UM NOVO CAMINHO: TERAPIAS ALTERNATIVAS COMPLEMENTAM O TRATAMENTO CONVENCIONAL CONTRA O CÂNCER E MELHORAM A QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS
Terapias alternativas complementam o tratamento convencional contra o
câncer e melhoram a qualidade de vida dos que lutam para vencer a doença
05/04/00 - 10h00
Há
três meses, a psicóloga Jassyendy de Oliveira, 48 anos, foi aprovada com louvor
na primeira avaliação radiológica a que foi submetida depois do tratamento para
retirar um tumor no pulmão direito. A tomografia do tórax mostrou que não havia
novas lesões e o processo interno de cicatrização caminhava bem. Desde que o
câncer foi descoberto, em junho do ano passado, Jassyendy fez quatro sessões de
quimioterapia para reduzir 30% do tamanho do tumor e submeter-se a uma cirurgia
que lhe removeria um terço do pulmão. Foi um período difícil e pelo bombardeio
químico recebido por ela era de se esperar que os efeitos colaterais fossem
intensos. Em vez disso, a psicóloga sofreu apenas um leve mal-estar. Fiel ao
tratamento médico convencional, ela queria algo a mais para suportar
emocionalmente o baque da doença e iniciou um tratamento paralelo com acupuntura
e florais de Bach. “Enquanto a quimioterapia cuidava do tumor, a acupuntura e
os florais fortaleceram minha vontade de viver. Saía das sessões de acupuntura
mais disposta e não fiquei deprimida em nenhum momento”, resume a psicóloga.
“Esse conjunto de terapias foi responsável pela minha melhora.”
Jassyendy
ainda não pode ser considerada curada (são necessários no mínimo cinco anos
para que um paciente de câncer receba a alta definitiva), mas o modo como ela
cuidou da doença ilustra uma nova e cada vez mais comum tendência de tratar o
problema: aliar a medicina convencional a terapias alternativas e
complementares (as alternativas não têm comprovação científica, enquanto as
complementares são mais aceitas). Esse modo de encarar o câncer está refletido
diretamente nos números. Nos Estados Unidos, um estudo da Universidade de
Harvard feito em 1997 revelou que 42% dos pacientes com câncer procuraram algum
tipo de ajuda complementar ao tratamento padrão. Em 1990, esse índice era de
34%. Já uma compilação de 26 trabalhos realizados em 13 países mostrou que a
média dessa procura é de 31%. No Brasil, a primeira fase de uma pesquisa feita
entre 1998 e 1999 com três mil pacientes do Hospital A. C. Camargo, em São
Paulo, maior referência em câncer no País, revelou que 48% dos entrevistados
usam pelo menos um outro tipo de terapia em conjunto com a quimioterapia.
“Comecei o estudo porque muitos pacientes perguntavam o que eu acho das
terapias alternativas e eu não tinha uma resposta objetiva”, diz o coordenador
do trabalho, Riad Younes.
Os
principais motivos apontados pelos pacientes para a busca de uma ajuda
complementar são a impessoalidade da relação com o médico tradicional, o uso em
excesso de termos técnicos para se referir à doença e o desejo de receber um
tratamento menos agressivo do que a quimioterapia. E a medicina alternativa
costuma oferecer justamente uma relação mais próxima com os terapeutas, além de
apresentar a perspectiva de tratamentos menos dolorosos. “Os pacientes querem
se agarrar a todas as armas”, afirma Sérgio Petrilli, diretor-clínico do Grupo
de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graac), de São Paulo. Um estudo
recente da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou ainda que o interesse por
terapias complementares não é necessariamente resultado de más experiências com
a medicina convencional. Mas sim uma maneira de os pacientes sentirem que têm
um maior controle sobre o tratamento e podem manter uma melhor qualidade de
vida. A artista plástica Denise Mascherpa, 30 anos, por exemplo, buscou apoio
nos florais e na meditação para recuperar o equilíbrio emocional após ter
sofrido uma cirurgia em 1994 para a retirada de um tumor no ovário. “Acredito
que o câncer tem um caráter psicológico forte”, diz. “Andava muito triste. Acho
que isso contribuiu para o surgimento da doença.” O dentista aposentado Carlos
Schwartz, 78 anos, também faz parte dos pacientes que engrossam o novo perfil
de tratamento contra o câncer. Há cerca de três meses – por conta de um
melanoma (câncer de pele) – ele faz quimioterapia e usa um tratamento
alternativo chamado Canova, com remédios homeopáticos. Diz que eles o ajudaram
a ficar menos abatido e a recuperar o bem-estar. “Parece que esse tratamento
está ajudando a me escorar”, conta.
Mudança – Desde que essa tendência pela união de terapias foi detectada
algo começou a mudar na medicina. Em 1992, o governo americano criou o Office
of Alternative Medicine, um centro dedicado a investigar terapias não
convencionais como meditação, fitoterapia e massagens, entre outras. Passados
oito anos, esse centro foi ampliado em mais dez unidades de pesquisa e recebe
uma verba anual de cerca de US$ 50 milhões do governo. Lá, as faculdades de
Medicina também estão se abrindo e 27 delas incluem cursos de especialização
sobre o tema no currículo. Por aqui, a Universidade de São Paulo (USP) há dois
anos oferece uma disciplina de práticas complementares com a qual o aluno da
faculdade de Enfermagem escolhe se quer ter noções de terapia floral, massagem
e toque terapêutico (uma espécie de massagem energética). “A academia é o
melhor lugar para estudar a validade dessas práticas”, justifica Maria Júlia
Paes da Silva, professora de Enfermagem da USP. Esse novo paradigma de
tratamento recebeu mais dois importantes reforços nos Estados Unidos: mais de
30 planos de saúde passaram a oferecer cobertura para terapias
não-convencionais e renomados centros de oncologia começaram a adotá-las
juntamente com os procedimentos habituais.
No MD Anderson Cancer Center, o maior centro americano de tratamento de câncer,
foi aberto há dois anos o “Place of wellness” (algo como lugar do bem-estar),
onde os pacientes complementam seus tratamentos com atividades que vão desde
aulas de tai chi chuan até arteterapia e auto-hipnose. “Além do corpo, a mente
e o espírito têm de se recobrar do câncer”, diz a coordenadora Laura Baynham,
na homepage do MD Anderson. O Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova
York, oferece no departamento de Medicina Integrativa (que busca a interação de
diversas terapias) acupuntura, massagem, meditação e outras técnicas. Em São
Paulo, um dos centros pioneiros a divulgar esse conceito de medicina
integrativa para o câncer é o Day Care Center, que conta com a supervisão do
Memorial Sloan-Kettering e do Beth Israel Medical Center. Na clínica, onde o
atendimento é gratuito, o paciente tem à disposição um suporte emocional que
inclui psicoterapia breve (cerca de oito sessões focalizadas no problema),
visualização (relaxamento baseado na projeção mental de imagens) e
musicoterapia. “Esse apoio se traduz em menos complicações e queixas por conta
da quimioterapia”, explica Ana Georgia de Melo, uma das diretoras da clínica.
Quem
frequenta espaços como esses também pode esclarecer dúvidas sobre as diversas
terapias que usa e ouve falar. É uma chance e tanto. Isso porque, em média,
menos de 40% dos pacientes contam para seu médico que estão adotando algum tipo
de terapia alternativa. O restante tem receio de ser criticado. “Esse clima não
é bom. O ideal é abrir o jogo com o médico”, diz Sérgio Petrilli, do Graac. O
músico Pedro Luiz Albernaz Jr., 35 anos, se conscientizou disso desde que
recebeu o diagnóstico de melanoma, em 1997. À quimioterapia que tem de fazer,
ele somou práticas como meditação, remédios fitoterápicos e antroposóficos, mas
sempre sob a vigilância de seu oncologista. “Falo sobre tudo para que ele me
oriente caso alguma dessas escolhas possa atrapalhar a quimioterapia”, conta.
Vera Rodrigues Pereira, 47 anos, também não escondeu do médico a opção de usar
a cromoterapia (terapia com luzes) para dar um “reforço” à quimioterapia que
seu filho, Andrei, dez anos, recebeu no ano passado devido a um tumor na tíbia
(osso da perna). Aplicava o conjunto de luzes na perna do garoto diante do
especialista e ao mesmo tempo ele passava pela sessão quimioterápica. “O
importante era meu filho ficar bem. Acho que isso ajudou a reduzir os efeitos
colaterais”, conta Vera.
Abrangência – Mas será mesmo que cuidar do emocional contribui para enfrentar
melhor a doença? “Essa abordagem corpo-mente é útil na qualidade de vida do
paciente. Mas ainda resta saber se ela pode aumentar a sobrevida”, pondera
Antonio Carlos Buzaid, diretor-executivo do Centro de Oncologia do Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo. No entanto, uma coisa é certa: não faz mais
sentido enxergar o paciente de câncer exclusivamente como um tumor a ser
combatido. A relação entre corpo e mente é tão inseparável que se tornou óbvia
até para o mais cético dos cientistas. “O mundo está acordando para o fato de
que não adianta apenas destruir o câncer. É preciso se preocupar em não
prejudicar o indivíduo”, aponta Nise Yamaguchi, vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Cancerologia. Realmente. “Aspectos psicológicos como stress e
depressão podem interferir na doença”, diz Sérgio Petrilli.
Cuidar
da saúde mental dos pacientes, portanto, é fundamental. Mas é preciso ter
cuidado. O perigo é o doente achar que pode mudar o curso da doença apenas com
a força da mente. Essa é uma idéia pouco consistente e pode gerar sentimento de
culpa e frustração se o caso evoluir mal. Assim como depositar as esperanças de
cura em uma planta ou gotinhas “milagrosas” pode ser um suicídio. “É normal que
as pessoas busquem auxílio nessas técnicas por desespero. Mas sou contra a
mistificação. É mentira dizer que algumas gotinhas, chazinhos ou agulhinhas
salvam. Já vi pacientes que tinham um tumor operável, mas preferiram usar a
terapia alternativa e acabaram morrendo. Estou cansado de ver isso acontecer e
ninguém ser punido”, enfatiza o oncologista Drauzio Varella.
A
babosa, por exemplo, é uma planta que não tem efeito sobre tumores, mas é
amplamente usada pela população. No ranking das terapias alternativas mais
procuradas pelos pacientes entrevistados no Hospital A. C. Camargo, ela ficou
em primeiro lugar. Só que, além de não agir contra a doença, há quem afirme que
a babosa pode causar diarréia e até matar (leia entrevista à pág. 98). “Alguns
pacientes tiveram de suspender a quimioterapia por causa desse problema e se
prejudicaram”, diz Riad Younes. Por isso, mesmo quando um paciente diz ter
melhorado por causa da babosa, é preciso cautela. A orientadora educacional
Lúcia Adelaide de Araújo, 64 anos, por exemplo, está utilizando um remédio à
base da planta desde 1996, quando sua ginecologista decretou que teria de um a
seis meses de vida por causa de um câncer no útero. “Um amigo me falou do
remédio fitoterápico à base de espinheira-santa, pau-d’arco e babosa e eu
comecei a tomar. Consultei um oncologista e ele disse que eu podia acreditar
naquilo desde que não interrompesse a quimioterapia”, conta Lúcia. A
orientadora seguiu a recomendação. Fez a quimioterapia e submeteu-se a uma
cirurgia para a retirada do útero, trompas e ovários. Hoje ela está livre do
tumor e faz exames de controle a cada seis meses.
Cautela – Utilizar o tratamento não-convencional como única arma no
combate ao câncer é, sem sombra de dúvida, desaconselhável. As terapias
complementares não curam a doença. Elas servem para ajudar a controlar seus
sintomas e melhorar o bem-estar. Entre os métodos não convencionais, a
acupuntura e a meditação são as mais aceitas pela comunidade médica. Embora
ainda não se conheça seu verdadeiro mecanismo de ação, a acupuntura estimula o
sistema de defesa do corpo, diminui efeitos colaterais da quimioterapia, como
náuseas, e alivia a dor. Tanto que tem sido usada há dez anos no Instituto
Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. É uma das alternativas da clínica
de dor do hospital, já que 60% dos pacientes com câncer estão sujeitos a sentir
dores. A meditação, por sua vez, ajuda a poupar o organismo porque provoca um
alto nível de relaxamento – cerca de seis vezes superior ao do sono – e diminui
a produção de cortisol, hormônio relacionado ao stress.
Em relação ao combate direto ao tumor, a principal contribuição vem da fitoterapia,
que deu à medicina tradicional mais uma arma para o combate ao câncer de
próstata. Trata-se de um composto de oito ervas batizado de PC-SPES, capaz de
reduzir o nível do PSA (proteína produzida pela próstata que serve como um
indicador do câncer) em homens com tumores avançados, graças a mecanismos ainda
não desvendados. O Viscum album, planta usada pela medicina antroposófica,
também poderá se tornar mais uma aliada contra a doença. Ela já é utilizada há
muitos anos na Lukas Clinic, um hospital suíço que segue os preceitos da
antroposofia para tratar pacientes com câncer. Ainda há, entretanto,
necessidade de se fazerem mais pesquisas para comprovar efetivamente a sua ação
contra o tumor. Alguns trabalhos, por exemplo, apontaram que o Viscum album funciona
bem para tumores no ovário e na mama, mas para o melanoma pode ter efeitos
indesejados, como uma maior possibilidade de recorrência do problema. “A
natureza é um laboratório incrível, mas as chances de se encontrar um bom
remédio que possa ser comercializado são muito limitadas”, disse à ISToÉ Gordon
Cragg, chefe do Departamento de Produtos Naturais do Instituto Nacional do
Câncer dos EUA.
Com
o avanço das pesquisas e a maior segurança quanto a eficácia das terapias
não-convencionais, a interação entre os diversos tratamentos poderá traçar um
novo caminho no combate ao câncer. E isso deve colaborar para derrubar
radicalismos. “Muitos médicos ainda têm preconceito contra a acupuntura, assim
como os acupunturistas fazem restrições aos médicos. Se aproveitarmos o melhor
que cada um pode oferecer, quem lucra é o paciente”, diz o médico Maurílio
Martins, acupunturista do Instituto Nacional do Câncer.
Separação
do joio e do trigo
Cartilagem
de tubarão, cogumelos do sol ou acupuntura? Dessas três opções, apenas a última
tem a sua eficácia comprovada por meio de estudos clínicos na redução de dores
e da náusea comuns ao tratamento do câncer. O fato é que é preciso ter muito
cuidado quando se procura ajuda nas terapias alternativas. Para saber o que
realmente funciona e o que é puro embuste são necessárias, por exemplo,
pesquisas científicas baseadas também em metodologias consagradas pela medicina
convencional. Há parâmetros palpáveis para medir a eficiência dos florais,
auriculoterapia (estimulação de pontos na orelha) ou qualquer outra técnica.
Não é porque a maioria das técnicas alternativas não interferem diretamente
sobre o tumor que seus eventuais benefícios não possam ser percebidos.
“Qualidade de vida é perfeitamente mensurável”, afirma Antonio Carlos Buzaid,
diretor-executivo do centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São
Paulo.
É necessário também não se deixar inebriar
com a atração de que essas terapias são naturais e, portanto, livres de efeitos
mais danosos. “Mandioca-brava é natural e mata”, diz Buzaid. A cartilagem de
tubarão, algo “natural”, por exemplo, não tem ação nenhuma sobre o câncer de
acordo com os estudos mais recentes. Um método de cura para o câncer criado há
três anos na Itália pelo médico Luigi Di Bella ilustra o que a divulgação
irresponsável de tratamentos “milagrosos” pode fazer com a ajuda da mídia.
Batizado
de “Di Bella”, o método se propunha a curar o câncer com uma mistura de
vitaminas e hormônios, ao preço aproximado de US$ 5 mil por mês. Trouxe muitas
falsas esperanças. Não tinha comprovação científica. Como consequência,
milhares de pacientes foram atrás do método que, tempos mais tarde, mostrou-se
ineficaz.
Por
isso, é importante seguir algumas recomendações para evitar surpresas: converse
com o seu médico antes de adotar qualquer terapia complementar; lembre-se de
que muitos remédios ainda não tiveram a eficácia comprovada cientificamente e
que “natural” não significa “seguro”; evite qualquer método que prometa a cura
do câncer; procure informações em hospitais e associações ligadas à doença.
Interesse médico
A médica americana Barrie
Cassileth, autora do livro The alternative medicine handbook, guia sobre as
práticas não-convencionais, chefia o Serviço de Medicina Integrativa do
Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, um dos melhores hospitais
do Estados Unidos especializados no atendimento do câncer. Criado em abril do
ano passado, o serviço oferece aos pacientes terapias como tai chi chuan,
hipnose e técnicas de relaxamento. Barrie falou, por telefone, a ISTOÉ:
ISTOÉ – Os médicos estão mais abertos às terapias
não-convencionais para complementar o tratamento do câncer?
Barrie Cassileth –
Sem dúvida. Cerca de metade dos médicos está interessada nelas e disposta a
usá-las como parte do tratamento. Mas é importante saber que nenhum deles se
arriscaria a usar terapias que não possuem comprovação científica. Está se
usando cada vez mais terapias complementares como meditação e acupuntura, que
já têm seus benefícios estudados pela ciência.
ISTOÉ – A abordagem que
estabelece relação entre corpo e mente é a melhor maneira de cuidar da doença?
Barrie – É um caminho que se
está mostrando útil. E deve dar ao paciente a opção de escolher o tipo de
terapia que lhe for mais agradável.
ISTOÉ – Por que a medicina
convencional está se interessando somente agora pelo tema?
Barrie – Na verdade, já se sabia
há 20 anos que o apoio psicológico é um ponto importante para se enfrentar o
câncer. Hoje esse apoio é muito mais amplo.
ISTOÉ – Existe alguma terapia alternativa mais promissora?
Barrie – Entre os fitoterápicos,
o PC-SPES, uma combinação de oito ervas, já se mostrou eficiente no câncer de
próstata, e o Viscum album, que é usado na Europa, está sendo melhor estudado.
ISTOÉ – E a babosa?
Barrie – Ela é boa se for usada
na forma de creme, externamente, para tratar queimaduras. Para o câncer ela não
tem efeito e pode ser mortal se for usada internamente. Pessoas já morreram
depois de terem injetado babosa na veia.
Fonte:
https://istoe.com.br/34209_UM+NOVO+CAMINHO/
MEDICINA INTEGRATIVA,UM NOVO CONCEITO
Atualizado: 6 de Jun de 2020
Medicina Integrativa é a prática da medicina que reafirma a importância da relação entre o paciente e o profissional de saúde, tratando a doença, mas focando principalmente na saúde física e mental, com melhora da qualidade de vida. É uma abordagem holística, na compreensão do homem como um todo indivisível, impossível de ser separado em corpo físico, mente e espírito, com ênfase na cura, no relacionamento interpessoal e no contexto de vida.
Nessa parceria do médico e seu paciente, sendo o paciente o ator principal no processo, como seu próprio agente de saúde. O paciente deixa de receber passivamente o tratamento para uma doença e passa a participar ativamente da própria saúde. A saúde é também uma responsabilidade individual.
A abordagem Integrativa considera em cada paciente os fatores genéticos, ambientais, nutricionais, psicossociais, estressantes e culturais associados a crenças, valores e símbolos. Estimula, por fim, a ênfase na prevenção de doenças e promoção de saúde, afirmando que se trata de práticas existentes desde a origem da medicina moderna, porém negligenciadas.
A medicina integrativa alia os conhecimentos da medicina convencional a praticas complementares. Integra exame físico, laboratorial, medicamentos, acupuntura, atividade física, práticas meditativas, técnicas de respiração, relaxamento, yoga e atenção plena, uso de fitoterápicos, reposição de vitaminas, minerais, antioxidantes, lactobacilos sempre baseados em evidências em relação à segurança e eficácia.
Na contramão da medicina tradicional e ortodoxa,
terapias alternativas estão ganhando cada vez mais espaço em hospitais públicos
e privados de todo o Brasil. É a chamada medicina integrativa, que busca,
através do melhor de cada vertente, promover o bem-estar dos pacientes e chegar
o mais próximo possível da perfeição médica.
A medicina integrativa busca tratar o paciente como um todo e
não apenas continuar com a ideia de que os especialistas enxergam os pacientes
apenas como o órgão da especialidade em que clinicam. Uma paciente com câncer
de mama, por exemplo, precisa de acompanhamento psicológico também para que o
diagnóstico e o tratamento sejam feitos com sucesso. O ser humano, visto e
tratado como um todo (corpo, mente e espírito), tem chances maiores de cura e
de qualidade de vida.
As especialidades que compõem a medicina integrativa são a
medicina tradicional, também conhecida como alopatia, e as terapias
alternativas mais variáveis possíveis como: musicoterapia, homeopatia,
acupuntura, uso de fitoterápicos, aromaterapia, técnicas de respiração,
meditação, quiropraxia, reiki, tai chi chuan, entre várias outras.
Até pouco tempo muito questionadas por estudiosos e
especialistas na medicina, as terapias alternativas – agora muito chamadas de
complementares – recebem cada vez mais atenção e certificação de eficazes se
usadas em conjunto com a medicina tradicional. Atualmente já estão implantadas
em diversos centros médicos e inclusive no SUS. O Sistema Público de Saúde
oferece em suas consultas as especialidades de fitoterapia, homeopatia e
acupuntura. Na rede privada, um número cada vez maior de planos de saúde e
clínicas particulares oferecem as mais diversas terapias complementares para o
tratamento dos pacientes. Não é raro ir a um médico e ser encaminhado para um
acupunturista, por exemplo. As terapias alternativas promovem um tratamento
pouco invasivo e de rápido retorno de melhora, o que as faz serem muito bem
aceitas pelos pacientes.
Alguns estudos ainda questionam o efeito placebo que as terapias
alternativas teriam sobre os pacientes, mas outros comprovam a eficácia das
práticas. O efeito placebo seria o responsável pela melhora dos pacientes que,
de tanto acreditar que aquele tratamento faria efeito, realmente erradicariam
os sintomas. Se for o caso, mesmo trabalhando apenas a mente, já seria um ganho
de qualquer forma. No entanto, para a ciência, tudo deve ser sempre muito bem
comprovado e a tendência é que cada vez mais as terapias alternativas possam
ser certificadas por sua eficácia. A medicina integrativa e os pacientes só têm
a ganhar!
Abaixo,
exemplificamos algumas das terapias alternativas mais usadas e os benefícios
que podem proporcionar. Confira:
>
Acupuntura
Com origem na China Antiga, a prática busca promover alívio para
dores crônicas através de agulhas implantadas em pontos específicos que remetem
cada um a um órgão ou uma parte do corpo. São mais de 300 pontos diferentes
espalhados em todo o corpo. Ao serem estimulados, liberam sustâncias
analgésicas, as chamadas endorfinas. As principais indicações para uso desta
terapia alternativa são: dor nas costas, dor de cabeça, ansiedade, depressão,
insônia, entre outros.
>
Musicoterapia
Capaz de alternar as ondas cerebrais através de estímulos
musicais, ativam algumas áreas importantes de nossa massa cinzenta, como o
hipotálamo, que controla o apetite e altera o humor, e o hipocampo, que
responde pela memória recente. A musicoterapia começou a fazer parte da
medicina recentemente, na década de 1960, mas tem sido cada vez mais usada
desde então. É indicada para dores agudas e crônicas, depressão, autismo e
recuperação do câncer.
>
Homeopatia
Talvez a terapia alternativa mais conhecida e usada pelos
brasileiros, é uma alternativa direta à medicina alopata. Através de gotinhas
ou comprimidos periódicos, promove o tratamento da doença, e não dos sintomas,
em médio e longo prazos. Pode ser usada em conjunto com a medicina tradicional
para resultados mais rápidos. É bastante indicada para doenças respiratórias e
alérgicas.
>
Fitoterápicos
É o uso da natureza direta para tratar os males que possam
acometer as pessoas através de extratos, infusões e pomadas. Faz parte do senso
comum de nossos pais, avós e bisavós. Indicado para os mais diversos problemas.
Atualmente, o SUS oferece 12 extratos de plantas em toda sua rede; todos
aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
> Reiki
Criada por um monge budista, a técnica pretende através da
canalização da energia promover sensação de cura e bem-estar nas mais diversas
áreas do corpo. Ativa o sistema imune e ajuda a tratar doenças infecciosas e
câncer. Ainda está sendo estudada para comprovar sua eficácia de forma
científica.
Fonte: Portal
Viver Bem
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