do intestino é uma das mais extensas redes de células imunológicas do corpo. O desequilíbrio da microbiota intestinal acarreta uma cascata de alterações nas funções do organismo que antes atuavam de forma harmônica, levando a processos inflamatórios, e consequentemente, favorecendo a permeabilidade intestinal.

mulher com dor na barriga

Quando o revestimento intestinal é comprometido, nossos microrganismos intestinais podem escapar e acabar em locais a que não pertencem, como outros órgãos.


À medida que se acumulam nessas áreas, as toxinas e metabólitos secretados podem levar à reações inflamatórias que danificam os tecidos e levam ao desenvolvimento de condições crônicas. Esta é uma das muitas razões pelas quais é importante o restabelecimento, o mais rápido possível, do revestimento intestinal.


Uma microbiota em desequilíbrio pode criar um ambiente inflamatório que o novo coronavírus pode explorar. A replicação viral no intestino determina um aumento exponencial da carga viral na mucosa digestiva, levando a uma perda da integridade da barreira intestinal e uma forte produção de citocinas pró-inflamatórias. A inflamação pode desencadear uma reação imunológica descontrolada que pode causar mais danos do que o próprio vírus, incluindo lesão de múltiplos órgãos.


Um estudo recente mostrou que alguns pacientes que testaram positivo para COVID-19 estavam com um quadro de disbiose intestinal, ou seja, sua microbiota intestinal encontrava-se em desequilíbrio, com redução de bactérias consideradas benéficas Lactobacillus e Bifidobacterium.

Embora não haja nenhuma maneira de nosso microbioma intestinal exercer proteção direta contra a COVID-19, existem evidências científicas que mostram uma relação próxima entre a microbiota e o sistema imunológico. Uma microbiota saudável e equilibrada promove a homeostase imunológica *, evitando assim a hiper-reatividade do sistema imunológico de uma pessoa.


* A homeostase do sistema imunológico intestinal é o estado em que nosso sistema imunológico nos protege de patógenos enquanto permanece inofensivo contra nossa microbiota, alimentos e outros componentes ambientais.



Probióticos e prebióticos


Dentro da dieta, os probióticos e prebióticos podem desempenhar um papel importante na regulação do funcionamento da resposta do sistema imunológico por meio da microbiota intestinal.


Alguns estudos destacaram os benefícios das fibras alimentares e probióticos na melhora de alguns sintomas nas doenças respiratórias. Recentemente, a Comissão Nacional de Saúde da China e a Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa recomendaram probióticos no tratamento de pacientes com infecção grave por COVID-19 como forma de prevenir infecção bacteriana secundária.


No entanto, ainda é muito cedo para recomendar probióticos para prevenir a pneumonia ou reduzir a mortalidade na unidade de terapia intensiva em pacientes com COVID-19, como concluiu estudo publicado no The Lancet Gastroenterology & Hepatology .


Quando se trata de prebióticos, um estudo anterior revelou que uma dieta suplementada com inulina de fibra fermentável por 8 semanas ocasionou uma redução de 10 vezes na carga viral da influenza A e aumento da sobrevida. Ainda não se sabe até que ponto o aumento de alimentos ricos em fibras solúveis como meio para melhorar a recuperação e sobrevivência em pessoas infectadas com SARS-CoV-2.


pessoa com um pote de frutas

De modo geral, os dados disponíveis até agora revelaram que a infecção por SARS-CoV-2 vai além dos pulmões e pode afetar não apenas o sistema imunológico, mas também o trato gastrointestinal. Embora mais evidências em humanos sejam necessárias antes de recomendar probióticos e prebióticos em pacientes com COVID-19, considerar o trato gastrointestinal e o microbioma intestinal no controle do vírus pode oferecer uma abordagem valiosa no ambiente clínico.


Então, as estratégias dietéticas para a promoção da microbiota intestinal e, portanto, o fortalecimento do sistema imunológico associado ao intestino, incluem o aumento do consumo de fibras e prebióticos e a incorporação de alimentos fermentados , e probióticos na dieta.


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Fontes:


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Fonte:https://www.biome-hub.com/post/o-que-sabemos-sobre-a-rela%C3%A7%C3%A3o-entre-microbiota-intestinal-e-a-covid-19

Existe uma ligação entre bactérias intestinais e perda de peso?

Atualizado: Fev 11

Nosso corpo, e especialmente nosso intestino, abriga trilhões de bactérias benéficas que vivem em perfeita harmonia e constituem a microbiota intestinal.

moça usando fita metrica para medir a cintura

A relação entre o indivíduo e sua microbiota é chamada de mutualismo, o que significa que esta relação é vantajosa para ambos. Enquanto provemos a elas um ambiente propício para a sua sobrevivência, elas nos fornecem proteção contra patógenos, síntese de vitaminas, absorção de nutrientes e digestão, ou seja, seu microbioma é importante em muitos aspectos do seu corpo, incluindo seu peso. Logo, um microbioma intestinal diversificado e estável é benéfico para a saúde.


No entanto, se o ecossistema intestinal estiver desequilibrado, isso pode causar o que é conhecido como disbiose.


Isso pode significar que você tem níveis mais baixos de bactérias consideradas benéficas, presença de patógenos oportunistas ou diversidade reduzida - todos os quais podem ter um impacto no seu organismo.

De modo geral, isso pode afetar negativamente sua saúde e pode até explicar por que algumas pessoas engordam com mais facilidade do que outras pessoas. Mas, como o seu peso, a saúde microbiana intestinal também é influenciada pelo seu estilo de vida. Isso mesmo, a alimentação e os exercícios físicos também são importantes para a diversidade das bactérias intestinais.


Nossa alimentação pode afetar a sobrevivência e metabolismo das bactérias da microbiota intestinal, causando alterações no padrão de colonização bacteriana e gerando processos inflamatórios no nosso organismo. Uma produção elevada de substâncias inflamatórias no organismo favorece o aparecimento de diversas doenças, como câncer, doença inflamatória intestinal, obesidade, entre outras.


Uma dieta que consiste em alimentos altamente processados ​​tem sido associada a menor diversidade de microrganismos intestinais. E uma dieta não saudável, de alguma forma, impede que os grupos bacterianos benéficos se desenvolvam no nosso intestino. Logo, uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas, o que irá assegurar melhoria na qualidade de vida.

Relação entre o microbioma intestinal e a obesidade


A combinação entre alimentos processados ​​e a falta de atividade física diária elevou o número de pessoas obesas no mundo. A disponibilidade de alimentos ricos em calorias favorece o ganho de peso, que tornou-se cada vez mais comum. A obesidade pode representar um risco aumentado de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes e até câncer.


A composição do nosso microbioma intestinal tem um papel na regulação do peso corporal. Estima-se que 60% da variação em nossa microbiota (em comparação com a de outras pessoas) seja um produto do seu ambiente, especialmente dieta e antibióticos.

Além disso, existem diferenças distintas na composição da microbiota intestinal de pessoas saudáveis ​​e obesas (indivíduos com sobrepeso apresentam padrões de disbiose em comparação com indivíduos saudáveis), ou que têm outro distúrbio metabólico, como diabetes tipo 2.


Por exemplo, indivíduos diabéticos tendem a ter menor abundância de produtores de butirato em seus intestinos. O butirato tem um papel importante em nos proteger da inflamação, mantendo o revestimento intestinal saudável e, o mais importante, regulando nosso metabolismo e ingestão de alimentos. O butirato estimula a liberação de hormônios intestinais que sinalizam ao nosso cérebro que nos sentimos saciados.


Se você não tem um intestino rico em produtores de butirato, isso pode realmente dizer que você está com fome, fazendo com que você coma mais alimentos (potencialmente não saudáveis) para saciar sua fome. A longo prazo, isso pode estimular sintomas como níveis elevados de açúcar no sangue e resistência à insulina.


Estudos mostraram que indivíduos obesos criaram uma "assinatura de obesidade" dentro de seu microbioma intestinal, que moldou o funcionamento do seu metabolismo. Esse efeito pode aumentar a dificuldade de perder peso e facilitar a recaída após a perda de peso, mesmo com uma dieta normal. A assinatura é definida por mudanças nas populações bacterianas que podem contribuir para mudanças em nosso metabolismo através de fatores genéticos e ambientais.


Existem duas bactérias intestinais que estão relacionadas com a prevenção do ganho de peso e são frequentemente encontradas em indivíduos magros: Akkermansia muciniphila e Christensenella minuta.


A Akkermansia produz acetato, um ácido graxo de cadeia curta que ajuda a regular os estoques de gordura corporal e o apetite. Essas bactérias podem degradar o muco que reveste o intestino, promovendo a produção do acetato, o que fortalece a barreira intestinal (em pessoas obesas o revestimento intestinal é mais “fraco”). Uma alternativa para aumentar a abundância de A. muciniphila é a ingestão de alimentos prebióticos que estimulam suas atividades e consequentemente, sua proteção para a obesidade.


A Christensenella também é uma bactéria intestinal associada ao controle de peso. Como a Akkermansia, essa espécie é abundante nos microbiomas de pessoas magras. Alguns pesquisadores acreditam que ela pode ser promissora na prevenção da obesidade, considerada uma epidemia global de saúde.

Como mudar as bactérias intestinais para perder peso


Apesar do desafio, perder peso não precisa ser tão difícil. Na verdade, mudar sua dieta não mudará apenas seu peso, é a maneira mais rápida de mudar sua microbiota intestinal também.


Quando você passa anos se alimentando de uma certa maneira, seu corpo se adapta, e isso inclui a sua microbiota intestinal. Fazer mudanças em sua dieta pode ajudar a iniciar sua perda de peso, mas sem entender o que está acontecendo dentro de você, sua perda de peso pode ser apenas momentânea.


A dieta é um fator importante e determinante do tipo de bactérias que você tem (ou terá) no intestino. Inúmeras dietas são conhecidas hoje em dia. Mas até que ponto essas dietas interferem na composição da microbiota intestinal?

O tipo de bactéria é determinado pelos hábitos alimentares de longo prazo, mas também podem ser alterados com intervenções de curto prazo. Há evidências que demonstram que mudanças na dieta de curto ou longo prazo modificam a estabilidade de grupos de microrganismos e leva a uma possível mudança de grupo de bactérias dominante. Embora algumas mudanças possam transformar rapidamente nossa diversidade intestinal, as alterações de longo prazo podem exigir um acompanhamento por profissionais da saúde.


Uma dieta baseada em alimentos altamente processados tem sido associada a menor diversidade de microrganismos intestinais. E uma dieta não saudável pode, também, impedir que os grupos bacterianos benéficos se desenvolvam no nosso intestino.


Menina indecisa na escolha entre alimentos saudáveis e alimentos industrializados.

Por exemplo, indivíduos que seguem uma dieta rica em fibras e pobre em gorduras (basicamente vegetariana) têm níveis mais elevados de bactérias probióticas fermentadoras, em comparação a indivíduos que tenham uma dieta moderna, rica em gorduras e pobre em fibras.


A alta disponibilidade de fibras no intestino eleva a produção de substâncias benéficas, como o butirato, que induz a proliferação de bactérias com ação anti-inflamatória. Alguns estudos sugerem que a presença de butirato previne o desenvolvimento de câncer colorretal e colite.


Pessoas com dieta baseada somente em alimentos industrializados e baixo consumo de fibras provavelmente não conseguirão multiplicar e manter as bactérias benéficas ao intestino.

A influência da atividade física na microbiota intestinal


Constantemente a nossa microbiota intestinal é exposta a inúmeros fatores externos, como dieta e estresse, que podem alterar a sua composição. Uma das formas de tratamento de diversas doenças e condições é realizada através da modulação intestinal.


Um estudo publicado recentemente mostrou a importância da atividade física nessa modulação, aumentando a diversidade das bactérias no intestino. Indivíduos que levam uma vida sedentária tendem a ter um microbioma que carece de diversidade em comparação com as pessoas que praticam atividades físicas regularmente.


O exercício físico é capaz de reduzir o tempo das fezes no trato gastrointestinal, reduzindo o contato dos patógenos com o trato gastrointestinal, e consequentemente com o sistema circulatório, diminuindo a ação negativa deles no organismo. Além disso, é capaz de aumentar as enzimas antioxidantes e as citocinas anti-inflamatórias, e diminuir citocinas inflamatórias, causando uma redução geral da inflamação intestinal.


Os artigos publicados que relacionam a atividade física e microbiota intestinal mostram que a atividade moderada é a “melhor” para a saúde do nosso intestino. Isso porque nessas atividades o fluxo sanguíneo intestinal normal permanece estável durante sua realização. O mesmo não se observa nos praticantes de atividades intensas por um período superior a 1 hora. Nessa situação, os impactos negativos na microbiota intestinal causam uma alteração na composição de bactérias.


A prática de atividades aeróbicas - como caminhar, correr, nadar, andar de bicicleta e dançar - aumentam a abundância de bactérias promotoras da saúde, como Bifidobacteria, Faecalibacterium prausnitzii e Akkermansia muciniphila. Essas bactérias mantêm o ambiente intestinal saudável e estável, reduzindo o risco de disbiose.


moça se preparando para fazer atividade física. Amarrando o tênis.

Os exercícios também ajudam a estabilizar seus marcadores metabólicos, como glicose e lipídios no sangue, em níveis saudáveis ​​e treina seus músculos para consumir mais energia. Isso também ajuda a regular a gordura corporal. É por isso que a atividade física regular ajuda você a perder peso e permanecer magro.



Lembre-se sempre: a prática de atividade física de forma moderada causa diversos benefícios para a saúde, e isso inclui, a saúde do nosso intestino!


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Fonte:https://www.biome-hub.com/post/existe-uma-liga%C3%A7%C3%A3o-entre-bact%C3%A9rias-intestinais-e-perda-de-peso

A interação entre o microbioma oral e a saúde intestinal

Atualizado: Jan 11

Existem fortes evidências que sugerem uma ligação entre o microbioma oral e a saúde intestinal.


menina sorrindo com destaque nos microrganismos presentes na boca

Quem diria que as bactérias presentes na boca poderiam afetar o equilíbrio do microbioma intestinal? Algumas espécies de bactérias orais conseguem resistir a ação do ácido gástrico presente no estômago e chegam ao intestino, enquanto outras entram na corrente sanguínea e avançam para o cólon.


As bactérias mais prevalentes na cavidade oral são membros dos filos Firmicutes, Proteobacteria e Actinobacteria. No entanto, ao contrário do intestino, o ecossistema bacteriano oral é relativamente estável e não está sujeito a mudanças significativas. Algumas bactérias orais, como Porphyromonas gingivalis , estão associadas à disbiose intestinal.


Na boca, essas bactérias que causam periodontite - uma inflamação e infecção das gengivas -, mas também estão ligadas a uma série de doenças graves associadas ao desequilíbrio no microbioma intestinal. Isso ocorre pois existe a possibilidade de bactérias associadas a cáries e doenças da gengiva chegarem ao intestino e afetarem o equilibrio do microbioma intestinal.

O microbioma intestinal


O microbioma intestinal é um ecossistema complexo que consiste principalmente de bactérias que vivem em harmonia com o corpo humano. Esse microbioma fornece uma série de benefícios, como:

  • fortalecer a barreira intestinal,

  • apoiar o sistema imunológico,

  • fornecer energia e

  • protegê-lo de patógenos oportunistas que podem deixá-lo doente.


É importante entender que a microbiota intestinal é composta por microrganismos que convivem conosco de forma harmoniosa e que até podem nos fazer bem quando mantidos em equilíbrio (chamados de simbiontes ou comensais). A função adequada da microbiota intestinal depende de uma composição estável.


Mesmo que o intestino tenha uma série de barreiras para impedir a entrada de patógenos, como ácido gástrico presente no estômago, bactérias probióticas e células imunológicas, as bactérias da microbiota oral ainda podem entrar e desequilibrar esse ecossistema. Quando a microbiota intestinal está desequilibrada, isso é conhecido como disbiose e está relacionado a uma série de problemas de saúde.


Como as bactérias da microbiota oral conseguem chegar até o estômago e intestino?


A saliva é o principal transportador de bactérias orais. Composto por 98% de água, as glândulas salivares humanas podem produzir até 1,5 litros por dia. Este líquido essencial mantém a boca hidratada e ajuda a digerir os alimentos.


As bactérias orais podem ser carreadas pela saliva e se espalhar por todo o corpo, incluindo o intestino. Pessoas com doenças na gengiva podem engolir uma grande quantidade de Porphyromonas gingivalis todos os dias. Esta bactéria é particularmente resistente a condições adversas porque pode resistir à acidez do estômago e chegar ao intestino. Aqui, ela pode acionar o sistema imunológico e promover inflamação, os quais podem alterar a composição do microbioma intestinal, resultando em disbiose.

Em algumas doenças graves, quantidades aumentadas de bactérias orais foram observadas no intestino, sugerindo que há uma ligação entre os dois. Em particular, medicamentos para refluxo gástrico crônico, chamados inibidores da bomba de prótons (IBP), também podem facilitar a passagem de microrganismos da boca para o intestino, pois reduzem a produção de ácido gástrico considerado uma barreira microbiana importante.

Microbiota oral e a barreira intestinal


O funcionamento adequado da microbiota intestinal depende de uma composição estável. Logo, uma alteração entre os diferentes grupos de bactérias presentes na microbiota ou a proliferação de novos grupos bacterianos podem levar a um desequilíbrio da mesma.


As bactérias da microbiota intestinal ficam restritas ao intestino graças a uma parede impermeável de células que impede que elas escapem e caiam na corrente sanguínea. Há situações em que a membrana que protege o intestino fica danificada (ou permeável), permitindo que substâncias tóxicas e bactérias intestinais caiam na corrente sanguínea.

O desequilíbrio da microbiota intestinal acarreta uma cascata de alterações nas funções do organismo que antes atuavam de forma harmônica, levando a processos inflamatórios, e consequentemente, favorecendo a permeabilidade intestinal.


Um estudo mostrou que uma única administração de P. gingivalis altera significativamente a composição do microbioma intestinal e afeta a função e integridade da barreira intestinal.

O que isso significa para o seu intestino? Quando o revestimento intestinal é comprometido, nossos microrganismos intestinais podem escapar e acabar em locais a que não pertencem, como outros órgãos. À medida que se acumulam nessas áreas, as toxinas e metabólitos secretados podem levar à reações inflamatórias que danificam os tecidos e levam ao desenvolvimento de condições crônicas.


O papel da disbiose oral e outras doenças


A disbiose oral também está associada a outras doenças crônicas, incluindo a artrite reumatoide. Os mecanismos pelos quais esta doença e a periodontite estão ligadas são semelhantes, pois as bactérias patogênicas causam inflamação e perda óssea.


Alguns estudos mostraram que o desequilíbrio da microbita intestinal e oral estão intimamente relacionados ao desenvolvimento de doenças hepáticas. Ao comparar a composição dos microbiomas intestinais de pessoas saudáveis ​​e aquelas com cirrose hepática, constatou-se que as últimas apresentam altos níveis de bactérias orais em seus intestinos.


Em última análise, uma grande abundância de bactérias da microbiota oral no intestino pode ter consequências negativas para a saúde.

Felizmente, adotar uma boa higiene bucal pode ser positivo tanto para sua saúde bucal quanto para a saúde em geral.


Existem dentistas de planos odontológicos que sabem identificar o surgimento de tais bactérias e conseguem reconhecer como elas podem interferir em todo o processo da saúde da boca e do corpo.


Por isso, se faz necessário não só os cuidados que temos em casa, mas também o acompanhamento regular de um profissional. É ele quem poderá identificar quando algo não está indo bem da nossa boca e indicar os melhores tratamentos e precauções.


dentista tratando os dentes de um paciente

Você pode encontrar um dentista especializado através de convênios odontológicos, por exemplo, ou procurar por profissionais clínicos. O importante mesmo é não esquecer de fazer sempre um acompanhamento da sua saúde bucal.


Além disso, a ingestão de uma dieta saudavél (e, portanto, fibras e nutrientes dietéticos) ajudará a manter as bactérias intestinais que promovem a saúde. Isso aumentará a atividade das bactérias, fortalecerá a barreira intestinal e apoiará o sistema imunológico.


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Fonte:https://www.biome-hub.com/post/a-intera%C3%A7%C3%A3o-entre-o-microbioma-oral-e-a-sa%C3%BAde-intestinal

O que sabemos sobre a relação entre microbiota intestinal e a COVID-19

Atualizado: 16 de Set de 2020

Na luta atual contra o COVID-19, os mecanismos de defesa do hospedeiro podem determinar a gravidade e a evolução da doença.


coronavirus

A COVID-19 ataca principalmente o sistema respiratório e os sintomas mais comuns no início da doença são febre, tosse, fadiga, dor muscular, falta de ar, dor de cabeça, dor de estômago, perda de paladar e cheiro e alguns pacientes também relatam sintomas gastrointestinais, como diarreia e náuseas.


A transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2) costuma ocorrer pelo ar ou por contato, seja pessoal (toque ou aperto de mão) ou com superfícies contaminadas com secreções como gotículas de saliva ou muco nasal, oriundos de espirro ou tosse seguido de contato com a boca, nariz ou olhos, porém, já existem evidências de que o novo coronavírus pode ser propagado pelas fezes.


Por que vale a pena levar em conta a microbiota intestinal no combate ao COVID-19


Novos estudos sugerem que o intestino também pode ter um papel relevante tanto na evolução da COVID-19 quanto na transmissão fecal oral. O RNA viral (material genético do vírus) do SARS-CoV-2 foi encontrado nas fezes de pacientes previamente infectados, mesmo após negativação no exame do trato respiratório. De acordo com alguns autores, a diarreia estaria associada a ligação da glicoproteína S do SARS-CoV-2 ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) presente nos enterócitos (célula epitelial da camada superficial do intestino delgado e intestino grosso).


Curiosamente, o ECA2 também é altamente expresso nas células do pulmão e células epiteliais do esôfago. Esses resultados indicam, juntamente com o sistema respiratório, que o sistema digestivo é uma rota potencial para infecção pelo SARS-CoV-2.

O sistema imunológico do intestino é uma das mais extensas redes de células imunológicas do corpo. O desequilíbrio da microbiota intestinal acarreta uma cascata de alterações nas funções do organismo que antes atuavam de forma harmônica, levando a processos inflamatórios, e consequentemente, favorecendo a permeabilidade intestinal.

mulher com dor na barriga

Quando o revestimento intestinal é comprometido, nossos microrganismos intestinais podem escapar e acabar em locais a que não pertencem, como outros órgãos.


À medida que se acumulam nessas áreas, as toxinas e metabólitos secretados podem levar à reações inflamatórias que danificam os tecidos e levam ao desenvolvimento de condições crônicas. Esta é uma das muitas razões pelas quais é importante o restabelecimento, o mais rápido possível, do revestimento intestinal.


Uma microbiota em desequilíbrio pode criar um ambiente inflamatório que o novo coronavírus pode explorar. A replicação viral no intestino determina um aumento exponencial da carga viral na mucosa digestiva, levando a uma perda da integridade da barreira intestinal e uma forte produção de citocinas pró-inflamatórias. A inflamação pode desencadear uma reação imunológica descontrolada que pode causar mais danos do que o próprio vírus, incluindo lesão de múltiplos órgãos.


Um estudo recente mostrou que alguns pacientes que testaram positivo para COVID-19 estavam com um quadro de disbiose intestinal, ou seja, sua microbiota intestinal encontrava-se em desequilíbrio, com redução de bactérias consideradas benéficas Lactobacillus e Bifidobacterium.

Embora não haja nenhuma maneira de nosso microbioma intestinal exercer proteção direta contra a COVID-19, existem evidências científicas que mostram uma relação próxima entre a microbiota e o sistema imunológico. Uma microbiota saudável e equilibrada promove a homeostase imunológica *, evitando assim a hiper-reatividade do sistema imunológico de uma pessoa.


* A homeostase do sistema imunológico intestinal é o estado em que nosso sistema imunológico nos protege de patógenos enquanto permanece inofensivo contra nossa microbiota, alimentos e outros componentes ambientais.



Probióticos e prebióticos


Dentro da dieta, os probióticos e prebióticos podem desempenhar um papel importante na regulação do funcionamento da resposta do sistema imunológico por meio da microbiota intestinal.


Alguns estudos destacaram os benefícios das fibras alimentares e probióticos na melhora de alguns sintomas nas doenças respiratórias. Recentemente, a Comissão Nacional de Saúde da China e a Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa recomendaram probióticos no tratamento de pacientes com infecção grave por COVID-19 como forma de prevenir infecção bacteriana secundária.


No entanto, ainda é muito cedo para recomendar probióticos para prevenir a pneumonia ou reduzir a mortalidade na unidade de terapia intensiva em pacientes com COVID-19, como concluiu estudo publicado no The Lancet Gastroenterology & Hepatology .


Quando se trata de prebióticos, um estudo anterior revelou que uma dieta suplementada com inulina de fibra fermentável por 8 semanas ocasionou uma redução de 10 vezes na carga viral da influenza A e aumento da sobrevida. Ainda não se sabe até que ponto o aumento de alimentos ricos em fibras solúveis como meio para melhorar a recuperação e sobrevivência em pessoas infectadas com SARS-CoV-2.


pessoa com um pote de frutas

De modo geral, os dados disponíveis até agora revelaram que a infecção por SARS-CoV-2 vai além dos pulmões e pode afetar não apenas o sistema imunológico, mas também o trato gastrointestinal. Embora mais evidências em humanos sejam necessárias antes de recomendar probióticos e prebióticos em pacientes com COVID-19, considerar o trato gastrointestinal e o microbioma intestinal no controle do vírus pode oferecer uma abordagem valiosa no ambiente clínico.


Então, as estratégias dietéticas para a promoção da microbiota intestinal e, portanto, o fortalecimento do sistema imunológico associado ao intestino, incluem o aumento do consumo de fibras e prebióticos e a incorporação de alimentos fermentados , e probióticos na dieta.


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Fontes:


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Fonte:https://www.biome-hub.com/post/o-que-sabemos-sobre-a-rela%C3%A7%C3%A3o-entre-microbiota-intestinal-e-a-covid-19

Conexão entre o sistema imune e o intestino

Atualizado: 20 de Out de 2020

Sempre que uma doença infecciosa, como a COVID-19, ameaça a saúde de milhares de pessoas, surge a preocupação de como o nosso sistema imunológico funciona.


celulas de defesa do sistema imunológicos

No geral, a resposta imune humana ajuda a gerenciar uma infinidade de tarefas, uma das mais importantes é combater os patógenos. Como uma grande proporção de nosso sistema imunológico está alojada em nosso intestino, o microbioma intestinal desempenha um papel fundamental na determinação de quando e quão bem nossa resposta imunológica opera.


Manter o sistema imunológico funcionando de maneira ideal está na mente de muitas pessoas que estão buscando maneiras de melhorar sua imunidade. Em razão do momento ao qual estamos vivendo em função do COVID-19, devemos reforçar nossos cuidados, principalmente quando falamos de imunidade.

Embora existam medidas específicas, as pessoas em risco ou com sintomas do COVID-19, devem seguir as recomendações do Ministério da Saúde e procurar as unidades de saúde.


Inúmeros trabalhos científicos mostram que existe um relacionamento benéfico entre o microbioma intestinal, os alimentos que você come e a imunização de forma geral. Neste post, vamos ajudá-lo a entender como melhorar seu o sistema imunológico e entender as muitas maneiras pelas quais podemos controlar nossa saúde.


Microbiota intestinal


Nosso corpo, e especialmente nosso intestino, abriga trilhões de bactérias benéficas que vivem em perfeita harmonia, ajudando-nos a digerir alimentos, eliminando toxinas, produzindo moléculas ativas e educando nosso sistema imunológico para nos proteger contra microrganismos patogênicos.


A relação entre o indivíduo e sua microbiota é chamada de mutualismo, o que significa que esta relação é vantajosa para ambos. Enquanto provemos a elas um ambiente propício para a sua sobrevivência, elas nos fornecem proteção contra patógenos, síntese de vitaminas, absorção de nutrientes e digestão.


Hoje, a ciência alcançou um nível sólido de entendimento das correlações observadas entre a estrutura e composição do microbioma intestinal com a saúde ou doença. Dependendo do equilíbrio e da aptidão da microbiota intestinal, nossa resposta imunológica pode se mostrar forte e resistente ou mais debilitada.


Nutrir nosso ecossistema intestinal pode ser uma das maneiras mais efetivas de reforçar nossa resposta imunológica. Felizmente, existe um papel natural entre nossa dieta e a composição de nosso microbioma intestinal, facilitando a manipulação e o ajuste da nossa microbiota.


A melhor maneira de gerenciar isso é aprendendo a usar a nutrição como um meio de medicina preventiva - tanto para doenças crônicas ou contra agentes infecciosos - e cada pessoa adotar as medidas necessárias para colocar sua saúde em dia. No entanto, este não é um caminho único para todos. Cada indivíduo requer orientação única que pode depender da idade, sexo, saúde, genética, localização geográfica e fatores ambientais.


um pai alimentando uma criança pra melhor o sistema imunologicos

Permeabilidade Intestinal


Muitos estudos vêm demonstrando como as alterações do microbioma se relacionam e interagem diretamente com as respostas do nosso sistema nervoso, sistema endócrino, sistema imune, ou mesmo, se correlacionam com uma grande quantidade de distúrbios, condições ou patologias.


É importante entender que a microbiota intestinal é composta por microrganismos que convivem conosco de forma harmoniosa e que até podem nos fazer bem quando mantidos em equilíbrio (chamados de simbiontes ou comensais).


O funcionamento adequado da microbiota intestinal depende de uma composição estável. Logo, uma alteração entre os diferentes grupos de bactérias presentes na microbiota ou a proliferação de novos grupos bacterianos podem levar a um desequilíbrio da mesma.

As bactérias da microbiota intestinal ficam restritas ao intestino graças a uma parede impermeável de células que impede que elas escapem e caiam na corrente sanguínea. Há situações em que a membrana que protege o intestino fica danificada (ou permeável), permitindo que substâncias tóxicas e bactérias intestinais caiam na corrente sanguínea.


O desequilíbrio da microbiota intestinal acarreta uma cascata de alterações nas funções do organismo que antes atuavam de forma harmônica, levando a processos inflamatórios, e consequentemente, favorecendo a permeabilidade intestinal.


Quando o revestimento intestinal é comprometido, nossos microrganismos intestinais podem escapar e acabar em locais a que não pertencem, como outros órgãos. À medida que se acumulam nessas áreas, as toxinas e metabólitos secretados podem levar à reações inflamatórias que danificam os tecidos e levam ao desenvolvimento de condições crônicas.

Esta é uma das muitas razões pelas quais é importante o restabelecimento, o mais rápido possível, do revestimento intestinal.


Um estudo recente mostrou que alguns pacientes que testaram positivo para COVID-19 estavam com um quadro de disbiose intestinal, ou seja, sua microbiota intestinal encontrava-se em desequilíbrio, com redução de Lactobacillus e Bifidobacterium.


Nesse mesmo estudo, os médicos desenharam uma terapia para a manutenção do equilíbrio da microbiota endógena como um dos passos para melhora dos pacientes. Para conseguir o equilíbrio da microbiota intestinal, foram administrados prebióticos e probióticos, juntamente com um suporte nutricional. Todas essas condutas atuando conjuntamente podem promover a redução o risco de infecção secundária por translocação bacteriana.


Combate aos microrganismos patogênicos


Muitos microrganismos comensais - ou benéficos - ajudam a manter a saúde do revestimento intestinal. Quando nosso microbioma intestinal tem uma produção saudável de butirato - um ácido graxo de cadeia curta -, ele ajuda o revestimento intestinal a permanecer forte e intacto. Dessa forma, o revestimento intestinal protege as comunidades de bactérias comensais quando são detectados patógenos. De fato, nossas células imunológicas reconhecem peptídeos especiais no exterior das bactérias benéficas que sinalizam para as células imunológicas que elas não um perigo para o organismo.


Vários estudos documentaram que nosso microbioma intestinal ajuda a "imunidade adaptativa" ou a nossa resposta imune especializada que combate a doença produzindo anticorpos.


Nossas células imunes adaptativas carregam uma variedade de "chaves" - cada chave correspondente ao "buraco da fechadura" de um vírus diferente. Os cientistas acreditam que alguns de nossos microrganismos intestinais podem realmente ser os que fornecem as "chaves" para nossas células imunológicas.


Por exemplo, pode ser que alguns dos subprodutos que essas bactérias produzam sejam convertidos nas chaves necessárias para o reconhecimento de vírus. No caso da gripe, os cientistas descobriram que essa troca entre os microrganismos intestinais e nosso sistema imunológico resultou em um reconhecimento mais rápido do vírus influenza pelas células imunes dentro dos pulmões.

Vida saudável


Nos últimos dias, muito tem se falado sobre alimentação e seus impactos na imunidade. Constantemente, novas descobertas são feitas sobre a interconectividade de nosso sistema imunológico com a microbiota intestinal.


Nossa microbiota pode ser alterada constantemente com base nos alimentos que ingerimos, e é possível fortalecer o sistema imunológico através de uma dieta balanceada associada ao estilo de vida mais saudável.

Algumas fontes de nutrientes dão uma força especial para o nosso sistema imunológico. Aqui podemos citar:


laranjas
  • Proteínas: alimentos de origem animal (carne vermelha e branca, leite, ovos) e leguminosas (feijão, soja, ervilha, grão de bico).

  • Zinco: carnes de todos os tipos, principalmente a vermelha, derivados de animais e frutos do mar. amendoim, nozes, castanhas, gergelim, leguminosas, queijos

  • Magnésio: leguminosas, oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas) e verduras folhosas.

  • Selênio: a principal fonte é a castanha do Pará ou do Brasil.

  • Vitamina A: está presente em fontes de gordura (queijo, gema do ovo) e em vegetais de coloração alaranjada, como manga, mamão e cenoura.

  • Vitamina C: presente nas frutas cítricas (laranja, mexerica, maracujá, limão, abacaxi), goiaba, acerola, pitanga, pimentão e cajú.

  • Complexo B: É composto por várias vitaminas disponíveis em todos os grupos. A B12 é encontrada apenas naqueles de origem animal.


Se você está focado em tomar as decisões certas e comer uma variedade de alimentos saudáveis ​​para otimizar a sua microbiota intestinal, consequentemente, você está melhorando e fortalecendo seu sistema imunológico.


IMPORTANTE: As informações contidas neste POST BLOG não substitui a consulta com um nutricionista.


Hub

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A relação entre o intestino e doenças como câncer e obesidade

Atualizado: 20 de Out de 2020

Como vimos no post "Qual a relação entre o intestino e doenças como depressão e diabetes?" os desequilíbrios na microbiota intestinal estão associados com diversas doenças, incluindo autoimunes, metabólicas, neoplásicas, neurológicas, gastrintestinais/digestivas, cardiovasculares, neurológicas e infecciosas.


teste rápido para glicemia

Continuando, vamos entender quais são as relações do microbioma com:


Diabetes do tipo 1


O diabetes do tipo 1 é classificado como uma doença de predisposição genética. Entretanto, essa predisposição não age sozinha. Fatores ambientais, como a dieta, exposição a agentes infecciosos e alterações na composição das bactérias que compõem a microbiota intestinal também estão relacionados à doença.


Uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores da USP mostrou que alterações nas populações de bactérias que colonizam o intestino pode desencadear o diabetes do tipo 1. Os autores observaram processos inflamatórios no intestino antes mesmo dos primeiros sinais clínicos da doença. ⠀


O desequilíbrio da microbiota intestinal é considerado um dos sinais do desenvolvimento do diabetes tipo 1.

Uma microbiota saudável é rica em bactérias com alto potencial probiótico, como por exemplo, espécies dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium. Quando essa microbiota saudável é substituída por microrganismos patogênicos e pró-inflamatórios, como a Escherichia coli, por exemplo, pode-se ter uma condição favorável ao desenvolvimento do diabetes tipo 1.

Osteoartrite


A osteoartrite (OA) é uma doença articular degenerativa e a forma mais comum de artrite: aproximadamente 22% da população adulta tem pelo menos uma articulação afetada pela osteoartrite e essa proporção aumenta para 49% em indivíduos acima de 65 anos.


Um estudo publicado na revista Nature mostrou que há relação entre dor nas articulações e a composição da microbiota intestinal. A abundância de Streptococcus pode levar a um aumento da produção de metabólitos que atravessam a barreira intestinal e caem na circulação sanguínea ou através de produtos imunogênicos que estimulam macrófagos locais ou sistêmicos.


A inflamação mediada por macrófagos têm um papel crucial na dor e na gravidade da osteoartrite, e foi sugerido que ela seja desencadeada pelas endotoxinas produzidas pelo microbioma gastrointestinal.


Os resultados encontrados indicaram a microbiota intestinal como possível alvo terapêutico para o tratamento da osteoartrite.


Fibromialgia


A fibromialgia é um quadro generalizado de dor crônica que afeta 2,7% da população mundial. Entretanto, a poucos avanços foram conduzidos para identificação das causas da doença e o tratamento permanece apenas para alívio dos sintomas.


Recentemente um trabalho mostrou a relação do microbioma intestinal com o diagnóstico de fibromialgia. Após comparação e análise da microbiota intestinal de indivíduos com fibromialgia e indivíduos sem a doença, foi possível realizar o diagnóstico com precisão de 87% apenas com base no perfil do microbioma.


Ainda não está claro se as alterações na microbiota observadas em pacientes com fibromialgia são simplesmente marcadores da doença, ou se elas desempenham um papel no seu surgimento. De qualquer forma, os resultados abrem um novo campo de pesquisa e podem significar melhora no diagnóstico e tratamento da doença no futuro.


Doenças Cardiovasculares


Há pouco um estudo revelou que a microbiota intestinal e a microbiota oral estão relacionadas e que ambas podem ser usadas como preditoras de risco cardiovascular. Os autores mostraram uma associação muito clara entre risco cardiometabólico - possibilidade de desenvolver aterosclerose cardiovascular (CV) e diabetes mellitus - e diversidade da microbiota intestinal. Em geral, menos diversidade é igual a maior risco.


Além disso, os participantes do mesmo estudo que tinham alto risco cardiometabólico apresentaram um estado leve de inflamação, vinculado à presença de uma molécula denominada lipopolissacarídeo (LPS), originária de bactérias e causadora de inflamação.


Logo, o perfil bacteriano intestinal de um indivíduo pode ser preditivo e também servir como alvo terapêutico em indivíduos de alto risco.

Também é importante lembrar que uma maior diversidade bacteriana parece reduzir o risco cardiometabólico.


Dito isto, como poderíamos aumentar a diversidade de nossa microbiota intestinal? Segundo cientistas e nutricionistas, a melhor maneira de conseguir isso é levar uma vida saudável e uma dieta rica em fibras.

Câncer


Durante a última década, ficou mais evidente que os microrganismos intestinais podem:


  • produzir toxinas prejudiciais ao DNA e metabólitos carcinogênicos,

  • induzir inflamação promotora de câncer,

  • tornar os tumores mais resistentes aos medicamentos quimioterápicos e

  • suprimir as respostas imunológicas do corpo contra o câncer.


Os microrganismos intestinais também têm sido associados ao câncer de intestino, o terceiro tipo mais comum de câncer no mundo. Uma toxina produzida por uma cepa da bactéria intestinal chamada Bacteroides fragilis foi ligada ao desenvolvimento do câncer de intestino em 2009. Essa toxina estimula o crescimento de células imunológicas para o revestimento intestinal e promove uma cascata inflamatória que pode levar ao câncer.


Outro estudo fez uma descoberta semelhante: uma cepa de Escherichia coli induz o câncer de intestino através da produção de uma toxina que danifica o DNA. Outras bactérias residentes em tumores podem metabolizar quimioterapêuticos, o que contribui ainda mais para a resistência aos medicamentos.


Alguns tipos de câncer, como o colorretal, o de mama e o de endométrio, têm sido associados à presença no intestino, e até no próprio tecido neoplásico, de algumas bactérias dos gêneros Fusobacterium, Atopobium, Gluconacetobacter e Hydrogenophaga.

Com esses resultados, novos estudos e possibilidades estão sendo alcançadas. Mais uma vez, a capacidade de caracterizar o microbioma intestinal rapidamente traz grandes oportunidades de desenvolver um diagnóstico assertivo.


Por que realizar um teste de identificação das bactérias intestinais?


Esses são apenas alguns exemplos de doenças que podem ter relação com a microbiota intestinal. Sendo assim, é de fundamental importância conhecer a composição da microbiota pois ela atua diretamente na absorção de nutrientes e medicamentos, além da síntese de vitaminas, como B12 e K.


A microbiota intestinal também modula o sistema endócrino e com isso acaba influenciando o metabolismo do indivíduo. O sistema imune também é afetado pela microbiota intestinal, ou seja, manter a microbiota em equilíbrio ajuda a proteger contra microrganismos patogênicos. Além disso, as bactérias produzem neurotransmissores que atuam no sistema nervoso central, podendo influenciar em diversos aspectos da saúde, desde o comportamento até o próprio metabolismo.


Assim, acompanhar e entender a composição da microbiota intestinal é um excelente indicador de manutenção da saúde.

Hoje existem no mercado exames que possibilitam a identificação das bactérias presentes na microbiota através do sequenciamento de DNA. As informações do sequenciamento correlacionadas com as condições clínicas podem fornecer informações valiosas para você, profissional da saúde, que terá condutas individualizadas e baseadas em evidências.


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Fonte:https://www.biome-hub.com/post/a-rela%C3%A7%C3%A3o-entre-o-intestino-e-doen%C3%A7as-como-c%C3%A2ncer-e-obesidade



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