A BIODANÇA DE ROLANDO TORO E SUAS APLICAÇÕES


O que é a Biodanza...


"Biodanza é a Poética do encontro humano"
(Rolando Toro)
Rolando Toro e Fernanda Pinto - Lisboa, 2010
Rolando Toro e Fernanda Pinto
Lisboa, 2010

Biodanza® é um sistema que estimula o desenvolvimento humano através de vivências integrativas induzidas pela música e pela dança.
Nas palavras do seu criador, Rolando Toro a Biodanza é "um sistema de desenvolvimento humano, renovação orgânica, integração afectiva e reaprendizagem das funções originárias de vida" (Toro, 2002, p.33).

Compõe-se de um conjunto de exercícios e músicas organizado segundo o modelo teórico de Biodanza, com o objectivo de elevar o nível de saúde, desenvolver a comunicação, estimular a criatividade – como expressão artística e renovação existencial.
Através da dança, de exercícios de comunicação em grupo e de vivências integradoras, o sistema de Biodanza facilita o desenvolvimento e expressão dos potenciais humanos, cuja integração plena resulta em saúde , alegria e bem-estar! (Sarpe, 2011)
De uma forma lúdica, divertida, através de jogos e danças acompanhados da música, cada participante vai-se auto conhecendo e revelando a sua identidade.
É um convite à alegria de viver, ao prazer de dançar e aprender a conviver.
Não existem danças coreografadas, cada pessoa está convidada a descobrir suas próprias respostas vitais e a conduzir sua forma de expressão e de ação.​

"A Biodanza não é somente um conjunto de exercícios com músicas ou um sistema convencional de expressão das emoções, mas sim, uma nova visão da Vida, um processo de desenvolvimento humano, de integração da identidade, de transformações internas e desenvolvimento das potencialidades humanas. Trata-se de aprender a "dançar a vida" e descobrir o "prazer de viver"."(Rolando Toro, Criador do Sistema Biodanza)
Logo da Biodanza - Sistema Rolando Toro
Benefícios

• Integração motora: ritmo, coordenação, flexibilidade, fluidez, elasticidade, unidade e harmonia dos movimentos.
• Auto-regulação sistémica, equilíbrio neurovegetativo, eliminação de sintomas psicossomáticos.
• Aumento de energia vital, vontade de viver e disposição para a acção.
• Integração entre o pensamento, sentimento e acção.
• Expressão da criatividade e das emoções.
• Promove a convivência, fortalecendo vínculos e a capacidade de nos relacionarmos de forma mais afectiva.
• Desenvolvimento de uma 
ecologia humana.


B
iodanza é o prazer de Dançar a VIDA!

"A dança, assim como o canto e o grito, é uma das condições inatas do ser humano. O primeiro conhecimento do mundo, anterior à palavra, é aquele que chega a cada um de nós pelo meio do movimento. No sentido original, a dança surge das profundezas do ser humano: é movimento de vida, de intimidade; é impulso de união à espécie."
(Rolando Toro, Criador do Sistema Biodanza)


Fonte:http://www.biodanza-fernanda.pt/aboutbio.htm



Um pouco sobre Rolando Toro e suas criações:
A história da Biodança está intrinsecamente vinculada à história de Rolando Toro. Quando eu ainda estava estudando na Escola de Biodança fiz um apanhado dos muitos dados, informações e relatos cujas partes encontravam-se em diferentes fontes. O resultado compartilho novamente aqui com vocês, como minha homenagem a este importante legado, criado e desenvolvido por Rolando Toro ao longo de anos de estudos e experimentações para um ser humano mais humano, mais integrado à vida, mais leve, mais feliz, resultando na criação da Biodança, a qual contou com a importante contribuição de alguns estudiosos, notadamente Cézar Wagner no Brasil. Outra importante contribuição de Rolando Toro foi a criação e desenvolvimento da conceituação do princípio Biocêntrico, paradigma essencial da Biodança, que originou o desenvolvimento da Educação Biocêntrica voltada para a pedagogia do encontro, da vida saudável, integrada e feliz, cujo desenvolvimento teórico ainda encontra-se em processo e tem recebido importantes contribuições, principalmente da Psico-pedadoga Ruth Cavalcante, também no Brasil.


UM OLHAR SOBRE ROLANDO TORO E COMO ELE DESENVOLVEU SUAS CRIAÇÕES

HISTÓRIA DA BIODANÇA
Por Irene Nousiainen


A Biodança, abordagem de facilitação do desenvolvimento humano, foi criada por Rolando Toro a partir de um movimento profundo em favor da vida.
O seu modelo teórico e metodológico vem sendo construído nos últimos quarenta anos, tendo seu marco inicial em 1965, quando se deu o início de sua sistematização por Rolando Toro.

A seguir apresento alguns dos inúmeros momentos importantes que vão tecendo a história da biodança e extraídos de diversas fontes que estão citadas na coluna ao lado deste blog.

01.01. Nascimento, sistematização e difusão da Biodança - uma história de muitas histórias.

Rolando Mario Toro Arañeda, nasceu em 19 de abril de 1924, em Concepción no Chile. Foi psicólogo, antropólogo, poeta e pintor, dentre outras muitas qualidades.

Formou-se como professor de ensino básico na Escola Normal ”José Abelardo Núñes”, Santiago, Chile, no ano de 1943. Desempenhou sua docência nas cidades de Valparaíso, Talcahuano, Pocuro e Santiago (Chile), entre os anos de 1944 a 1957.

Tanto no Chile como em Buenos Aires, para onde mudou-se aos 47 anos, o trabalho de Rolando Toro esteve voltado para as artes: pintura, poesia, fotografia, dança e teatro. Sua crença na possibilidade de um paraíso compartilhado o levou a buscar a fonte do "amor original", do amor ao próximo, com a essencial compreensão de um amor que inclui a dimensão corporal ativa - a carícia.

Buscou, portanto, desenvolver suas idéias sobre a "possibilidade do contato puro com a realidade viva, por meio do movimento, do gesto e da expressão dos sentimentos", utilizando a música, enquanto linguagem universal, a dança - integrando corpo, alma e a expressão do ser, plena de sentido, de felicidade, ternura e força. Como diz o próprio Rolando: "a biodanza é um modo de convivência com a beleza...em que o contato é essencial". (Toro, 2002: 9).

Ele sempre foi um autodidata e estudioso do desenvolvimento humano e de sua expressão, característica que mantinha até hoje, com seus 85 anos. Buscou sempre vivenciar profundamente o trabalho científico, acadêmico, artístico, bem como as experiências místicas não-religiosas, essenciais para a formação de todo o seu pensamento.

Suas experiências com músicas e danças em hospitais psiquiátricos, em meados da década de 60, objetivavam a experimentação de diversas técnicas de desenvolvimento humano para uma "humanização da medicina". Essas técnicas envolviam psicoterapias de grupo, arte-terapia, psicodrama, etc.

Nessas experimentações Rolando Toro observou que alguns pacientes, no início do trabalho, entravam em transe, surgindo modelos universais de expressão relacionados às diversas emoções. Essas observações o levaram à conclusão de que, se a música é capaz de promover este estado, então ela exerce influência no psiquismo e, portanto, ela seria capaz de promover bons resultados.
Foi assim, então, que Rolando Toro pôde estruturar seu trabalho, de modo a relacionar música, movimento e situações de contato e de continente afetivo formando uma unicidade.

Rolando, então, criou algumas danças e exercícios a partir de gestos naturais do ser humano, com finalidades precisas, a fim de estimular a vitalidade, a criatividade, o erotismo, a comunicação afetiva entre as pessoas e o sentimento de pertença ao universo, à totalidade.

A pesquisa científica que desenvolveu sobre respostas neurovegetativas demonstrou que determinados exercícios promoviam uma ação reguladora em nível visceral, dinamizando ou o sistema simpático-adrenérgico ou o parassimpático-colinérgico. Observou-se, também, que outros exercícios "estimulavam emoções específicas que produziam efeitos altamente significativos sobre a percepção de si mesmo e do próprio estilo de comunicação afetiva com as outras pessoas". (Toro, 2002: 10). A estruturação dessa concepção originou a Psicodança, embrião da hoje chamada Biodança.

A partir de então, a Psicodança foi sendo difundida e, em 1970, Rolando foi convidado a criar a primeira disciplina de Psicodança na Pontifícia Universidade Católica do Chile, onde o mesmo ocupava a cátedra de Psicologia da Expressão no Departamento de Estética.

Nesse período, acompanhou-o na pesquisa, sua companheira Pilar Acuña, responsável por dar à Biodança um caráter poético.

Com o desenvolvimento de seus estudos sobre Psicodança, Rolando Toro se deu conta de que sua estrutura poderia encontrar seus fundamentos nas ciências que tratam da vida e chegou à conclusão de que a essência do desenvolvimento humano não está nos aspectos psicológicos, e sim, nos biológicos. Havia, também, o fato de que o termo Psicodança, e não sua metodologia, já era utilizada no Psicodrama, por Jaccob Moreno, seu criador, em 1913, enquanto um de seus instrumentos. O que gerava uma certa confusão entre estas duas linhas teóricas diversas.

Em 1971, já em Buenos Aires, onde passou a residir, Rolando Toro aprofundou ainda mais seus trabalhos com a dança, formalizando, então, o modelo operatório constituído de dois eixos (vide figura ao final do blog).

Em 1976, a Biodança chega ao Brasil - em Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. Nessa época, Rolando Toro incorporou ao modelo teórico linhas de vivência (movimento ascendente espiralado) e apresentou os primeiros conceitos de teoria da vivência e protovivências (vide figura ao final do blog).

No Brasil, em meados da década de 70, em meio a um clima de libertação de toda repressão sexual e de expressão vivenciada em anos anteriores, a Biodança ganhou força por se apresentar como uma abordagem calma, sem produção de estresse emocional, com comunicação leve, aberta e direta, trabalhando com grupos de pessoas e utilizando a música e o movimento para a expressividade do prazer (de vida, da sexualidade, criativa, afetiva e transcendente) das pessoas, ao contrário das psicoterapias.

Em 1978/79, resultando de vivências, reflexões e discussões sobre a Psicodança, entre Rolando Toro, Cecília Luzzi - sua então companheira que o ajudou a conduzir aperfeiçoamentos técnicos sutis e que desenvolveu sua aplicação junto a crianças - e, também, com contribuições de colaboradores mais chegados, a palavra Psicodança foi substituído porBiodança. Oficialmente, esta mudança aconteceu em março de 1979 no II Encontro de Biodança e III Assembléia Latino-Americana de Biodança, realizado em Belo Horizonte.

Esta mudança aconteceu essencialmente pela concepção diferente da Biodança sobre o ser humano, a sociedade e a vida, que parte do entendimento de que a vida é o princípio de tudo que existe. Foi uma questão mesmo de paradigma. A Biodança essencialmente, rompe com a visão antropocêntrica e desintegrativa de mundo linear, desenvolvendo uma compreensão de mundo biocêntrica: a vida não existe em função do ser humano, mas, o ser humano existe porque nele há a vida. A Biodança, segundo Rolando Toro é uma conjunção de arte, ciência e amor, conforme expressou em 1979:

"A base conceitual da Biodança provém de uma meditação sobre a vida, ou talvez do desespero, do desejo de renascer de nossos gestos despedaçados, de nossa vazia e estéril estrutura de repressão, Poderíamos dizer com certeza: da nostalgia do amor. Mais que uma ciência é uma poética do encontro humano, uma nova sensibilidade frente à existência."
A segunda metade da década de 70 e início dos anos 80, ainda fortemente marcada pela ditadura militar no Brasil, foi palco da perseguição à Biodança e a seu criador, Rolando Toro. Os Conselhos de Psicologia, principalmente da Regional Nordeste, no período de 1979 a 1984, questionaram e perseguiram a Biodança e Rolando Toro.

Roberto Crema, convocado por duas vezes ao CFP - Conselho Federal de Psicologia do Brasil, conseguiu esclarecer a diferença entre Psicologia e Biodança, usando argumentos sobre o Código e da Lei de Regulamentação do profissional de psicologia. À luz da lei, a Biodança jamais poderia ser confundida com a Psicologia.
Mas a luta por mercado e a disputa de poder entre psicólogos da época levaram o CFP a denunciar Rolando Toro com base no Estatuto do Estrangeiro, criado pela ditadura, com a finalidade de expulsar os padres estrangeiros ligados à Teologia da Libertação por ir de encontro aos interesses da elite capitalista e do governo militar da época. Rolando foi então detido em 1982, por quatro horas, sendo solto por encontrar-se com o passaporte validado.

Em sua proposta, a Biodança radicalmente contesta toda e qualquer repressão sexual, levando os "moralistas" e "guardiões da moral" a tentarem de toda forma abortá-la. Alguns outros ainda contribuíram para estabelecer confusão quanto aos propósitos da Biodança, realizando "festinhas" como sendo sessão de Biodança - conhecidas como "Biodança do oba-oba".

A Biodança no Brasil foi muito perseguida durante o final da década de 70 e início dos anos 80. Uma grande parte de seus facilitadores eram psicólogos e muitos sofreram ameaças dos conselhos de psicologia estaduais e do federal, inclusive de perda de diploma. Em meio a esse cenário, muitos a deixaram, chegando a quase esvaziá-la. Ainda assim, três encontros nacionais foram realizados com palestras de Rolando Toro, quando também facilitou sessões de biodança para alunos - um em São Paulo, outro em Belo Horizonte e o terceiro em Brasília.
Dado à conclusão que alguns chegaram sobre sua potência, em abril de 1980 foi definida uma estratégia inicial para a Biodança no Brasil. Hoje já existe uma estratégia mundial dado seu alcance em outros países.

Foi naquele ano que várias pessoas integraram-se à Biodança e que com ela até hoje trabalham. Dentre elas destaca-se o importante trabalho desenvolvido por Cezar Wagner, Ruth Cavalcante e de alguns didatas e facilitadores, para a sistematização e difusão da Biodança no Brasil. Ressalte-se também a forte orientação social da Biodança no Ceará devido aos ideais da Ruth, do Cezar e de outros ativistas sociais. Importante também, tem sido as atividades que vem sendo desenvolvidas por Ruth Cavalcante, uma das responsáveis pela elaboração da teoria da Educação Biocêntrica (surgiu no bojo da Biodança, a partir da visão biocêntrica de mundo, e que encontra-se em desenvolvimento) e sua difusão, inclusive por meio da academia, pós-graduando vários especialistas oriundos de quatro turmas.

Em maio de 1980 Rolando Toro, até então residente em São Paulo, de onde chegou a ir para Brasília, mas, depois retornando a São Paulo, veio para Fortaleza para desenvolver o movimento da Biodança, trazendo a Biodança ao Ceará. Àquela época, alunos de Psicologia organizaram uma turma para um curso de Biodança ministrado por Rolando. Rolando, então, residiu em Fortaleza por quatro meses, tempo que realizou diversas viagens a João Pessoa, Natal, Recife, São Luiz, Salvador e Teresina, sempre acompanhado de um advogado para defendê-lo dos ataques dos conselhos de psicologia.

Em 26/05/1980, em Fortaleza, foi realizada reunião para elaboração de toda uma estratégia para o desenvolvimento da Biodança em diversas partes do Brasil, marcando o início da segunda fase da história da Biodança. Sua consolidação de fato foi viabilizada por sua proposta séria, conseqüente, profunda e organizada.

O início de sua implantação deu-se por ocasião de uma maratona de Biodança realizada por Cezar Wagner em dezembro de 1980, na cidade de Recife/PE, que marcou o início do Grupo Pernambucano de Biodança.

O primeiro e importante evento desta fase aconteceu por ocasião do Congresso de Biodança, realizado de 28/01 a 02/02/1981 em Fortaleza, sendo este, na verdade, além de IV Encontro Nacional de Biodança, também, I Congresso Nacional e I Congresso Latino-Americano de Biodança.

Nesse Congresso foram tratados diversos assuntos como: reavaliação das ações de Biodança; criação de grupos e/ou associações; programação dos encontros nordestinos; desenvolvimento sistemático da ação social; formação de facilitadores (carências, possibilidades e viabilidade que resultou na criação no ano seguinte da Escola Nordestina de Biodança). Todos os assuntos estavam relacionados à construção do movimento, à participação das pessoas, à organização, à profundidade, à preocupação científica e social, sendo tudo discutido e resolvido em grupo.

A ALAB enquanto entidade representativa, se impôs a partir de 1981, sendo sua gestão até 1985 conduzida por Rolando Toro como Presidente e por Cézar Wagner, Vice-Presidente, tendo exercido ações essenciais para a Biodança em toda a América Latina alcançar o grau de maturidade que hoje detém. Ressalte-se os períodos de 1989 a 1990, que contou com Maria Lúcia Pessoa na Presidência e com Ruth Cavalcante na Vice-Presidência responsáveis pela articulação necessária para estruturação, organização e criação das escolas de biodança e, de 1991 a 1995, com Cezar Wagner na Presidência.

Essas duas gestões resultaram na integração e expansão da Biodança com a realização de diversos eventos, publicações, sistematização da Teoria da Biodança nos Tomos de Biodança e na publicação dos Catálogos de músicas e exercícios, que levaram à unificação do programa de formação de todas as escolas de biodança.

Nesse esforço de fortalecimento e difusão da Biodança, em março de 1981, foi realizada uma aula aberta sobre Biodança, num encontro de psicoterapia, ocorrido em Recife, e para um grupo de psicólogos de João Pessoa.

Em 1982 Rolando Toro estruturou o modelo operatório e o modelos das vivências em um único modelo teórico.

Também em 1982, foi realizada em Fortaleza, uma mesa redonda sobre os diversos aspectos da Biodança da qual participaram um antropólogo, um advogado, um educador, uma psicóloga e um representante do Conselho Estadual de Psicologia, o qual acabou não tendo mais argumentações de rebate às colocações feitas sobre a Biodança.

Em 19 de outubro de 1982, foi criada, por Rolando Toro e Cezar Wagner, a primeira escola de biodança, a Escola Nordestina de Biodança - ENEB, com sede em Fortaleza. A escolha de Fortaleza deveu-se à sua eqüidistância de todas as capitais nordestinas e, também, por estarem ali, à época, polarizadas as ações de Biodança no Nordeste e de boa parte do Brasil.

A ENEB resultou do esforço de muitas outras pessoas engajadas no movimento: Índio (de Recife), Ruth Cavalcante, Lia Albuquerque, Sanclair, Rosário, Terezinha Façanha, dentre tantas outras. A escola congregava todos os grupos de biodança do Nordeste. De sua primeira turma formaram-se: Ruth Cavalcante (CE), Terezinha Façanha (CE), Zulmira Bonfim (CE), Gorete (PE), Orlando Rocha (PE), Mira (PE), Tereza (PE), Cláudio (PE), Sanclair (MA) e Nádia (MA).

A Escola funcionava em forma de maratonas, realizadas a cada 45 dias, com a participação de Rolando Toro e de Cezar Wagner e congregou alunos oriundos de todos os estados do Nordeste do Brasil. Sua meta sempre foi sintetizar e consolidar a Biodança no Nordeste, transferir teoria e prática de Biodança a pessoas interessadas, tornar possível a profissionalização do facilitador de Biodança e promover a supervisão aos facilitadores licenciados de Biodança, cuja concretização foi um trabalho de muita dedicação. O modelo da Escola Nordestina para construção, organização, aprofundamento e expansão da Biodança é adotado até hoje em toda a América Latina.

Rolando Toro, por ocasião da inauguração da ENEB, em carta aos alunos da Escola assim expressou seu sentimento:
"Desde acá, después de esos días de creación y amor, mis recuerdos permanecen encendidos y mis pensamientos se dirigen hacia uds. como hilos tendidos sobre una dulce eternidad.

Quiero comunicarles mi alegría por el trabajo realizado en conjunto. Estamos creando nuevas formas de civilización, donde se restablezca el respecto por la vida, por todo lo que está ahí ofreciéndose para nosotros, los alimentos, la floresta, el mar, los amores. Aprender a percibir eso sin esfuerzo nem ansiedad. Entender que el paraíso es una forma de relación con nuestro cuerpo y com la gente.

Es verdad que estamos cautivos por un sistema de dominación creado por mentes enfermas. Dentro de ese caos de opresión y muerte, luchamos por establecer las realidades básicas de la vida: el nascimiento, la alegría, la convivencia, al Arte, todo aquello que constituye el pulsante sueño mundial de vida. Cada uno de ustedes, al hacerse presente a nuestro llamamiento, pudo conectar con lo inmediato que ofrece la existencia. Al hacerse presentes, brindaron a cada uno de los otros lo mejor de Uds. mismos.

Esta carta no podrá nunca expresar todo el amor que recebí y la confianza que Uds. delegaron en mí, en mi amigo Cezar y en todos los que contribuyeron en la génesis de la Escuela Nordestina de Biodanza. En esa Escuela se realizará la unión del corazón iluminado a la conciencia.

Receban todo mi amor"

Rolando Toro

A partir de 1983, definiu-se as bases e interrelações do modelo operatório da Biodança, passando a extrapolar os limites do grupo regular de Biodança para o estudo de experiências interiores, resultante de estudos desenvolvidos por Rolando Toro sobre vivências do medo e da coragem de enfrentá-lo, por meio de exercícios específicos de auto-expressão. A este trabalho Toro denominou de Projeto Minotauro.
Em 1984, a Biodança chega à Europa, na França, por meio de Verônica Toro (filha de Rolando) e seu marido, Raúl Terrén.

Em 1986, a dificuldade de Cézar Wagner de oferecer supervisão a todos os facilitadores licenciados no Nordeste, por conta da grande extensão da região, a Escola Nordestina de Biodança considerou ser necessário desmembrar-se em três, que assim ficou: Escola de Biodança da Bahia, Escola de Biodança de Pernambuco e Escola de Biodança do Ceará.

Em 1989, a convite dos amigos Giovanni Salvatti e Emmi Mozzetti-Monterumici para realizar um programa de difusão do sistema Biodança, Rolando Toro decidiu ir morar na Itália para implantar a Biodança na Europa. Em Paris e em Marselha contou com a colaboração de Ana Leila, também formada na Escola de Biodança em Fortaleza.

Em 1990 há algumas modificações no modelo teórico, entre elas o deslocamento da identidade que sai do eixo horizontal passando a permear todo o modelo (vide figura ao final do blog).

A sistematização da teoria da Biodança originou-se na época da Escola Nordestina, resultante de um perseverante e paciente trabalho realizado por Cézar Wagner, iniciado com o recolhimento de inúmeros textos escritos por Rolando Toro que encontravam-se espalhados por toda a América Latina nas mãos de diversas pessoas. Foi um ano de intenso e difícil trabalho. Seu trabalho de sistematização desse material reunido resultou em quinze volumes que constituíram a Teoria da Biodança.

Como material pedagógico para as escolas de biodança, foram elaborados Catálogos de Biodança a partir desses volumes e da experiência de alguns facilitadores.

Nosso país, o Brasil, é considerado o berço de desenvolvimento da Biodança por ter sido aqui o lugar em que foi amplamente aceita, reconhecida, organizada, expandida e onde sua teoria foi desenvolvida, elaborada e sistematizada.

Em dezembro de 1991 Rolando Toro retornou ao Chile para realizar uma grande maratona de Biodança, marcando o início de sua estruturação naquele país.

Com o tema Biodança, 27 anos depois, realizou-se em Fortaleza, o II Congresso Internacional de Biodança.

Em 1994 foi criada a Escola de Biodança do Piauí.

Também em 1994, o modelo teórico da Biodança é mais uma vez modificado em consonância com os estudos desenvolvidos de que há um continuum do transe entre a consciência intensificada de si mesmo e a regressão à origem (fusão com o cosmo) que, no modelo de 1990, estava representado pela consciência diminuída de si mesmo.
A Biodança vem ganhando espaço, inclusive internacionalmente, por uma estratégia mundial, num esforço de estruturação e organização. É encontrada em toda a América Latina, Europa e África.

Na Europa foram criados grupos de Biodança na Suíça com trabalhos realizados por Gorettie e Allan que tiveram sua formação na Escola Nordestina de Biodança. Mais tarde, consolidou-se a Escola de Formação na Suíça que, posteriormente, foi assumida por Nadia Robin.

Em 1997, Rolando Toro voltou a residir no Chile, de onde coordenava as atividades do movimento Biodança em todo o mundo. Criou a Escuela Modelo de Biodanza e diversos cursos, entre os quais "Curso de Actualización y Formación de Didactas de Biodanza".

No ano de 2000, foi publicada a edição italiana Biodanza e a portuguesa, no Brasil, em 2002.

O primeiro livro publicado por Rolando Toro foi Projeto Minotauro organizado por Eliane Matuk. Sua obra bibliográfica:
-La Noche - Poemas. Editorial Carmelo Soria - Santiago de Chile, 1952. (Espanhol)
- Projeto Minotauro. Abordagem Terapéutico do Sistema Biodanza, Editora Vozes - Petrópolis (RJ), Brasil, 1988. (Português)
- Éxtasis del Renacido - Poemas - 2da Edición - Editorial Galac - Caracas, Venezuela, 1992. (Espanhol)
- Tras los Pasos de Afrodita - Poemas. Editorial Oasis - Oaxaca - México, 1995 (Espanhol)
- Lo Imposible Puede Suceder - Poemas. Editorial Oasis - Oaxaca - México, 1995 (Espanhol)
- Auf Den Spuren von Aphrodite. Uberstsetzung: Susanne Okotie, Melanie Delval, Gabriele Langmeyer. Lonopono - Viena, Austria, 1997.(Alemão)
- L´Alfabeto della Vita - Poemas escritos conjuntamente con Giovanna Benatti y Nicola Franceschiello, Edición Privada, 1997 (Italiano)
- Biodanza. Editorial Rede - Como - Itália, 2000. (Italiano)
- Biodanza. Editora Olavobrás, EPV - Brasil, 2002. (Português)
- Balada del Ángel Caido - Poemas, Edición Privada, Santiago de Chile, 2005. (Espanhol)

Até seu falecimento Rolando Toro exercia o cargo de Presidente da International Biocentric Foundation, com sede na Inglaterra e fundada por ele. Juntamente com Claudete Sant'Anna, sua atual companheira, cuidavam ambos da administração e da coordenação das atividades da Biodança em todo mundo.
A visão biocêntrica de mundo resultou na elaboração do princípio biocêntrico, seu paradigma de sustentação. Essa nova compreensão de mundo vem promovendo mudanças culturais e metodológicas em várias dimensões de atuação do ser humano, influindo no mundo organizacional das empresas - melhorando qualitativamente seus processos relacionais humanos e da própria organização; na pedagogia - que originou a Educação Biocêntrica; nas atividades ligadas à saúde; e, principalmente, na atuação de cada pessoa que dela tenha conhecimento e nela se lance, tornando-se referência para possibilidades de mudanças de comportamento mais saudáveis.
O futuro da Biodança é incerto, como todo trabalho futuro pos-morten de seu criador, em geral, se torna uma incógnita, principalmente quando há questões de herança de direitos autorais envolvidos, muitas vezes envolvendo pessoas não comprometidas com seriedade na sua continuidade, com as bases teóricas que lhe sustentaram em algumas escolas no mundo até hoje. Saliento que essa base teórica foi de crucial importância para o desenvolvimento da Biodança e foi o que a levou ao patamar atual de seriedade e de reconhecimento onde assim se dirige. Infelizmente, há hoje duas formas de se fazer Biodança: a do "oba-oba" e a com bases científicas comprometida com a estruturação das sessões de modo que promova um melhor resultado para o desenvolvimento e integração da pessoa no mundo.
Polêmicas à parte, sou profundamente grata a Rolando Toro por sua genial criação que busca promover mudanças e melhorias profundas nas pessoas de forma integrativa com a vida e com tudo que existe. O estudo da Biodança e a sua vivência na Escola de Biodança e nos grupos promoveram em mim maravilhas.
Que sua dança de vida continue florescendo!



FONTE: Homenagem do Grupo Biodança é Vida (recebido por e-mail)

EL JUICIO FINAL
(Rolando Toro Arañeda)

Porque el final es el comienzo
donde el niño y el anciano
se contemplan.

Vuelve tu rostro hacia los viejos huertos
A la partida del barco
que se aleja,
con toda tu infancia
en sus bodegas oscuras

Vuelve al infinito
con sus rostros ausentes
como el astronauta que perdió la ruta

El tiempo se estremece
cuando miras hacia adentro
y se inicia la resurrección
de los muertos

SOLO TU CORAZON ASISTE AL JUICIO FINAL
“Lo imposible puede suceder”
Rolando Toro Araneda

Fonte:http://biodanca.blogspot.com.br/2010/02/rolando-toro-partiu-ontem.html


ORIGEM

A biodança (do espanhol biodanza, neologismo do grego bio (vida) + dança, literalmente a dança da vida) é um sistema de integração afetiva e desenvolvimento humano baseado em “vivências” (experiências intensas no “aqui e agora”) criadas através de movimentos de dança com músicas selecionadas, e através de situações de encontro não-verbal dentro de um grupo, contribuindo para a renovação organica e par a reaprendizagem das funções originárias da vida ( instintos) 1 2 3 .
O “Sistema Biodanza” foi criado nos anos 1960 pelo antropólogo e psicólogo chileno Rolando Toro Araneda e se encontra difundido em diversos países, incluindo países da América LatinaEuropaCanadáJapão e África do Sul4 .
Utilizando fundamentos da Biologia, da Antropologia e da Psicologia, a biodança se define oficialmente como um sistema de integração afetiva, de renovação orgânica e de reaprendizagem das funções originais da vida.5 Apesar de produzir efeitos terapêuticos, a biodança não é uma terapia, um esporte ou uma simples dança. É uma pedagogia da arte de viver, uma poética do reencontro humano e um convite para que se crie uma nova cultura baseada no som da vida. Seus objetivos são a promoção da saúde, da consciência ética e da alegria de viver6 .

Principais elementos da biodança

As cinco linhas experienciais da biodança são7 8 9 :
  • vitalidade – vista como fonte e expansão da energia vital profunda e do impulso existencial;
  • sexualidade – vista amplamente como o desenvolvimento do contato sensível e progressivo natural;
  • criatividade – vista como o desenvolvimento da capacidade de renovação do ser e de renascimento interior;
  • afetividade – tratada como pesquisa e obtenção da nutrição emocional oriunda da expressão afetiva espontânea, com os outros e por extensão com a natureza;
  • transcendência – segundo a evolução da consciência e o desenvolvimento da consciência como ser participante e integrante da harmonia cósmica.

Definições de Rolando Toro

Nas intenções de Rolando Toro, a Biodanza se destina à integração do núcleo de identidade profunda do ser humano, com a conseqüente revelação da sensibilidade quanto à vida e suas manifestações, assim como uma auto-evolução no sentido ontológico do termo, através de um processo de transformação natural. Nas palavras do próprio Toro, a biodança é "um sistema que reintegra os seres humanos para viver a vida plenamente, com toda a sua intensidade. Temos pouco a pouco esquecido a importância de coisas tão fundamentais para conseguir uma vida feliz como respirar, caminhar, comunicar nossas emocões e sentimentos, compartilhar, amar... Como dizer, nos esquecemos de sentir. A Biodanza pretende despertar estas funcões inatas do ser humano que estão quase totalmente reprimidas em nossa civilização. Utilizamos uma metodologia simples e efetiva que facilita a conexão de cada um consigo mesmo (suas necessidades e desejos), com os semelhantes (amigos, familiares, companheiros...) e com o universo (o entorno imediato e mais além). Porque é indispensável que esses três níveis de comunicação estejam integrados".


Artigos publicados

Referências


A biodança não surgiu como uma seita de matriz ideológica nem como um movimento de tendência religiosa. De todo modo, não se descarta uma abordagem que busque ao sagrado, embora para a biodança e seus adeptos seja absurda a separação entre o sagrado e o profano, operada por diversas religiões.

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodança

Rolando Toro Araneda

Fotografia de Rolando Toro
 
Todos Somos Um

A força que nos conduz
é a mesma que acende o sol
que anima os mares
e faz florescer as cerejeiras.
A força que nos move
é a mesma que estremece as sementes
com sua mensagem imemorial de vida.
A dança gera o destino
sob as mesmas leis que vinculam
a flor à brisa.
Sob o girassol de harmonia
todos somos um.
                    Rolando Toro Araneda

Desenvolvedor do Sistema Biodanza, que se pratica em toda Europa, América e em diversos pontos dos demais continentes.
Nasceu em Concepción, Chile, em 19 de abril de 1924.
Faleceu aos 86 anos no chile, em 16 de fevereiro de 2010.
Professor Catedrático em Psicología da Arte e da Expressão, no Instituto de Estética da Pontificia Universidad Católica de Chile.
Como docente do Centro de Antropología Médica, na Escola de Medicina da Universidad de Chile, realizou pesquisas sobre a expressão do inconsciente, e sobre os estados de expansão da consciência.
Foi nomeado Professor Emérito da Universidad Abierta Interamericana de Buenos Aires, Argentina.
Criador da Fundación Biocéntrica Internacional (I.B.F), entidade que coordena a atividade mundial da Biodanza.
Além disso, era poeta e pintor. Publicou vários livros de poesía e de psicoterapia.
Residiu no Chile, Argentina, Brasil e Itália. Seu trabalho continua difundido pela Europa e  América.
Entre suas contribuições mais recentes encontramos os conceitos de "Inconsciente Vital", o "Princípio Biocêntrico" e "Inconsciente Numinoso".

O QUE É A BIODANZA?
Um modo de encontrar o prazer de viver
 
A Biodanza (ou como falamos: biodança) é um sistema que favorece o desenvolvimento humano através de vivências integrativas, induzidas pela música e dança.
 
É composta de um conjunto de exercícios e músicas organizados segundo um modelo teórico, orientado a elevar o nível de saúde, melhorar a comunicação e estimular a criatividade, não apenas artística como também a de renovação existencial.
Cada participante é convidado a descobrir as suas próprias respostas vitais e as suas formas de expressão e de ação, reforçando seu desenvolvimento, equilíbrio orgânico e existencial.
A Biodanza é o caminho para a alegria de viver.
 
Foi criada por Rolando Toro , psicólogo e antropólogo chileno. Rolando Toro se inspirou em fontes antropológicas e etológicas. Os fundamentos teóricos da Biodanza originam da biologia, ciência da vida.

DEFINIÇÂO


Biodanza é um sistema de integração e desenvolvimento de potenciais humanos mediante a dança, a música e situações de encontro em grupo. "Integração" significa coerência e unidade entre as diferentes funções orgânicas e psíquicas. O homem atual está dissociado a nível motor, emocional e orgânico. Sente uma coisa, pensa outra e atua de forma diferente. Sua existência é inautêntica, fragmentada. Essa situação o conduz à depressão, ao stress e à destrutividade. "Desenvolvimento de potenciais humanos" significa simplesmente a expressão genética das imensas capacidades afetivas e intelectuais.

A Biodanza estimula, através da música e situações de encontro em grupo, tanto a integração como o desenvolvimento dos potenciais inatos. Uma definição mais global poderia ser: Biodanza é uma poética do encontro humano que permite a expressão da identidade e o prazer de viver.

Os exercícios de Biodanza estão organizados a partir de um Modelo Teórico baseado nas Ciências da Vida: Biologia, Antropologia, Psicologia e Sociologia. O paradigma filosófico fundamental da Biodanza é o Princípio Biocêntrico. Todo o universo, inclusive os seres humanos, está organizado em função da vida. Dentro da nossa concepção, pretendemos resgatar a sacralidade da vida.

Se a nossa cultura optou por valores que conduzem à destrutividade e à morte, a Biodanza propõe uma cultura para a Vida, uma nova visão do mundo e da existência. Assim sendo, podemos dizer que Biodanza não é apenas uma forma saudável de liberação e saúde. Sua ação constitui uma forma de ecologia humana baseada em uma percepção da vida como experiência suprema.



QUAL O OBJETIVO FINAL DA BIODANZA


O objetivo final de Biodanza é produzir modificações estáveis do estilo de vida e elevar a qualidade de vida. O conceito de "renascimento" em Biodanza implica uma renovação existencial. Onde quero viver? Com quem quero viver? Que tarefas desejo desempenhar na vida? Biodanza estimula a coragem para chegar a cumprir os objetivos interiores.

As mudanças transitórias induzidas por sessões isoladas de Biodanza não são suficientes para produzir o processo de integração e a expressão dos potenciais. Não basta alcançar o bem-estar, é necessário ter acesso à felicidade.

QUAIS OS POTENCIAIS FOCALIZADOS NA BIODANZA


Que necessita uma pessoa para ser feliz? Temos aqui uma lista de aspirações humanas obtidas através de uma pesquisa com 600 pessoas:
  • Saúde, alimento, energia.

  • Afetividade, amor, compreensão, prazer,
  •  
  • amizade, solidariedade, ternura.

  • Criatividade, trabalho, casa, livre 

  • expressão.

  • Transcendência, acesso ao êxtase, visão de
  •  
  • totalidade, expansão de consciência.


  • Observando esta lista de necessidades, podemos descobrir que elas correspondem às cinco Linhas de Potencial que a Biodanza desenvolve.

    A felicidade é contagiosa. Uma pessoa feliz pode influir na felicidade de muitas outras. A felicidade é um processo de maturação. Cada pessoa pode desenvolver seus potenciais de felicidade e alcançar estados cada vez mais refinados e intensos.

    QUAL É A FUNÇAO DO GRUPO


    O grupo é essencial no processo de mudança porque induz novas formas de comunicação e vínculo afetivo. O grupo é uma matriz de renascimento na qual cada participante encontra continente afetivo e permissão para a mudança. Durante um século de psicoterapia tem-se concentrado o interesse no indivíduo como ser isolado. Hoje sabemos que não existe a possibilidade de uma evolução solitária. Martin Buber, Pichon Rivière, James Hilmann e Kenneth J. Gergen começaram a busca do homem como ser relacional. Nasceu o homem ecológico. A presença do semelhante modifica o funcionamento das pessoas em todos os seus níveis orgânicos e existenciais.

    BIODANZA, UM MOVIMENTO MUNDIAL


    A Biodanza foi criada há trinta anos, a partir das observações e experimentações do chileno Rolando Toro Araneda.

    Existem núcleos e escolas de formação de professores em vários países da Europa, como Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Áustria e Itália

    A expansão da Biodanza em todo o mundo com impressionante força deve-se ao fato de apontar as necessidades mais profundas desta época de crise ética e cultural.

    Fonte:http://www.escoladebiodanza.com.br/i

    ASPECTOS DA METODOLOGIA EM BIODANÇA



    Agostinho Mario Dalla Vecchia

    Desejamos expor aspectos da metodologia da biodança, da metodologia aplicada nas vivências, da epistemologia da vivência.
    Fomos habituados ao longo dos últimos séculos, com a expansão das ciências, da tecnologia e da revolução industrial, a pensar, organizar, viver e a incorporar um pensamento mecanicista, um pensamento que se desenvolveu a partir da dissociação entre corpo e alma, entre conhecimento e sentimento, entre conhecimento racional e o conhecimento vivencial. A origem disso está na experiência originária de expansão e de conquista dos reis e dos mercadores europeus sobre o restante do mundo, a partir de 1500. O homem moderno incorporou essas dissociações de uma forma vivencial, organizacional e as traduziu numa prática ideológica que segue se reproduzindo.
    Para intelectuais, pesquisadores e empresários habituados ao paradigma antropocêntrico, muitas vezes é estranho e preocupante o aparecimento de um novo paradigma e uma nova forma de pensamento e de entendimento do mundo. Contudo o pensamento centrado na vida continua avançando e reconhecendo cada vez mais a legitimidade do método vivencial.
    Toda a forma nova de ser e de viver causa mobilização e muitas vezes reações de resistência e desqualificação. Superado o estranhamento, os conflitos, a escola pode ir abrindo espaço para o progressivo conhecimento, incorporação e aplicação do método da Biodanza integrado ao processo de construção do conhecimento centrado na vida.

    A Vivência como Método.
    O modo habitual de fazer ciência na perspectiva cartesiana apresenta as possibilidades do desenvolvimento técnico e os limites de uma visão antropocêntrica, com uma visão mecanicista da realidade, com uma visão dualista do ser humano, uma educação centrada sobre o conhecimento racional. Uma nova visão de mundo centrada na vida, percebendo a realidade de forma integrada e complexa, valorizando as formas de relação e de conhecimento possíveis a partir do princípio biocêntrico, está se firmando com novas propostas de pensamento, de relacionamento e de organização da cultura. Com outros fundamentos para a educação busca-se desenvolver um ser humano dentro de uma compreensão de evolução integrada dos instintos, das emoções, dos sentimentos e da consciência a partir da expressão dos potenciais genéticos e da articulação com o meio ambiente. Para um projeto de trabalho com a perspectiva biocêntrica é necessário explicitar os fundamentos teóricos e metodológicos de tal atividade. Abordaremos abaixo, de forma mais detalhada os elementos teóricos e metodológicos que nutrem esta nova forma de fazer ciência, de fundamentar referenciais para o agir, de desenvolver a educação, de organizar a cultura. No primeiro momento vamos dar atenção à questão metodológica e seus fundamentos.
    A definição da Biodança pressupõe o conceito de vivência, que é a base de sua metodologia. Wilhelm Dilthey a definiu como “algo revelado no complexo psíquico dado na experiência interna de um modo de existir a realidade para um indivíduo”. Dilthey influiu na fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, na ontologia de Martin Heidegger e na sociologia de Max Weber. Rolando Toro, autor do sistema de Biodança, define e caracteriza a vivência e estabelece uma metodologia precisa e fundamentada para a integração e desenvolvimento humano. A vivência é
    a experiência vivida com grande intensidade por um indivíduo no momento presente, que envolve a cenestesia, as funções viscerais e emocionais. A vivência confere à experiência subjetiva a palpitante qualidade existencial de viver o “aqui e agora”. Defini as características essenciais da vivência e estruturei uma metodologia precisa para induzir vivências voltadas à integração e ao desenvolvimento humano mediante a estimulação da função arcaica de conexão com a vida, já que a vivência é a expressão psíquica imediata desta função (TORO,2002:30).
    A metodologia da Biodança prevê a indução de vivências de integração, pois elas implicam uma imediata e profunda conexão do indivíduo consigo mesmo. “O fenômeno da aprendizagem envolve todo o organismo e não apenas as funções corticais” (TORO, 2002:29). Ocorre nos níveis cognitivo, vivencial e visceral, que estão neurologicamente relacionados e podem condicionar-se reciprocamente. Quando um aprendizado compreende estes três níveis, os relativos comportamentos resultam integrados.
    A Biodança faz o percurso que vai das vivências aos significados. Em Biodança a vivência tem prioridade metodológica embora não exclua a função cognitiva, a consciência e o pensamento simbólico. Os exercícios são destinados primordialmente a induzir vivências e, só posteriormente caberá à consciência registrar e denotar os estados internos evocados.
    A vivência tem um valor intrínseco e um efeito imediato de integração, razão pela qual não é necessário que seja posteriormente analisada no nível da consciência. Na Biodança propõe-se uma descrição das vivências pessoais, enquanto experiências interiores, sem análise ou interpretação psicológica (TORO,2002:30).
    Em quarenta anos de aplicação do método de Biodança Rolando consegue observar e especificar as características essenciais da vivência, o que permite operacionalizar com mais segurança o método vivencial. São resumidas como:
    -Experiência original – a vivência se constitui na experiência original de nós mesmos, da nossa identidade, anterior a qualquer elaboração simbólica ou racional.
    -Anterioridade à consciência – é uma manifestação do ser que precede a consciência. A conscientização pode ser imediata ou num momento posterior. Ela tem a prioridade sobre a consciência no processo de integração da identidade e de expressão das potencialidades genéticas.
    -Espontaneidade – como a água que brota de uma fonte, a vivência surge com espontaneidade e frescor; possui a qualidade do original. A vivência não está sob o controle da consciência: pode ser evocada, mas não dirigida pela vontade.
    -Subjetividade – a vivência é subjetiva: ela se manifesta a partir da identidade. As vivências que cada pessoa experimenta são únicas, intimas e, portanto, incomparáveis.
    -Intensidade variável – varia conforme a intensidade da conexão consigo mesmo e a qualidade do estimulo que a produz. À medida que diminui a atividade consciente de controle, aumenta a intensidade da vivência.
    -Temporalidade – a vivência é passageira. Ela se manifesta no momento presente e constitui-se numa experiência de “gênese atual”, no sentido do conceito proposto por Alfred Awersperg para referir-se à contínua criação da vida que se verifica nos organismos vivos.
    -Emocionalidade -  freqüentemente a vivência dá origem a emoções.
    -Dimensão cenestésica – A vivência é sempre acompanhada de sensações cenestésicas e envolve todo o organismo. Segundo a hipótese do autor ela é a via de acesso ao inconsciente vital.
    -Dimensão ontológica – A vivência constitui a conexão intima absoluta, ligada ao ser e à percepção de estar vivo, É, portanto, uma qualidade ontológica.
    -Dimensão psicossomática – A vivencia é um ponto de conjunção da unidade psicossomática, que está relacionado ao processo de transmutação do psíquico em orgânico e do orgânico em psíquico. Há vivências que produzem desorganização, e conseqüentemente distúrbios a nível orgânico ou psíquico; há, ao invés disso, vivências de integração que favorecem uma elevação do grau de saúde e de vitalidade (cf. TORO, 2002:31-32).

    Vivência, Emoção, Sentimento.

    Rolando distingue os conceitos de vivência, emoção e sentimento. Vivência é uma sensação intensa de viver o “aqui e agora”, com um forte componente cenestésico. As vivências são experiências passageiras.
    A emoção é uma resposta psicofísica de profundo envolvimento corporal representado pelos impulsos internos à ação. As emoções têm uma orientação centrífuga e uma acentuada expressividade (por exemplo: alegria, raiva, medo); tem uma forte influência sobre o sistema neuro-vegetativo. Por sua vez o sentimento é uma resposta mais elaborada nas confrontações das pessoas com o mundo. Os sentimentos são duradouros (memória), envolvem participação da consciência, são diferenciados (preferência) e tem um caráter simbólico (por exemplo: amor, solidariedade, felicidade) (TORO, 2002:32).

    Para uma epistemologia da vivência.
    Segundo Rolando Toro, nos dias atuais a investigação do fenômeno da consciência não se restringe ao conhecimento racional, abrangendo também aspectos etológicos, místicos e poéticos. Os caminhos para alcançar a realidade da consciência são múltiplos. E podem incluir informações emocionais e cenestésicas. A expressão não depende só dos órgãos dos sentidos, mas, também, do contexto vivencial da própria percepção. Rolando propõe que a vivencia constitua um modelo de exploração da origem da consciência. Quanto à legitimidade científica da vivência afirma o seguinte:
    A vivência é uma experiência inevitável que comunica um conteúdo preciso de sensações e de percepções, e que anula a distancia entre aquilo que se sente e a observação do próprio sentir. Essa experiência implica uma forma de consciência que, segundo Maurice Merleau Ponty, tem legitimidade científica.
    A vivência pode ainda ser considerada como uma forma direta de consciência, cuja “veracidade” não passa pela razão e cujos efeitos envolvem todo nosso ser. A este propósito Michel Maffesoli afirma que se interessar pela vivência significa enriquecer o conhecimento, mostrar que uma consciência digna desse nome não pode deixar de ser ligada pela totalidade do ser ao objeto (TORO,2002:32).
    Eugênio Pintore afirma que a função central da vivência em Biodança permite recuperar o aspecto experiencial da abordagem cognitiva, superar a cisão entre experiência e consciência e, assim, modificar a própria idéia de ciência.
    A Biodança propõe uma epistemologia e uma teoria da consciência absolutamente inovadoras e revolucionárias, e o centro dessa “revolução” considera essencialmente o conceito de vivência. Uma epistemologia baseada na vivência pode conduzir não só a uma consciência essencial da realidade, mas, também à sabedoria que consiste na relação com o mundo, na integração dos ser com o cosmo. A Biodança inaugura assim, uma forma extremamente profunda de acesso à consciência de si e do mundo por meio da vivência (TORO, 2002:32-33).
    Assim é possível uma definição da Biodança como “um sistema de integração humana, de renovação orgânica, de reeducação afetiva e de reaprendizagem das funções originárias da vida. A sua metodologia consiste em induzir vivencias integradoras por meio da música, do canto, do movimento e de situações de encontro em grupo”(TORO, 2002:33).
    A música é uma linguagem universal e na Biodança tem a função de evocar vivências. São estudados seus conteúdos emocionais com a finalidade de avaliar os efeitos orgânicos que provocam e o tipo de vivência que evocam. Somam-se outros poderosos recursos de indução de vivência como o movimento ou a dança, a palavra vivencial do facilitador, as situações de grupo. O trabalho vivencial segue uma organização orgânica da aula que vai da ativação para a regressão, da consciência ampliada à consciência diminuída.
    A Biodança é feita em grupo e resulta eficaz quando este é afetivamente integrado, que oferece possibilidades diversificadas de comunicação e proporciona um “continente protetor” a cada um dos participantes durante a realização das vivências. É muito importante o fato da Biodança não oferecer nenhum modelo de comportamento. Ao entrar em contato consigo mesmo num processo de integração, um indivíduo apresenta seu próprio modelo genético de respostas vitais.
    Na Biodança a integração se realiza pela estimulação da função primordial de conexão com a vida, o que permite a cada indivíduo integrar-se a si mesmo, à espécie e ao universo. A integração a si mesmo consiste em recuperar a unidade psicofísica; a integração com o outro, consiste em restaurar o vínculo original com a espécie como totalidade biológica e a integração com universo consiste em resgatar o vínculo primordial que une o homem e a natureza e em reconhecer-se como parte de uma totalidade maior, o cosmo (TORO, 2002:34).
    Despertar a função arcaica de conexão com a vida pressupõe a existência mesma da vida. Pode se tornar um processo de maturação interior, uma atitude consciente capaz de restabelecer o contato com o primordial. O homem passou por longo processo de degradação dos instintos, perdendo a função de conexão com a vida (TORO, 2002:34).
    Quanto à renovação orgânica, os sistemas vivos têm um tipo de funcionamento complexo onde múltiplos fatores geram soluções novas e apropriadas às dificuldades que se apresentam a cada momento. Para conservar o equilíbrio o organismo desencadeia reações de adaptação às mais variadas situações biológicas. Nos seres humanos particularmente estas soluções não são programadas de maneira definitiva, mesmo que a determinação genética proponha respostas muito específicas.
    Os sistemas biológicos possuem sistemas de auto-organização. Para Henri Atlan a especificidade dos organismos está ligada a princípios organizadores e não a propriedades vitais irredutíveis. Para Edgar Morin, a máquina viva, ainda que temporariamente, não é degenerativa como a máquina artificial e está apta a aumentar a sua complexidade. Segundo Rolando Toro, o organismo vivo possui, de fato, a capacidade de renovar e restabelecer certos níveis de equilíbrio a partir de certos estados de desordem. A renovação orgânica é observável, por exemplo, no caso de rejuvenescimento de pessoas idosas provocada por uma transformação no estilo de vida, na restauração do equilíbrio funcional (TORO, 2002:34-35).
    A renovação orgânica advém na Biodança como efeito da homeostase, do equilíbrio interno e da redução dos fatores de estresse. “A homeostase é o mecanismo de auto-regulação que permite ao organismo manter-se em estado de equilíbrio dinâmico, apesar das oscilações das funções variáveis, dentro dos limites de tolerância” (TORO, 2002:35).
    A renovação orgânica é estimulada pela indução de exercícios que induzem estados de transe e de regressão integradores. Nesses estados se reproduzem em parte as condições fisiológicas  inerentes à primeira infância. Ela estabelece uma relação com o metabolismo celular da criança mais acelerado que o do adulto. Reproduzindo-se tais condições, aumenta a eficácia dos processos de reparação orgânica(TORO, 2002:35).
    Quanto à reeducação afetiva a Biodança considera um objetivo essencial estimular a afetividade no ser humano, mediante sua aplicação no campo da educação desde os primeiros anos de vida. A afetividade no homem moderno se apresenta, muitas vezes, perturbada. A violência e a destrutividade permeiam a sociedade. Apesar dos avanços tecnológicos, grande parte da humanidade está sob o aspecto afetivo, numa condição de aridez e de esterilidade na qual o amor é o grande ausente (TORO, 2002:35).
    Quanto ao aprendizado das funções originais da vida Rolando Toro nos coloca que os instintos constituem a expressão do programa biológico e podem ser sensibilizados pela Biodança. O instinto é uma conduta inata e hereditária que não requer aprendizado e que se manifesta diante de estímulos específicos. Sua finalidade biológica é a adaptação ao ambiente, indispensável à sobrevivência da espécie, com todos os seres vivos. Existe uma tendência cultural de relacionar os instintos à irracionalidade, contudo eles revelam uma espécie da sabedoria biológica da espécie que tem sua própria lógica. Muitos instintos têm seus opostos complementares. Exemplo: a fome tem como seu oposto complementar a saciedade. Esta bipolaridade dos instintos é uma expressão da lógica da vida, que permite resolver problemas de adaptação numa escala bastante ampla. A força do impulso instintivo diminui à medida que ele se satisfaz (TORO, 2002:36).
    A auto-regulação dos instintos tem uma base orgânica constituída por uma infra-estrutura neuroendócrina de notável precisão: por esta razão a liberação dos instintos não representa perigo; ao contrário, resgatar no próprio estilo de vida uma coerência com esses impulsos inatos é um modo natural de responder harmoniosamente às necessidades orgânicas, e assim, manter a saúde. E Rolando Toro segue investigando autores como Charles Darwin, William Mc Dougall, Konrad Lorenz, Nikolas Timbergen e Irenaus Bibl-Eibesfeld a respeito do instinto (TORO, 2002:36).
    Atualmente temos o reconhecimento da importância do primordial e da idéia de que a saúde esteja vinculada à fonte original da vida. Para Rolando Toro deveríamos retomar o significado do instinto e restabelecer seu valor psicoterapêutico, antropológico e educativo. Essa proposta visa resgatar nossa selva interior e ver as manifestações instintivas de uma perspectiva de exaltação da vida e da graça natural dela derivada (TORO, 2002:37).
    Então, Biodança significa dança da vida. Bio (bios)=vida e dança= com o sentido primordial de “movimento natural”, ligado às emoções e pleno de significado. Biodança, a dança da vida. Não tem o sentido clássico de dança.
    Quanto às áreas de aplicação a Biodança é aplicada em Educação; Biodança para a saúde (complementação terapêutica) e Biodança para organizações. Uma característica metodológica da Biodança é sua ação sobre a parte saudável do indivíduo. Utiliza uma metodologia cujos mecanismos induzem mudanças orgânicas e existenciais, muito embora, para muitas pessoas os efeitos da Biodança são inexplicáveis. Danças e exercícios curam enfermidades psicossomáticas e elevam a qualidade de vida. 
    As danças e cerimônias da Biodança foram concebidas para induzir novas formas de comunicação, estimular a expressão da Identidade, realizar uma reeducação afetiva, integrar a unidade orgânica, induzir processos de percepção ampliada (TORO, 1999:4 Apostila da Escola biocêntrica Rolando toro de Pelotas).
    A Biodança orienta seus objetivos para as funções globais de integração.
    Os mecanismos de ação da Biodança estão profundamente interconectados. Um estudo separado das distintas variáveis só tem um valor didático. A Biodança é um sistema que abarca a totalidade da vida humana e possui um Modelo Teórico de grande coerência (TORO, 1999:4 Apostila da Escola biocêntrica Rolando toro de Pelotas).
    O mecanismo fundamental da Biodança é a estimulação de vivências mediante a música, a dança e as situações de encontro em grupo. Na abordagem da Biodança a vivência tem prioridade sobre o pensamento conceitual ou as programações de conduta. O pensamento lógico racional não é instrumento adequado para mudança existencial e para induzir mudanças profundas de atitudes e tendências. As vivências têm efeito sobre a Identidade, sobre os processos de integração afetiva, sobre a realização existencial e sobre os estados de consciência (TORO, 1999:4-5 – Identidade. Apostila da Escola biocêntrica Rolando Toro de Pelotas). “As vivências tem um poder de integração em si mesmas e não necessitam de elaboração consciente; elas são modo de cognição, a nível inconsciente” (TORO, 1999:5 – Apostila da Escola biocêntrica Rolando Toro de Pelotas).
    Os exercícios de Biodança estão programados em ordem progressiva para atingir níveis evolutivos superiores. São organizados e integrados para gerarem “processos de mudança”. Assim é importante a continuidade da prática de Biodança para que seus efeitos se estabeleçam. Biodança é uma atividade grupal, na qual, pela interação com outras pessoas se permite um processo de crescimento. Não existe evolução solitária. Não é verdadeiro, segundo Rolando Toro, que para amar ao próximo é preciso amar a si primeiro. Ocorre simultaneamente: enquanto amo ao próximo estou amando a mim mesmo. “A Identidade se manifesta na presença do outro. O amor a si mesmo e o amor ao próximo não são sucessivos, mas simultâneos” (TORO, 1999:5-6. Apostila da Escola Biocêntrica Rolando Toro de Pelotas: Identidade). A Biodança não estimula o individualismo e sim a expressão da Identidade através das relações humanas. Não existe Biodança individual.
    O fundamental em Biodança é a expressão da Identidade. A Identidade só é Identidade diante de outra pessoa. Ela se manifesta na presença do outro. Os potenciais genéticos constituem a gênese biológica da Identidade. No entanto esses potenciais se manifestam pela ação de eco-fatores ou estímulos do meio ambiente. Os eco-fatores mais fortes para condicionar a expressão dos potenciais são os humanos, podemos também inibi-los. Assim, a expressão da Identidade é fortemente condicionada pela ecologia humana. “Nossa abordagem sustenta que o processo de desenvolvimento da Identidade depende da interação com outras pessoas” (TORO, 1999:7 – Apostila da Escola Biocêntrica Rolando Toro de Pelotas).
    A partir dessas colocações teóricas e metodológicas básicas sobre a Biodança podemos considerar que a vivência é o elemento metodológico essencial da Biodança e da Educação. A vivência tem um valor intrínseco e um efeito imediato de integração, razão pela qual não é necessário que seja posteriormente analisada no nível da consciência (TORO,2002:30). A vivência, como núcleo ontológico do ser humano, é anterior à consciência e ao pensamento racional. É o elemento constitutivo da Identidade e do conhecimento. Na Biodança a ontologia da vivência inclui a epistemologia da consciência.
    Dessa forma, a vivência é também o núcleo epistemológico da Biodança e da Educação. O corpo inteiro percebe uma verdade que foi vivida. Segundo Rolando Toro Arañeda a descrição de um único caso de vivência tem valor científico. O conhecimento vivencial é tão fundamental quanto ao conhecimento formal e é integrado com o mesmo, sendo sua base estrutural. A Biodança começa pela vivência e leva à consciência. A consciência é sempre posterior à vivência. A linha de vivência integradora de todas as outras linhas de vivência é a afetividade. Ela é a base estrutural na formação da identidade e a base estrutural do conhecimento.
    “Na Biodança propõe-se uma descrição das vivências pessoais, enquanto experiências interiores, sem análise ou interpretação psicológica” (TORO,2002:30). A fenomenologia é o suposto metodológico de pesquisa em Biodança. O critério de qualidade e de confiabilidade é a natureza da vivência que tem, por si, valor intrínseco, valor ontológico e valor epistemológico. A descrição e análise do conjunto dos relatos das vivências mostram regularidades e matizes que concentram e agrupam cada uma delas em uma linha de vivência permitindo extrair conclusões a respeito de seu valor constitutivo na formação da identidade e na construção do conhecimento.
    A vivência é reconhecida nos meios científicos como elemento metodológico e epistemológico, apesar das divergências na discussão entre pesquisadores quantitativos e pesquisadores qualitativos. A metodologia fenomenológica se destaca pela relevância acadêmica que tem a descrição, compreensão e a interpretação das realidades vivenciais, fenômenos impregnados de subjetividade construída nas relações intersubjetivas, nas relações de integração vivencial da pessoa consigo mesma e com o cosmo.
    O fundador da Biodança se mostra firme na visão do método da Biodança
    Os hábitos intelectuais de seleção, de avaliação e de julgamento voltados aos objetos e fenômenos serão substituídos pela percepção de regularidades e matizes dentro de situações caóticas. A questão do “porquê” cede lugar em favor do “como”. Tudo que conta é o ser vivo que se manifesta em meio a ruídos e situações aleatórias, já que o sentido da vida está na vida mesma e prescinde de elaboração de significados extrínsecos. Por isso, o fenômeno da consciência, assim como se manifesta no homem, não mais se limitará a levar em consideração as múltiplas reações da entidade viva e segundo parâmetros antropológicos ou mecânicos (TORO, 2002:51).
    A noção de caos, referenciada aqui, não significa desordem e sim situação prenhe de possibilidades de novas organizações, novas relações. Rolando Toro propõe que a ciência tome como paradigma a própria vida:
    Assim como a física encontra seu lugar no corpo da biologia, a consciência se insere no campo da vivência, caso seja possível definir o emocional como a experiência suprema do contato com o real. Se a verdade, segundo a concepção tradicional da ciência, é uma proposição tautológica, pode, apear disso, alcançar a dimensão de certeza quando se organiza tomando como referência iniludível a vida: ser, portanto, da própria existência, como um dançarino é, ele mesmo, ritmo e harmonia.(TORO, 2002:51)
    Pelo significado que ocupa o potencial genético na articulação do homem na vida, em contato com os eco-fatores ambientais, Rolando afirma que o método de Biodança
    é concebido como um sistema fechado de relações homeostáticas, que, porém, apresenta aberturas sutis a novas possibilidades de equilíbrio, representadas pelo contato inter-pessoal, em um processo aberto de co-criação e de integração. Por esta razão, o Modelo Teórico da Biodança pode ser considerado um sistema semi-aberto, que, em linguagem contemporânea, se chamaria “Sistema Complexo Adaptativo”(TORO, 2002:73).
    “O modelo de Biodança propõe a pulsação entre uma tensão aferente (centrípeta), acompanhada por um aumento da vivência de identidade, e uma expansão (centrífuga), acompanhada de uma vivência de dissolução na totalidade. Tais aberturas permitem transformações discretas, de caráter evolutivo, a partir de uma constante reorganização biológica provocada pelas vivências integradoras, cujo suporte é o potencial genético” (TORO, 2002:73). Segundo a afirmação destacada acima o método da Biodança é um método aberto e que permite uma abertura teórica em permanente processo de evolução. É uma postura coerente com a própria vida em evolução.
    A partir do suposto que a vivência é exclusivamente individual, subjetiva e única, com valor intrínseco em si, vivida com intensidade no instante aqui e agora pela pessoa, e tendo efeito imediato de integração; um conjunto de vivências descritas e analisadas num determinado universo de estudo pode apresentar experiências antagônicas ou complementares. Uma pessoa pode ter, na mesma vivência, a experiência de carência e de saciedade afetiva, por exemplo. São fenômenos aparentemente antagônicos, mas integrados no mesmo eixo da afetividade.
    Supondo que a realidade ou um organismo se compõe de uma teia de relações onde uma parte interfere no todo e o todo em cada parte, na totalidade das vivências de uma pessoa podem existir vivências dissociadas, antagônicas, o que revela uma situação patológica, e quando aparentemente antagônicas são complementares, tendem a um equilíbrio dinâmico. Por exemplo, a vivência onde a pessoa coloca sua ação de assertividade e de intervenção no mundo, é coerente e está integrada na mesma pessoa no momento que está em repouso.
    Um suposto pedagógico básico é que a mudança surge da vivência e não da consciência. Assim, por parte do educador, a postura vivencial incorporada e integrada afetivamente, a forma como vive, é o “instrumento” que se tem para desencadear a vivência nos educandos e para trabalhar de forma biocêntrica. Não podemos fazer vivência como técnica para trabalhar conteúdos. A vida é o centro, o mais importante, não há fórmula para trabalhar com ela, mas a postura do professor-facilitador, uma ação de coragem, uma ação que brota do coração. A postura afetiva leva ao contato e à criação de vínculos. Para isso é necessário mergulhar no contexto para a construção integrada do conhecimento e para a formação da identidade do educando.
    Com o objetivo exposto acima, serão abordadas as conclusões do criador do sistema Rolando Toro Arañeda, dos Professores-pesquisadores que atuaram nas últimas décadas, na chamada Educação Biocêntrica e as conclusões apresentadas pelo Grupo de Pesquisa “A Teia da Vida” (CNPq, protocolo n. 0578981658928518), dirigido por mim e constituído de professores-facilitadores, no qual serão por mim aplicadas oficinas de vivência de vitalidade, criatividade, sexualidade, transcendência e, principalmente, de afetividade, através da metodologia da Biodança. Após o relato vivencial de cada participante, as vivências serão descritas, compreendidas, interpretadas e apresentadas em forma de conclusões a respeito das contribuições para a formação da identidade do educando e para a construção do conhecimento.
    O pressuposto teórico básico neste processo é a existência do potencial genético que dispõe de um instinto gregário, de nutrição, de proteção e de vínculo com a espécie (grupo de potenciais afetivos). Mediante eco-fatores ambientais e de grupo, através dos exercícios induzidos pela música, pela dança, pela palavra vivencial do facilitador, em situações de grupo, já afirmado acima, é produzida a deflagração da sensação, da emoção e do sentimento que possibilitam a integração afetiva, a renovação orgânica e o reencontro com as condições originárias da vida. O enfoque é sobre a parte saudável dos potenciais afetivos, sua expressão e desenvolvimento. Tem em vista, neste caso, um objetivo pedagógico.
    Na perspectiva de se aplicar a Biodança em todas as linhas de vivência Ruth Cavalcante afirma:
    A aprendizagem [...] norteada pelas linhas de vivência, aumenta a auto-regulação, a vitalidade geral, a descoberta do prazer, a exaltação criativa, a capacidade de vínculo e a integração com a totalidade. A integração induz a estados de plenitude (CAVALCANTE, 1999:67).
    Quanto ao desenvolvimento da identidade, permitido por esse processo, a Biodança tem características e procedimentos próprios. A expressão ontológica de nossa Identidade é o movimento corporal. A dança, portanto, é uma ação exercida diretamente sobre a Identidade. O amor e o desejo sexual reforçam a Identidade ao mesmo tempo a tornam vulnerável. Esse é um novo paradoxo. A complexidade de componentes e estruturas que constituem a Identidade é o que, de certo modo, a torna uma noção difícil de operar. O instrumento mais sutil e poderoso para penetrar no integrado mecanismo da Identidade é a dança. A dança ativa o núcleo central da Identidade: a comovente sensação de estar vivo e a percepção da unidade de nosso corpo com as vivências e emoções (CAVALCANTE, 1999:67).
    A partir dessa sensação visceral se re-atualizam as primeiras noções do corpo e sua perfeição como fonte de prazer. Ao mesmo tempo, acentua-se a noção do “ser diferente e único” ao entrar em contato com outras pessoas. A auto-estima e a consciência de si mesmo elevam-se a níveis ainda não experimentados. O sentir-se vivo “com o outro” e, ao mesmo tempo, exaltado em suas próprias características, reforça todos os circuitos da Identidade saudável.
    Especificamente podemos dizer que, na expansão da identidade, nos exercícios de Biodança o aluno é, mais do que nunca, ele mesmo: respeitado, valorizado, querido e aceito. Experimenta seu corpo como fonte de prazer e, ao mesmo tempo, como potencialidade capaz de expressar-se criativamente. Os dois grandes pólos entre os quais se recicla o processo de Identidade são, assim, fortemente ativados dentro da Biodança.


    BIBLIOGRAFIA
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    TORO, Rolando.  Transe e regressão. Biodança: Sistema Rolando Toro. Apostila do Curso de formação docente de biodança. Copryght by Rolando Toro Arañeda
    TORO, Rolando. Contato e carícias. Biodança: Sistema Rolando Toro. Apostila do Curso de formação docente de biodança. Copryght by Rolando Toro Arañeda
    TORO, Rolando. O Movimento humano. Biodança: Sistema Rolando Toro. Apostila do Curso de formação docente de biodança. Copryght by Rolando Toro Arañeda
    TORO, Rolando. Aplicações e extensões da Biodança. Biodança: Sistema Rolando Toro. Apostila do Curso de formação docente de biodança. Copryght by Rolando Toro Arañeda
    TORO, Rolando. Linhas de vivência. Biodança: Sistema Rolando Toro. Apostila do Curso de formação docente de biodança. Copryght by Rolando Toro Arañeda.

    Fonte:http://www.biodanza.com.br/revista/aspectos.htm

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