SUPERAÇÃO PELA DANÇA : VÁRIOS TIPOS DE DANÇA PROMOVEM SAÚDE FÍSICA E MENTAL

Superação pela dança: jovem com síndrome de Down apresenta evoluções com a atividade

Atividade promove saúde física e mental

Não resta nenhuma dúvida de que a dança é uma livre manifestação da alma. Ela é uma forma de expressão coordenada, com a qual expressamos nossos sentimentos, emoções e alegrias. Das artes, é considerada a mais antiga e completa, pois cria os movimentos e os expressa por meio do corpo. Assim, a presença da dança na vida do homem sempre teve uma grande importância, pois o acompanha desde os rituais dos povos primitivos até hoje. Com o tempo, a dança também foi adquirindo outros fundamentos e hoje é vista como uma das melhores formas de superação. Além disso, pode ser praticada por crianças, jovens, adultos e idosos e se tornou um importante instrumento de terapia.


O bailarino, coreógrafo e investigador de culturas Rui Moreira garante que não existe idade certa para dançar. “Cada um tem seu tempo e sua preferência e pode-se perceber que todos têm um ritmo próprio, o que abre ainda mais portas para a prática da dança. Se analisarmos os locais diversos, nos quais as pessoas buscam contato com essa prática, identificamos claramente a predileção de cada faixa etária por um tipo de dança. As crianças são mais adeptas às brincadeiras lúdicas quando interagem no espaço com outras, objetos e até instrumentos musicais. Já os jovens e adultos aderem mais às danças populares contemporâneas, que são embaladas por ritmos diversos. Por sua vez, idosos buscam nas danças de salão uma interação com seus pares e também com as outras idades. Embora haja variedade de ritmos, a dança funciona como um tipo de terapia, propiciando melhoras na saúde física e mental.”

Stéphanie Costa, de 22 anos, tem síndrome de Down e é apaixonada por dança. Aos 12, pediu à mãe para matriculá-la em uma escola, pois queria muito aprender a dançar. E, desde aquela época, não parou mais. Alegre, ela também fez teatro, mas reconhece que foi mesmo a dança que conquistou seu coração. “Já fiz teatro e dança flamenca, mas é da dança do ventre que gosto mais. Fiz muitos amigos e conversamos muito, até sobre namorados, mas o que gosto mesmo na dança do ventre é dançar a música Brasileirinho.”

Cleide Costa, mãe de Stéphanie, lembra que a dança foi um divisor de águas na vida da filha, pois, antes, ela era tão tímida que não interagia com ninguém. “Stéphanie chegou a fez terapia ocupacional e tratamento psicológico até os 18 anos. Embora a dança não tenha sido indicada por especialistas, eles sempre a acompanharam em suas apresentações, com o intuito de trabalhar o gosto pela dança também nos consultórios. Quem a vê rodopiando pelo salão compartilha a mesma emoção que ela sente, pois minha filha tem a dança no sangue. Ela tem a sensibilidade especial que os artistas têm e faz com que a plateia se emocione, mesmo que seja em um teatro cheio, na sala de casa ou mesmo em um salão da comunidade.”

FORMA DE INTEGRAÇÃO 

O certo é que a dança pode ter um caráter de lazer ou terapêutico. Porém, é considerada uma forma de integrar pessoas com características especiais na sociedade, para que possam manifestar a vontade no universo da cosmogonia própria, que acomete cada um. Rui explica que a dança, como manifestação artística, possibilita um mergulho no próprio corpo e nos instiga a nos descobrir, nos soltar e perceber uma liberdade que transcende conceitos. “A prática possibilita uma grande perspectiva para que as pessoas enxerguem o mundo a partir da comunicação. As terapias coletivas que envolvem a dança levam quem as pratica para esse lugar de sensação de plenitude, liberdade e autoconhecimento. A oportunidade de a pessoa trabalhar o próprio corpo emana dela mesma, de como se percebe em relação ao que ocorre à sua volta. Pessoas com algum tipo de deficiência podem ter a arte, em todas as suas variantes, como espaço para se expressar e dar vazão aos sentimentos mais profundos.”

Rui ressalta que o fato de a maioria não estar acostumada a isso, entende essa prática como algo extraordinário, e que realmente é lindo, maravilhoso e tocante, mas que não é sobrenatural. “O que gostaria mesmo é que todos entendessem que as pessoas especiais também fazem coisas especiais, como dançar e emocionar, serem artistas sensíveis e emocionantes. Comprovadamente, a dança faz parte do ser humano, tenha consciência disso ou não.”

BIODANÇA 

Essa forma de comunicação e vínculo afetivo é muito trabalhada na biodança. De acordo com o terapeuta holístico Henrique da Silva, professor há 16 anos, a biodança ou dança da vida estabelece novas formas de comunicação e vínculo afetivo entre as pessoas de forma divertida e equilibrada. “Ela atua em nível preventivo e curativo nas mais diversas áreas, como recuperação da autoestima, reeducação afetiva, reintegração humana e reaprendizagem das funções originais da vida. A biodança trabalha no processo de mudança porque estabelece novas formas de comunicação e vínculo afetivo. É uma matriz de renascimento na qual cada participante encontra um continente afetivo e permissão para o conto e expressão de sua identidade. A música é utilizada como um instrumento de mediação entre a emoção e o movimento corporal, sendo uma linguagem universal acessível a todas as pessoas de qualquer época e região.” 




A PROPOSTA DA BIODANZA
 
DEFINIÇÂO

Biodanza é um sistema de integração e desenvolvimento de potenciais humanos mediante a dança, a música e situações de encontro em grupo. "Integração" significa coerência e unidade entre as diferentes funções orgânicas e psíquicas. O homem atual está dissociado a nível motor, emocional e orgânico. Sente uma coisa, pensa outra e atua de forma diferente. Sua existência é inautêntica, fragmentada. Essa situação o conduz à depressão, ao stress e à destrutividade. "Desenvolvimento de potenciais humanos" significa simplesmente a expressão genética das imensas capacidades afetivas e intelectuais.

A Biodanza estimula, através da música e situações de encontro em grupo, tanto a integração como o desenvolvimento dos potenciais inatos. Uma definição mais global poderia ser: Biodanza é uma poética do encontro humano que permite a expressão da identidade e o prazer de viver.

Os exercícios de Biodanza estão organizados a partir de um Modelo Teórico baseado nas Ciências da Vida: Biologia, Antropologia, Psicologia e Sociologia. O paradigma filosófico fundamental da Biodanza é o Princípio Biocêntrico. Todo o universo, inclusive os seres humanos, está organizado em função da vida. Dentro da nossa concepção, pretendemos resgatar a sacralidade da vida.

Se a nossa cultura optou por valores que conduzem à destrutividade e à morte, a Biodanza propõe uma cultura para a Vida, uma nova visão do mundo e da existência. Assim sendo, podemos dizer que Biodanza não é apenas uma forma saudável de liberação e saúde. Sua ação constitui uma forma de ecologia humana baseada em uma percepção da vida como experiência suprema.
 
QUAL O OBJETIVO FINAL DA BIODANZA

O objetivo final de Biodanza é produzir modificações estáveis do estilo de vida e elevar a qualidade de vida. O conceito de "renascimento" em Biodanza implica uma renovação existencial. Onde quero viver? Com quem quero viver? Que tarefas desejo desempenhar na vida? Biodanza estimula a coragem para chegar a cumprir os objetivos interiores.

As mudanças transitórias induzidas por sessões isoladas de Biodanza não são suficientes para produzir o processo de integração e a expressão dos potenciais. Não basta alcançar o bem-estar, é necessário ter acesso à felicidade.
QUAIS OS POTENCIAIS FOCALIZADOS NA BIODANZA

Que necessita uma pessoa para ser feliz? Temos aqui uma lista de aspirações humanas obtidas através de uma pesquisa com 600 pessoas:

  • Saúde, alimento, energia.



  • Afetividade, amor, compreensão, prazer, amizade, solidariedade, ternura.



  • Criatividade, trabalho, casa, livre expressão.



  • Transcendência, acesso ao êxtase, visão de totalidade, expansão de consciência.



  • Observando esta lista de necessidades, podemos descobrir que elas correspondem às cinco Linhas de Potencial que a Biodanza desenvolve.

    A felicidade é contagiosa. Uma pessoa feliz pode influir na felicidade de muitas outras. A felicidade é um processo de maturação. Cada pessoa pode desenvolver seus potenciais de felicidade e alcançar estados cada vez mais refinados e intensos.

    QUAL É A FUNÇÃO DO GRUPO

    O grupo é essencial no processo de mudança porque induz novas formas de comunicação e vínculo afetivo. O grupo é uma matriz de renascimento na qual cada participante encontra continente afetivo e permissão para a mudança. Durante um século de psicoterapia tem-se concentrado o interesse no indivíduo como ser isolado. Hoje sabemos que não existe a possibilidade de uma evolução solitária. Martin Buber, Pichon Rivière, James Hilmann e Kenneth J. Gergen começaram a busca do homem como ser relacional. Nasceu o homem ecológico. A presença do semelhante modifica o funcionamento das pessoas em todos os seus níveis orgânicos e existenciais.

    BIODANZA, UM MOVIMENTO MUNDIAL

    A Biodanza foi criada há trinta anos, a partir das observações e experimentações do chileno Rolando Toro Araneda.

    Existem núcleos e escolas de formação de professores em vários países da Europa, como Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Áustria e Itália

    A expansão da Biodanza em todo o mundo com impressionante força deve-se ao fato de apontar as necessidades mais profundas desta época de crise ética e cultural.

    Fonte:http://www.escoladebiodanza.com.br/index.php?
     

    Sem frufru, balé para adultos conquista pela realização de sonhos e pela acessibilidade

    Democrática, aula de balé acolhe quem quer voltar a dançar ou deseja realizar o sonho de ser bailarina, mas não teve oportunidade. Mesmo respeitando as diferenças e limitações de cada aluno, disciplina e rigor técnico são exigidos. Quer a boa notícia? Esqueça a frase 'nunca vou aprender'

    O telefone toca. Do outro lado, uma voz feminina vacila. Desliga. O telefone toca de novo. Desta vez, a voz pergunta se a escola oferece aulas de balé. Diante da resposta afirmativa, a próxima pergunta: “Mas é só para adultos mesmo? Ou é misturado com crianças e adolescentes?”. A história faz parte do dia a dia das escolas de dança que oferecem aulas de balé para quem já “passou da idade”. Ao mesmo tempo em que provoca fascínio, a procura pelas aulas ainda é motivo de constrangimento. A boa notícia é que, apesar de toda essa aura inalcançável que envolve o balé desde que a dança surgiu, as aulas são muito acessíveis, para iniciantes de todas as idades, e trazem muitos benefícios para a saúde do corpo e da mente.

    No Centro de Arte Savassi, em Belo Horizonte, a bailarina clássica e estudante de psicologia Deborah Teixeira Lopes e a bailarina do Grupo Corpo Daniela Ramalho montaram uma estrutura para receber crianças, adolescentes e adultos interessados em aprender o balé, só que é cada um na sua: turmas com perfis diferentes participam de aulas personalizadas. “Dentro dos limites de cada pessoa, é possível extrair o melhor para a dança, para o bem estar e para os objetivos de cada um, sem negligenciar a técnica”, explica Deborah.

    A primeira pergunta que um novo aluno vai ouvir é: qual o seu objetivo? Faz sentido, porque as indicações são muitas e maioria dos novos alunos não busca a profissionalização, embora isso seja possível. Nada impede que, mesmo começando 'tarde', um aluno se torne bailarino contemporâneo ou coreógrafo.

    Por outro lado, ainda que possa ser apenas a retomada de um sonho de infância, o balé funciona como importante coadjuvante no tratamento da depressão e também para outros problemas de origem psicológica, por exemplo: a dificuldade em terminar algo que começou. “A disciplina oferecida pelo balé ajuda na conquista da determinação, do foco e do autoconhecimento”, diz a bailarina.

    Primeiros passos

    Mesmo quem nunca fez nenhum tipo de dança pode começar do zero. Os ganhos para a coordenação motora são rápidos. Outros benefícios são a evolução da força, agilidade, alongamento, equilíbrio e noção espacial, além do sentimento de superação e conquista; o aguçamento da sensibilidade musical e também o enriquecimento cultural.
    As irmãs Vanessa e Jéssica: uma levou a outra para o balé
    Além disso, a dança é capaz de promover relaxamento e facilitar o processo de emagrecimento. E mais: trabalha a memória, porque a bailarina tem que decorar as sequências e ficar atenta à ordem enquanto faz os movimentos.

    Para fazer uma aula experimental, basta uma meia soquete e uma roupa confortável, que facilite os movimentos. “É claro que é importante fazer uma avaliação médica, para avaliar se há alguma restrição à dança. Mas, em geral, não há contraindicações”, define a professora.

    Caso o aluno decida continuar, será necessário comprar a sapatilha. A de meia-ponta, indicada para quem está começando, custa em média entre R$40 e R$50, nas casas especializadas. O figurino importa, embora a exigência não seja a mesma que há com o bailarino profissional.

    O cabelo deve estar preso, de preferência; a meia-calça e o collant são ideais para a prática e a saia trespassada dá conforto e facilidade para os movimentos. “A vestimenta da bailarina ajuda a aluna a se sentir bem e bonita diante do espelho”, indica Deborah.

    Mariana (de cinza) acha que o balé pode trazer base técnica e consciência corporal para aprender outras danças
    As irmãs Vanessa e Jéssica Queiroz, estudantes universitárias de 19 e 24 anos, começaram a fazer as aulas em abril. Antes do balé, a única atividade física que Vanessa estava fazendo era aquela caminhadinha algumas vezes por semana. Depois que a irmã se matriculou, ela gostou da ideia e já percebe a evolução. “No primeiro dia, senti que estava muito travada. Um mês depois, já percebo que os movimentos fluem”, explica a futura médica. Já Jéssica ressalta que a aula é um momento de concentração – nos movimentos, na música, nela mesma. “Esqueço o que tem lá fora, as preocupações e problemas”, revela.

    A engenheira Mariana Faria, de 28 anos, fez a aula experimental movida pela vontade de dançar, acima de tudo. “Sempre achei lindo, mas nunca fiz nenhuma aula de dança. Sempre tive vontade e acho que o balé vai me dar a base técnica e a consciência corporal necessárias para aprender outros estilos também”, conta a nova aluna.

    Deborah é rigorosa com a técnica do balé, mas assegura que os objetivos de cada um e os limites individuais são respeitados


    Técnica apurada da professora serve como estímulo para a aluna iniciante

    Confesso que sou outra candidata a nova aluna do Balé para adultos. Fiz aulas de balé dos 6 aos 8 anos. Na época, por mais que eu gostasse de dançar com as coleguinhas e vestir as sapatilhas e roupinhas cor-de-rosa, era muito mais uma obrigação. Algo que me fazia acordar bem mais cedo.

    Ao me colocar diante da barra novamente, vejo que a percepção não poderia ser mais diferente. Como não fui obrigada a continuar frequentando as aulas quando criança, não cheguei a ter consciência de seus benefícios. Postura, esforço para fazer o movimento corretamente e orgulho de se comportar como uma bailarina foram algumas das sensações experimentadas em pouco mais de uma hora de aula.

    Ao mesmo tempo, foi possível observar que as colegas já têm os movimentos mais 'limpos' e precisos do que os meus, por exemplo, mas por também terem lá suas dificuldades, o clima não é de preocupação com o olhar do outro. É de um espelho positivo.

    Um detalhe que me impressionou muito, como candidata a bailarina, foi a delicadeza, firmeza e, principalmente, a naturalidade com que os movimentos da professora eram executados. Nada fora do lugar. O interessante é que essa observação, longe de provocar pressão por fazer igual imediatamente, serviu como motivação para um dia, quem sabe, fazer igual. Muito atenciosa, Deborah corrige os movimentos imprecisos com clareza, mas sem rispidez.

    Fica então a sensação de que é possível (re) aprender e que essa pode ser a atividade física ideal para quem não tem muita paciência com repetições infinitas, não gosta de suar ou de ficar sozinho num aparelho de ginástica. E, por outro lado, para quem gosta de arte, dança, música, tranquilidade e introspecção.


    Novidade em BH, ballet fitness alia dança clássica ao treinamento nas academias

    Modalidade promete corpo tonificado, alongado e delicado, ideal para deixar a silhueta pronta para o verão 

    Se você um dia já sonhou ter físico de bailarina, está na hora de conseguir, ainda que não tenha passado mais do que um mês numa sala de balé clássico. Uma técnica que alia a dança ao condicionamento físico, adotada por famosas como a musa fitness Gabi Pugliesi, autora do blog sobre vida saudável Tips4life, e as atrizes Carolina Magalhães e Ingrid Guimarães, promete trabalhar o corpo inteiro, deixando os músculos tonificados e a postura alinhada: o ballet fitness. A novidade, que acaba de chegar a Belo Horizonte, já virou mania no Rio de Janeiro e em São Paulo e está presente em outras oito cidades do país, entre elas, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Fortaleza.

    Criado pela bailarina e preparadora física Betina Dantas, formada pela Royal Academy of Dancing, o método alia o balé clássico com agachamentos, abdominais, flexões e outros exercícios que lembram as aulas de educação física de antigamente. Intensa em exercícios isométricos e de sustentação muscular, a técnica trabalha com o peso do próprio corpo usando a barra e o colchonete como apoios. “No ballet fitness, a gente faz muita repetição. A perna queima bastante. Isso torna os músculos bonitos, definidos, além de alongados e delicados como os de uma bailarina”, diz Betina.

    De acordo com Bia Bicalho, coordenadora de aulas coletivas da Academia Bodytech, única licenciada do método criado por Betina Dantas em Belo Horizonte, a negociação para trazer a técnica para a capital mineira durou mais de um ano. “Os alunos sempre buscam novidades e, quando vimos do que se tratava, nos encantamos com a proposta. Toda mulher fez ou quis fazer aula de dança quando era menina. Associar o balé com a atividade física é uma receita perfeita”, acredita. De acordo com ela, a modalidade é ideal para mulheres a partir dos 30 anos, que buscam associar ginástica com um resgate dos sonhos da infância por meio do balé.

    MUSICALIDADE

    “O ballet fitness trabalha partes do corpo que não são acionadas em outras atividades, como a parte interna da coxa, o abdômen, o braço e o bumbum”, explica a bailarina Priscila Albuquerque, uma das responsáveis por ministrar as aulas criadas por Betina Dantas em BH. Segundo ela, a maior diferença em comparação com a dança clássica é que ali se trabalha mais a musicalidade, já no fitness a proposta é o fortalecimento muscular e a resistência física. A bailarina Luciana Souza também fez o treinamento e dará aulas na Bodytech. “A principal novidade é trazer para o ambiente da academia as possibilidades do balé. É uma opção para quem já experimentou a dança. São aulas para adultos de qualquer idade”, observa.

    Betina conta que começou a criar a técnica depois de sofrer uma contusão no tornozelo que a obrigou a parar de fazer aulas de balé por um longo tempo. Nesse período, ela trabalhava dando aulas de balé infantil na Bodytech de Goiânia, mas, como odiava musculação, sentiu que seu corpo estava perdendo definição. “As mães das minhas alunas ficavam assentadas na frente da sala assistindo à minha aula e eu costumava dizer que elas deveriam ir malhar”, lembra. Até que um dia essas revelaram que tinham pavor de musculação e academia, mas fariam uma aula de balé adulto de bom grado. “Isso foi em 2003, quando ninguém falava de balé adulto e quem não começasse de pequena nunca imaginaria entrar numa aula.”


    Foi exatamente assim que Betina Dantas decidiu usar os movimentos do balé a seu favor, criando o método ballet fitness. “Sabia e sentia que os movimentos e exercícios da dança malhavam o meu corpo. Para mim, o físico de bailarina sempre foi o mais bonito e harmônico. Comecei dando aula para as mães das minhas alunas e foi um sucesso”, diz. De lá pra cá, a ex-bailarina, que também é educadora física, estudou as possibilidades e os exercícios específicos para cada parte do corpo. “Eu pensava em qual exercício do balé pega bastante os glúteos e criava uma sequência de pliês e agachamentos. Como sempre achei lindo um glúteo redondinho e empinado, além de uma barriga sequinha, minha aula tem muito foco nisso. É uma aula para o biquíni”, afirma.

    Betina sustenta que as mudanças no corpo ocorrem em um mês, mas aparecem mais rapidamente com uma alimentação adequada. “Uma aula para quem está no nível avançado pode gastar até 794 calorias em apenas meia hora”, garante. Ela diz isso com base na medicina esportiva, já que sua aula foi monitorada pelo médico do esporte Franz Burini, marido de Betina. De acordo com os testes metabólicos aplicados à metodologia, além de o balé fitness proprocionar menos desgaste físico quando comparado a 30 minutos de corrida, o estresse cardiovascular também é menor. Por outro lado, a oxidação de gordura é maior no mesmo tipo de comparação. 


    Para quem não gosta de academia e quer emagrecer, dançar é a melhor opção

    Socialização, integração entre corpo e afetividade estão os pontos positivos da atividade que ainda pode aliar hobby a exercício físico

    É comum se escutar a seguinte frase: “Não gosto de academia”. E, por isso, a pessoa acaba desistindo de qualquer tipo de exercício físico. Mas e se o exercício for também um hobby? Sempre existem segundas e terceiras opções quando se quer emagrecer. A dança é uma delas. Lary Barreto, 24 anos, começou a dançar aos 14. “Eu precisava arranjar alguma coisa para fazer, então resolvi dançar. Sempre fui gordinha, mas nunca gostei de academia”, afirma Lary, que hoje dá aulas de zouk na UnB e faz faculdade de dança no Instituto Federal de Brasília (IFB).


    Lary Barreto, 24 anos, começou a dançar aos 14. Aos 18 parou e chegou aos 80 quilos. Quando voltou aos 20 anos emagreceu 18 quilos em um mês e meio
    “Quando eu tinha 18 anos, parei de dançar. Aos 20, quando voltei, estava com 80kg.” Em um mês e meio, Lary tinha perdido 18kg. Claro que, além da dança, ela controlava a alimentação. “Tentar emagrecer com a dança é como com qualquer outro exercício, é preciso cuidar da alimentação também”, ensina a professora Jane Dullius, da área de dança na Faculdade de Educação Física da UnB. “Algumas vezes, o fator obesidade está associado à compulsão alimentar e à dificuldade de conseguir se esquecer dos alimentos e do prazer a eles associado. Uma boa proposta pode ser substituir o prazer de uma refeição pelo prazer de dançar”, sugere.

    Jane Dullius explica também que falar em dança é abordar algo muito abrangente. “Temos muitos estilos. É difícil afirmar qual o melhor tipo de dança para emagrecer, acho que é importante a adesão da pessoa.” Apesar disso, afirma que as danças mais agitadas, como algumas de salão e os ritmos caribenhos, têm maior gasto calórico por serem mais aeróbicas. As que exigem maior grau técnico e de sustentação do corpo, como o jazz, o balé e o pole dance, ajudam também com a resistência e o fortalecimento muscular de algumas áreas do corpo.

    Mas, para a professora de licenciatura em dança Ana Carolina Mendes, do IFB, há outro ponto positivo. “Para mim, o maior benefício é a integração entre o corpo e a afetividade, o emocional. E disso vêm vários benefícios, inclusive o emagrecimento.” Foi o que aconteceu com Lary quando voltou a dançar. “Eu estava gordinha e abalada por causa do fim de relacionamento. A dança me ajudou não só na questão física, mas também na emocional.”

    Outro ponto importante é a socialização entre os participantes. Priscila Pereira Marques, de 28, começou a dançar zouk há quatro anos, mas não para emagrecer. “Queria acabar com o medo que tinha de interagir com as pessoas.” Mas, desde então, já perdeu 2kg. “Não posso dizer que foi só devido à dança, já que também faço outros exercícios físicos, mas ajudou, pois tenho dançado quatro vezes por semana e é o que eu mais gosto de fazer.”

    Lary, hoje com 64kg, afirma que quer chegar aos 58kg. “Mas pretendo fazer isso aliando dança e alimentação.” A professora Jane Dillius reforça: “O fator música pode ser um excelente elemento para favorecer a adesão à atividade física, pode ser mais interessante do que o batidão da academia, e ainda é muito divertido”, afirma. 

    Dança caribenha, Zouk faz perder até 600 calorias por hora

    O exercício aeróbico de baixo impacto tem se tornado uma ótima opção para quem quer colocar o corpo em forma e combater as gordurinhas extras, especialmente agora, com a chegada do verão

    Variação da lambada, o zouk saiu das Antilhas caribenhas, ganhou popularidade na França e, ao chegar por aqui, recebeu um toque brasileiro. Sensual, com movimentos suaves e marcado por sucessivos giros de cabeça das mulheres, hoje o zouk é um dos estilos de dança mais procurados pelos belo-horizontinos. E não é só pela diversão que proporciona. A atividade física é intensa e pode levar à perda de até 600 calorias em uma hora de prática. O exercício aeróbico de baixo impacto tem se tornado uma ótima opção para quem quer colocar o corpo em forma e combater as gordurinhas extras, especialmente agora, com a chegada do verão.

    Segundo Leonardo Silva, professor de dança da Contato do Corpo, em Betim, na virada do segundo semestre deste ano 135 novos alunos procuraram a escola para dar os primeiros passos na dança. “Desses, 50 foram para o zouk e os demais se dividiram em todos os outros ritmos. É o dobro da procura para essa época do ano”, avalia o professor, com mais de 13 anos de experiência no zouk. Alunos com idade entre 20 e 40 anos são os mais interessados pelo ritmo. “O zouk tem atraído muito o público jovem que antes não via na dança de salão um caminho. As pessoas começaram a gostar do ritmo, que tem músicas mais atuais, é sensual e requer mais contato físico”, afirma Léo Silva, como é conhecido no meio.

    A atividade trabalha o corpo todo e garante um preparo físico completo. “É muito comum que as mulheres dancem na meia-ponta, postura que trabalha bastante a panturrilha. No geral, a perna toda é exigida”, afirma a professora de dança da escola Passo Básico Cecília Rocha. Os membros inferiores são os mais utilizados nas primeiras aulas, que começam bem simples e não requerem qualquer experiência.

    “Também usamos bastante o quadril. Aos poucos vamos introduzindo os movimentos de tronco e cabeça, o que demanda alongamento e relaxamento”, explica Cecília. É uma dança que também requer equilíbrio, como lembra Léo Silva. “Há muitos movimentos com giros e, por isso, o equilíbrio é muito trabalhado, além da força e agilidade”, acrescenta. Sem contar a coordenação motora e o preparo cardiorrespiratório aperfeiçoados a cada nova aula.

    Para acompanhar o processo de aprendizado, as músicas começam em velocidade menor e vão acelerando à medida que os alunos avançam. Três a quatro meses é o tempo médio estimado para que se ganhe desenvoltura suficiente, inclusive, para participar dos bailes que são organizados pelas escolas de dança. “Quando começam a frequentar os bailes, aí sim os alunos melhoram muito o preparo físico”, reconhece Cecília. “Lá, se dança o tempo todo”, garante Léo.

    A advogada Socorro Hyodo, de 48 anos, e o filho André Hyodo, de 16, são frequentadores assíduos dos bailes. “Vamos a todos, que devem ocorrer pelo menos duas vezes por mês”, conta ela. Atraídos pela sensualidade do zouk, mãe e filho têm objetivos distintos. “Vim para a dança como forma de encontrar uma distração, mas é também uma ótima atividade física. Além de trabalhar o corpo todo, a gente percebe uma melhoria muito grande da postura”, afirma Socorro. Para André, o zouk foi uma alternativa para reduzir a timidez. “Acho que diminui. Mas nos bailes não chamo as pessoas para dançar. São elas que me chamam”, conta, ainda acanhado.

    VIDA SOCIAL 

    O aspecto social é outro benefício intrínseco à dança e não poderia ser diferente com o zouk. “A autoconfiança e a autoestima aumentam muito. E acaba que nos bailes e festas há muita interação, o que ajuda a ampliar a rede de amigos”, afirma Léo Silva. Arma perfeita não só para o combate à timidez como também à depressão. “Hoje esses são dois dos motivos que mais atraem as pessoas para as escolas de dança”, acrescenta o professor.

    Quer prevenir o Alzheimer? Aprenda a dançar flamenco!

    De origem espanhola, o flamenco combina os benefícios de qualquer aula de dança - para homens e mulheres - com aspectos da independência e sensualidade feminina. Quando a mulher não tem que ser conduzida pelo homem, novos papéis aparecem. Atividade não exclui pessoas com deficiência ou mesmo doenças nas articulações.


    Pesquisadores e instituições do mundo inteiro já comprovaram os benefícios das aulas de dança para prevenção e também para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e a doença de Alzheimer, além de outros problemas de saúde mental e física.

    Aqui no Brasil, uma pesquisa da Universidade de Brasília (UNB) demonstrou que a dança tem grande impacto sobre a autonomia nas atividades básicas da vida cotidiana em idosos portadores de Alzheimer.

    Poxa, mas essa matéria não era sobre o flamenco?

    E é. Segundo Reginaldo Jimenez, entusiasta dos efeitos terapêuticos da dança e da cultura espanhola, proprietário e professor há 18 anos na escola belo-horizontina Soleá Tablao Flamenco, o ritmo de origem cigana é uma excelente atividade física, que explora a concentração e mantém a memória ativa, com contagens de passos e exigências da coordenação motora. “Tenho alunos dos 3 aos 92 anos, logo, é de se imaginar que os objetivos variam. Tenho alunos que acreditam ter tido origem cigana em vidas passadas, outros que vêm indicadas pelo analista, mulheres que querem se sentir mais sensuais e seduzir o companheiro, pesquisadores da dança, bailarinos, e também quem busca uma atividade física que pode ser individual ou em família”, resume o professor.

    Dançar em família foi o que fez a engenheira Maria Beatriz de Freitas Lanza, de 44 anos. Aluna há pouco mais de um ano, ela ia ao Soleá apenas para levar a filha, Ana Tereza, de 12 anos, a Tetê. A menina buscava uma atividade física e já tinha tentado natação – mas tinha otites frequentes – e ginástica olímpica, mas, por ser muito alta para a idade, não se adaptou. Tentou ainda vôlei e balé, mas não teve uma boa experiência com essas modalidades, sentia dores e os professores não observavam tão detalhadamente o perfil de cada aluna. “Sempre passava na porta do Soleá e resolvi entrar. Fui muito bem recebida, minha mãe disse que eu poderia experimentar e comecei as aulas em março de 2012. Não pretendo parar”, conta Tetê.

    A aula inclui alongamento e aquecimento direcionados à dança flamenca

    Beatriz, que no dia a dia corrido às vezes tinha que ficar esperando a filha terminar a aula, percebeu que poderia ganhar com aquele tempo, antes perdido. “O acolhimento que temos é irresistível. Existe todo um cuidado com os alunos, de todas as idades. É uma extensão da minha família. Se eu preciso resolver outra coisa e a Tetê tem que me esperar aqui, fico tranquila. Meu marido vem para as apresentações e para os eventos gastronômicos, ninguém fica excluído”, afirma a engenheira.

    Ana Tereza, de 12 anos, já havia tentado várias atividades físicas, mas nenhuma a acolheu melhor que a dança flamenca
    Outro aspecto positivo para a aluna é a combinação do prazer de dançar com o exercício físico: a flexibilidade com o perfil do aluno favorece o aprendizado. “Nós duas recuperamos o prazer de aprender. Além disso, eu sentia muitas dores no ombro e no pescoço. Não sinto mais. Já precisei fazer uma cirurgia de varizes e hoje vejo que minha circulação está muito melhor com as aulas. Combinado com o cuidado e o carinho que todos têm com os alunos e colegas, libero a tensão da rotina e ainda faço amizades”, resume Beatriz.

    Boa forma x Poder

    Entre os efeitos para o bem-estar físico, estão o enrijecimento muscular, principalmente das pernas, glúteos (bumbum), bíceps e tríceps (músculo do tchauzinho), a prevenção de estrias e celulite, além da melhora da postura e também da circulação, evitando a formação de varizes. Além disso, mesmo as pessoas com alguma deficiência física podem desfrutar da aula e participar das coreografias. “Já tive uma aluna com perna mecânica, por exemplo, que não teve dificuldade em se integrar. Recebo também indicação de alunos com artrite e artrose, por exemplo, que auxiliam o tratamento médico com a prática das castanholas”, explica Reginaldo.

    Mas o flamenco tem um outro lado, que é muito peculiar dessa manifestação artística espanhola, incluída pela Unesco em 2010 na Lista Representativa do Patrimonio Cultural Imaterial da Humanidade: ainda que seja praticada por homens e mulheres, a dança flamenca atribui à mulher papel de líder. “Além de não haver a condução da mulher pelo homem, como na dança de salão, há elementos culturais que favorecem a abertura, a sensualidade e o poder feminino – o decote, a projeção do colo, a força. Isso é um símbolo da autoconfiança da mulher de origem cigana – é ela que escolhe os rumos. Hoje, algumas mulheres tentam colocar essa consciência de fora para dentro – com o silicone, por exemplo. Mas aqui, isso vem de dentro, da postura diante da vida. Até a forma de a mulher sentar em uma cadeira no espetáculo de flamenco é diferente, com as pernas abertas, em pose desafiadora”, filosofa Reginaldo.

    Reginaldo Jimenez, fundador do Soleá, aponta os benefícios da dança flamenca para prevenção e tratamento de doenças neurodegenerativas
    Terapêutico para corpo e alma, a aula de flamenco é uma oportunidade também para aprender um pouco mais da cultura, história, costumes e gastronomia espanhola. Tanto que, logo que se interessou pelo estilo de dança, Reginaldo chegou à conclusão que precisaria 'beber na fonte' e passou um período na Espanha, onde chegou a integrar uma companhia artística de Sevilha, cidade localizada no sudoeste do país europeu. “O flamenco se tornou minha religião, e o palco é onde faço minha oração”, resume o professor.

    Companhias de dança

    Além de oferecer aulas para pessoas de todas as idades, o Soleá reúne quatro companhias de dança, que se apresentam em todo o Brasil. O Soleá tem orgulho de ter formado muitos profissionais. “Somos a escola que mais formou professores de flamenco em Belo Horizonte”, afirma. Hoje, os bailarinos se dividem em:

    Hombres – companhia masculina
    Ballet Flamenco Soleá – companhia mista, que existe há 17 anos
    Corpo de Baile Soléa – formada por adolescentes
    Las Brujas del Flamenco – formadas por mulheres acima de 50 anos

    Prazer de dançar é combinado ao exercício físico na aula do Soleá
    Integrante desta última companhia, a veterinária Solange Gandra Soares, de 54 anos, conheceu o flamenco há seis. Ela, a irmã e uma amiga queriam fazer uma atividade física, mas não gostavam de academia. Viram reportagens sobre o flamenco e procuraram na internet onde poderiam praticar. Hoje, as sobrinhas de Solange também são alunas. “O sapateado ruidoso do flamenco me levou a outras atividades físicas. Hoje, não deixo de fazer caminhada regularmente”, explica a veterinária.
    Tetê foi a inspiração da mãe, Maria Beatriz, para frequentar as aulas. As duas são apaixonadas pela dança e pela escola, cercadas de cuidado e carinho
    Um aspecto que a aluna também destaca é o ambiente. “Aqui tenho uma imensa família. Conheço praticamente todos os alunos, mesmo os de outros horários, porque a escola promove eventos e festivais que reúnem as turmas. E descobri também, apesar de nunca ter me envolvido em atividades artísticas, que eu amo o teatro, as coxias, o palco”, revela Solange. Fisgada pela cultura flamenca, ela também já visitou a Espanha para ver a tradição de perto. “Visitamos a Bienal do Flamenco em Sevilha e a sensação de vê-los dançar com tanta paixão é inspiradora. Nossa visão sobre a dança muda”, relata.
    Solange Gandra trouxe uma irmã e uma amiga. Elas já visitaram Sevilha para saber mais sobre a cultura flamenca
    Reginaldo não esconde que um dos seus objetivos é fazer das aulas um ponto de encontro e de alegria. “A madeira do palco e o som do sapato têm esse poder de canalizar a energia que está guardada”, aponta. Mas nem só de um bom sapato vive o flamenco. Os acessórios da dança incluem a castanhola, o abanico (leque), o sombrero (chapéu), o mantón (xale), a bata de cola (saia com cauda mais longa), o pandeiro e o bastón (bengala).

    Os objetos vão sendo incorporados à coreografia na medida em que o aluno evolui, com o passar dos anos. Para usar a bata de cola, por exemplo, são necessários pelo menos cinco anos. “E muita autoconfiança”, brinca Reginaldo Jimenez.

    A aula é concluída com uma atividade lúdica em torno das velas




    Coordenar os movimentos das mãos e dos pés com a emoção são desafios, mas a pressão não é sentida de forma negativa
    A portinha da escola de dança, para quem passa na rua, parece pequena. Por dentro, no entanto, a casa é grande e cheia do cuidado citado pelos alunos entrevistados. Quando conversávamos, antes da aula, o professor me ofereceu água. Quando subimos as escadas para o tablado, esqueci minha garrafinha na mesa. Mas quem disse? Milagrosamente, ela apareceu na sala de aula. Sem falar na saia de bolinhas, exatamente do meu tamanho, emprestada. Mágica.

    Figurino e postura são importantes. Apesar de intensa, a aula não provoca cansaço. A sensação é de energia renovada
    Minha aula foi feita com alunas mais experientes, mas o roteiro foi adaptado para que eu pudesse absorver melhor cada passo. Primeiro, as castanholas. Dá para perceber claramente como, na rotina da redação, negligenciamos as articulações da mão – é só mouse e teclado. Alguns dedinhos quase não conseguiram executar as tarefas - e o toque exige todos os dedos da mão.

    Depois, um alongamento suave, que prepara o corpo para dança. Foi interessante observar a postura, a disposição e a concentração das alunas. O peito para fora, o queixo, para cima, o olhar, expressivo. E estamos só no alongamento.
    Em seguida, aquecimento para os pés, que já me deu uma ideia das exigências de coordenação motora durante a dança. A partir daí, foram apresentados os movimento de braço, a pegada da saia, o balanço dos quadris e a sensibilidade ao ritmo – é importante aprender a não acelerar ou atravessar a música.

    Na última parte, acompanhei uma coreografia que as alunas já estavam ensaiando há algum tempo, para apresentar no festival da escola. Em alguns momentos, confesso que escolhi acompanhar ou com os pés, ou com os braços. Mas, no final da aula, já estava conseguindo fazer quase todos os movimentos sincronizados com a turma. E olha, mesmo sem sentir cansaço – verdade, eu não senti – suei bastante.

    Por fim, a aula trouxe uma atividade lúdica, com velas. A referência à fogueira e o círculo em torno do fogo levam imediatamente ao cenário cigano e à energia forte do flamenco. Enquanto a turma das 18h30 se dispersava, chegava a turma das 20h, formada por homens e mulheres. Eu estava com sede, mas não cansada. O efeito foi de ânimo novo: uma forma de utilizar a energia sem descartá-la. A palavra final é renovação.


    Do aprendizado das castanholas à coreografia, a dança flamenca faz o cérebro e o corpo trabalharem 

    Preço? 

    Horários promocionais (durante o dia): R$100/mês, sendo que o aluno pode escolher fazer duas aulas por semana, com uma hora de duração cada; ou uma vez por semana, sendo que a aula tem 1h30 de duração.
    À noite, o horário é nobre e o preço passa para R$120. São dois horários: de 18h30 a 20h e de 20h a 21h30.

    Investimento em equipamentos? O sapato para prática do flamenco é importado e custa de R$280 a R$600. A castanhola de fibra custa R$180 e a saia sai por R$100. Com um investimento inicial de R$560, a escola divide o valor em até 5 vezes.

    Pré-requisitos: Não tem. Mesmo.

    Contraindicações: É necessário fazer uma avaliação médica, como em qualquer atividade física, mas o risco é baixo.

    Dicas: Não vá fazer a aula experimental com um sapato que você goste, porque ele será bastante judiado. Vá de saia comprida e uma blusa/collant bem justo, mas que não impeça os movimentos. Eu fui com uma blusa mais larga e ficou meio marmota com a saia.

    Avaliação final: Quem não quer passar algumas horas por semana em um ambiente magnético, que exala carinho, respeito, alegria, força, beleza e cultura? O aluno que pensa em seu futuro no flamenco – ah, quero usar o chapéu, quero saber tocar as castanholas, quero dançar junto com o corpo de baile - é bem esperto: investe na saúde agora, para ter um futuro muito mais feliz.

    Dança circular,o lado Sagrado, permite a pessoas de todas as idades e credos expressar seus sentimentos

    Modalidade criada na década de 1970 se espalha pelo mundo com a missão de resgatar valores e conectar o ser humano

    A dança circular desperta a cooperação, o respeito mútuo, tolerância e aceitação
    Busca do afeto, do olho no olho, da energia de mãos dadas. A procura lembra uma cena romântica, mas trata-se da busca pela paz por meio da dança circular, que permite a pessoas de todas as idades e credos expressar seus sentimentos. Quem se entrega à dança de roda alcança a comunhão, a alegria, a união e resgata os valores de forma amorosa.

    A dança circular surgiu no fim da década de 1970, em Findhorn, na Escócia, uma comunidade espiritual, quando o bailarino clássico, coreógrafo, professor e pintor alemão Bernhard Wosien e sua filha, Maria Gabriele Wosien, foram convidados para ministrar um curso de danças de roda para os habitantes dessa ecovila. A partir desse encontro, a dança circular, também chamada de dança circular sagrada, se espalhou pelo mundo com a proposta de “por meio da vivência da dança, viver intensamente o aqui e agora”, ensina a bailarina Cristiana Menezes, professora de técnica de dança clássica e membro do corpo docente do Departamento de Dança do Centro de Formação Artística, na Fundação Clóvis Salgado.

    Referência em dança circular no Brasil, Cristiana enfatiza que, por meio do círculo, o dançante readquire valores como cooperação, tolerância, respeito à diferença, fraternidade e interação com outras pessoas de forma singela e amorosa. “O círculo é um símbolo de unidade na diversidade e nele somos todos iguais. Dançar em um círculo de mãos dadas nos ajuda a resgatar valores esquecidos na sociedade ocidental individualista e competitiva. A proposta do trabalho se insere na cultura da paz.”

    O movimento chegou ao Brasil no fim da década de 1980 trazido pelo arquiteto mineiro Carlos Solano, que esteve por oito meses na comunidade de Findhorn. Hoje, está em quase todo o país. Em Belo Horizonte, a bailarina conheceu essa forma de dançar em 1991 e se apaixonou. Desde então, tem se dedicado a ministrar cursos de formação para pessoas que desejam se tornar focalizadoras (nome dado àquele que transmite a dança e conduz a roda), além de manter grupos regulares.

    Ela ressalta que a dança circular é ferramenta de trabalho para psicólogos, consultores organizacionais, educadores, professores de dança, educação física, terapeutas ocupacionais e corporais, ioga e para todas as pessoas que desejam se aprofundar no conhecimento da dança.

    REVIGORANTE 

    A engenheira química e professora da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Solange Vaz Coelho pratica a dança circular há 15 anos. “A roda é fantástica, o círculo tem força, traz alegria, prazer e sinergia. A dança, além de me permitir uma atividade física, harmoniza meu corpo e alma de forma leve”, ressalta.


    Quem se entrega à dança de roda alcança a comunhão, a alegria, a união e resgata os valores de forma amorosa
    Para Solange, a dança circular é leve e a roda harmônica “é uma meditação”. Ela conta que fica tão concentrada que é levada pela música, “que flui pelo meu corpo, não importa o ritmo.” Ela reforça ainda que a prática é importante porque aumentou sua consciência corporal e ela passou a ficar mais atenta, além de ter melhorado sua flexibilidade. Depois de tanto tempo, ela revela que a dança está incorporada no seu dia a dia. “Ela me trouxe melhoria na qualidade de vida. É um alimento para o corpo e a alma.”

    O empresário Roberto Fernandes de Araújo, de 52, também compositor e ator, faz dança circular há cinco anos. “É uma terapia. Além de me exercitar faz bem à mente. A prática me deixa mais relaxado, tranquilo e concentrado.” Para Roberto, a dança o ajudou ainda na expressão corporal, o que contribuiu com sua evolução no teatro e também nas aulas de canto. “Sem falar que é espaço para conhecer pessoas, meu grupo de amigos aumentou. E o ato de dar as mãos, um de frente para o outro, proporciona uma troca de calor humano incrível.” 

    Fonte:http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/

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