CONVERSANDO SOBRE HOMEOPATIA E SUAS APLICAÇÕES,POLÊMICAS E PRECONCEITO


Homeopatia para plantas e meio ambiente

3 abril, 2012

Aplicação dessa técnica à agricultura acena com recuperação de plantas e ambiente
A homeopatia é conhecida como tratamento alternativo para os seres humanos, mas poucos conhecem sua utilização em animais, plantas, solos e água. Essa técnica é alvo de críticas quanto aos resultados e eficácia. Uma delas diz respeito ao “efeito placebo” de seus remédios, que não contém nenhum traço da matéria-prima utilizada em sua confecção. Para responder a essa abordagem é necessário um esclarecimento: a homeopatia não se relaciona com a química, mas com a física quântica, pois trabalha com energia, não com elementos químicos que podem ser qualificados e quantificados.
A aplicação da técnica homeopática à agricultura não é recente, como a maioria das pessoas podem considerar. Um dos primeiros estudos feitos nessa área remonta à década de 20, com pesquisas em plantas realizadas pelo casal Eugen e Lili Kolisko, baseadas nas teorias de Rudolf Steiner para agricultura biodinâmica. Desde então muitas pesquisas tem sido feitas em países como Franca, Índia, Alemanha, Suíça, Inglaterra, México, Cuba, Itália, África do Sul e Brasil. Aqui a Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, é pioneira nessa área.
Não é preciso ser especialista em saúde ou em meio ambiente para perceber que o método convencional de tratamento de pragas e enfermidades na agricultura gera um desequilíbrio no ecossistema e, consequentemente, no ser humano. Agentes patogênicos e pragas vão adquirindo, com o tempo, resistência aos agrotóxicos – que, por estratégia de mercado, passaram a ser chamados de “defensores agrícolas”. Assim, a quantidade e a agressividade desses produtos químicos tem ser aumentadas para contornar essa situação, provocando um efeito cascata desastroso: o solo se torna mais pobre e diminui sua produção; trabalhadores rurais ficam gravemente doentes pelo manuseio constante desses produtos tóxicos; as águas, incluindo as subterrâneas, são contaminadas; e os seres que dependem dos frutos da terra recebem toda essa carga de veneno, desencadeando uma série de problemas de saúde.
Com exceção das indústrias de agrotóxico e fertilizantes químicos, quem mais se beneficia com a prática desses tratamentos convencionais?
Se Hipócrates pudesse reavaliar o seu principio dos contrários, representado pela alopatia, e suas posteriores conseqüências nos seres vivos e no meio ambiente, ele o excluiria suas considerações. Já a homeopatia como técnica sustentável, economicamente viável e ecologicamente correta torna-se imprescindível ao equilíbrio do planeta e à saúde de todos os seres que nele vivem.
Autora: Nina Ximenes, bióloga, é pós-graduada em educação ambiental.
Fonte: Scientific American Brasil, abril/2012

21 novembro, 2011

Homeopatia e Florais


Em 21 de novembro é comemorado o Dia da Homeopatia. Em comemoração à data, resolvemos esclarecer uma dúvida comum: o que a Homeopatia e os Florais têm em comum e o que os difere?
A Medicina Homeopática e a Terapia Floral são semelhantes em um ponto: trabalham com medicamentos energéticos. Esses medicamentos têm a sua ação baseada na energia desprendida durante o processo de preparação, diferente da Medicina Alopática cujos remédios dependem de sua quantidade de matéria para exercer efeito. Apesar dessa semelhança, há muitas diferenças entre essas práticas de tratamento.
A Medicina Homeopática foi fundada pelo médico alemão Samuel Hahnemann no século 18, que descobriu e alicerçou essa nova ciência na Lei da Similitude, em que doenças semelhantes curam doenças semelhantes, pois ele descobriu que determinadas substâncias causavam, quando tomadas, uma doença artificial no doente, que fazia o corpo curar a doença verdadeira.
A Terapia Floral foi fundada pelo médico inglês Edward Bach, após uma carreira bem sucedida como médico homeopata. Dentro de um importante hospital homeopático, ele desenvolveu novos medicamentos homeopáticos baseados em bactérias, os Nosódios de Bach. Com o tempo, começou a preparar remédios à base de flores, seguindo a mesma farmacotécnica homeopática. Observava o comportamento das pessoas e percebeu que as flores poderiam ser aliadas no tratamento de tantos sofrimentos psíquicos e emocionais. Mudou-se para uma casa no campo no País de Gales, onde passou a preparar os remédios de flores com uma nova técnica, extraindo as propriedades energéticas delas a partir da exposição aos raios de sol. Nasceram assim os 38 Florais de Bach.
Com o sucesso dos remédios florais no tratamento de tantas pessoas com os mais diversos sofrimentos emocionais, surgiram outros sistemas de remédios florais, como o Californiano, de Minas, do Alasca, da Austrália, de Saint-Germain.
O objetivo da Terapia Floral é o equilíbrio emocional do paciente. Isso é conseguido focando na personalidade do paciente, em vez de na doença que ele apresenta. A doença é vista como um desequilíbrio entre a missão de vida que portamos no nosso Eu e a nossa prática cotidiana, fruto de nosso Ego, sendo um sinal de alerta para retornarmos ao que é essencial em nossas vidas. As essências florais são agentes que promovem esse reequilíbrio entre o Eu e o Ego, trazendo serenidade para o paciente.
LEI DA SIMILITUDE E LEI DA ASSINATURA
A escolha dos remédios pelo profissional se dá de forma diferente dos homeopáticos, já que eles não passam pela experimentação em pessoas saudáveis, não seguindo portanto a Lei da Similitude, base da Homeopatia. Os remédios florais foram classificados principalmente segundo a Lei da Assinatura, que prevê sua ação de acordo com sua forma e características de vida, comparando-as com os problemas emocionais vividos pelas pessoas. Na Homeopatia tanto os sintomas emocionais quanto os físicos, além das alterações corporais, são fundamentais na proposta terapêutica, enquanto na Terapia Floral os sintomas emocionais constituem o foco para a escolha dos remédios.
A preparação dos remédios homeopáticos segue um padrão técnico de diluição e sucussões repetidas, por meio dos quais são produzidos em diferentes graus de potência. Os remédios florais são preparados pela exposição aos rais solares ou fervura em água mineral, e são encontrados numa mesma potência sempre.
DIFERENTES, MAS COMPLEMENTARES
Os franceses chamam a Homeopatia e a Terapia Floral de “Medicinas Doces”, pela ausência de efeitos adversos que provocam no paciente e pela característica energética de seus remédios, contudo são métodos bem diferentes quanto à forma de preparo de remédios e à forma de prescrição dos mesmos. Essas diferenças, contudo, não impedem a associação de ambas as formas terapêuticas, podendo ser complementares.
Originalmente postado na Revista Personare

5 março, 2011

Cientista afirma ter teletransportado moléculas de DNA


O experimento mostraria que uma molécula de DNA pode transmitir as informações que contém, por meio de campos eletromagnéticos, para células distantes e até mesmo para a água. [Imagem: Site Inovação Tecnológica/Konrad Summers/Projeto Genoma Humano]
Teletransporte de DNA
Seu nome é Luc Montagnier e sua biografia pode ser resumida a um feito único: ele ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 2008, por ajudar a demonstrar a conexão entre o HIV e a AIDS.
Montagnier agora está sacudindo as bases do mundo acadêmico com uma alegação absolutamente inesperada: ele afirma ter “teletransportado” as informações de moléculas de DNA.
“Se os resultados estiverem corretos,” comentou Jeff Reimers, químico da Universidade de Sidnei, na Austrália, “isso será um dos experimentos mais significativos feitos nos últimos 90 anos, e exigirá uma reavaliação de todo o quadro conceitual da química moderna.”
Nesta altura dos acontecimentos, a expressão “se os resultados estiverem corretos” está tendo mais ênfase entre os outros cientistas do que o alegado teletransporte de DNA, que poderá ter um impacto, na verdade, muito além da química.
O problema é que o artigo ainda não foi aceito para publicação por uma revista revisada pelos pares deMontagnier.
E, a julgar pela recente controvérsia de uma bactéria com jeitão alienígena, anunciada com estardalhaço pela NASA e depois largamente contestada por outros cientistas, o processo de avaliação desse artigo deverá levar mais tempo do que o normal.
Teletransporte quântico
Montagnier e seus colegas alegam ter feito um experimento que mostra que uma molécula de DNA pode transmitir as informações que contém, por meio de campos eletromagnéticos, para células distantes e até mesmo para a água.
Mais do que isso, o Prêmio Nobel afirma que enzimas podem tomar esse “carimbo” remoto de DNA por um DNA real, copiando-o para produzir a coisa real – o que faria do experimento uma espécie de teletransporte quântico da molécula de DNA.
O experimento consiste em dois tubos de ensaio, próximos mas separados fisicamente, colocados dentro de uma bobina de cobre, sujeitos a um campo eletromagnético fraco de frequência extremamente baixa, de apenas 7 hertz.
O conjunto é isolado do campo magnético natural da Terra, para evitar interferências.
O primeiro tubo contém um fragmento de DNA com cerca de 100 pares de base. O segundo tubo contém água pura.
Depois de um período que variou de 16 a 18 horas, o conteúdo dos dois tubos de ensaio foram submetidos à reação em cadeia da polimerase (PCR), o método rotineiramente usado para amplificar quantidades traço de DNA, usando enzimas para fazer inúmeras cópias do material original.
Foi aí que o mais surpreendente aconteceu: o fragmento de DNA foi aparentemente recuperado dos dois tubos de ensaio, incluindo aquele que só deveria conter água.
A maldição da diluição
Para incomodar ainda mais os cientistas mais conservadores, aqueles que se incomodam com resultados controversos, e que geralmente se colocam prontamente contra qualquer nova descoberta que possa abalar o “edifício da ciência”, o DNA somente é teletransportado com sucesso depois que a solução original de DNA passa por diversos ciclos de diluição.
Diluição lembra homeopatia, e “cientistas céticos” – o termo é absolutamente sem sentido, mas há vários acadêmicos que se autodenominam assim -, cientistas céticos odeiam a homeopatia, argumentando que ela não possui bases científicas, e trabalham duro para desacreditá-la.
No experimento de teletransporte, em cada ciclo, a amostra original, do tubo número 1, foi diluída 10 vezes, e o DNA fantasma, do tubo número 2, só pode ser recuperado quando a amostra original é diluída entre sete e 12 vezes.
O teletransporte não funcionou nas super diluições usadas na homeopatia.
Vários cientistas ouvidos pela revista britânica New Scientist mostraram-se céticos quanto aos resultados.
Mas é difícil imaginar que a equipe de um pesquisador agraciado com o Prêmio Nobel seja ingênua a ponto de divulgar uma pesquisa tão controversa sem tomar todos os cuidados metodológicos necessários.
Cientista afirma ter feito teletransporte de DNA 
O fragmento de DNA foi aparentemente recuperado dos dois tubos de ensaio, incluindo aquele que só deveria conter água. [Imagem: Montagnier et al.]
Ondas eletromagnéticas do DNA
Segundo o rascunho do artigo, os físicos da equipe sugerem que o DNA emite ondas eletromagnéticas de baixa frequência, que transmitem a estrutura da molécula para a água.
Essa estrutura, alegam eles, é preservada e amplificada por meio de efeitos de coerência quântica. Como a estrutura imita o formato do DNA original, as enzimas do processo PCR tomam-na pelo próprio DNA e, de alguma forma, usam-na como modelo para construir moléculas que coincidem com o DNA transmitido.
Mas se Montagnier e seus colegas não conseguiram de fato fazer o teletransporte do DNA, então o que eles descobriram?
“Os experimentos biológicos parecem intrigantes, e eu não posso desacreditá-los,” disse Greg Scholes, da Universidade de Toronto, no Canadá, que demonstrou no ano passado que os efeitos quânticos ocorrem em plantas.
Klaus Gerwert, da Universidade Ruhr, na Alemanha, que estuda as interações entre a água e as moléculas biológicas, mostra preocupação quanto à persistência do fenômeno: “É difícil entender como a informação pode ser armazenada na água em uma escala de tempo maior do que picossegundos.”
Memória da água
Em 1988, o cientista francês Jacques Benveniste publicou um artigo na revista Nature, onde ele e seus colegas afirmavam demonstrar que a água tinha memória.
Em seu experimento, a atividade de anticorpos humanos era retida em soluções tão diluídas que não poderiam conter quaisquer moléculas de anticorpos – o que estatisticamente também ocorre na homeopatia.
Frente a um enorme ceticismo, a revista convocou um “caçador de mitos” para averiguar a questão, que concluiu que os resultados eram “uma ilusão”, gerada por um experimento mal projetado.
Em 1991, Benveniste repetiu seu experimento sob condições duplo cego e obteve novamente os resultados que demonstraram inicialmente a alegada “memória da água”.
Contudo, nem a Nature e nem a Science aceitaram o novo artigo para publicação.
Desacreditado, o pesquisador foi expulso de seu instituto sob a alegação de haver manchado a reputação da instituição.
Benveniste morreu em 2004.
Única saída
O que se espera agora é que o experimento de Montagnier e seus colegas seja avaliado pelos seus pares com a isenção necessária – sem ser condenado previamente, sobretudo por conter a palavra maldita – “diluição”.
Para isso, um único caminho pode ser trilhado: laboratórios independentes devem repetir os experimentos e checar os resultados.
Bibliografia: 
DNA waves and water
L. Montagnier, J. Aissa, E. Del Giudice, C. Lavallee, A. Tedeschi, G. Vitiello
Nature
23 Dec 2010
Vol.: 333, 816 – 818
DOI: 10.1038/333816a0
http://arxiv.org/abs/1012.5166
Human basophil degranulation triggered by very dilute antiserum against IgE
E. Davenas, F. Beauvais, J. Amara, M. Oberbaum, B. Robinzon, A. Miadonnai, A. Tedeschi, B. Pomeranz, P. Fortner, P. Belon, J. Sainte-Laudy, B. Poitevin, J. Benveniste
Nature
30 June 1988

7 fevereiro, 2011

Resposta de dois homeopatas aos céticos



Na qualidade de Presidente da Federação Brasileira de Homeopatia, e em resposta à matéria “Ativistas contra homeopatia vão tomar ‘overdose’”, publicada no último domingo, dia 30/1, venho afirmar que esta ciência de mais de 200 anos, derivada de uma das propostas de Hipocrates, pai da Medicina Ocidental, é uma especialidade médica desde 1980 no Brasil. Está presente em vários serviços médicos do SUS e Universidades e em expansão conforme a posição da Organização Mundial da Saúde no sentido de oferta de terapias reconhecidas como eficazes, e aqui no Brasil pela portaria 971 no Ministério da Saúde.
A condição básica para emitir qualquer tipo de opinião sobre a Homeopatia é ser feita por profissionais capacitados que tenham estudado a sua teoria e prática. O fato de leigos ou pessoas, que se intitulam de forma estranha como representantes de um tipo opinião, se manifestarem contra uma opção terapêutica nos chama a atenção. Isso só seria realmente entendido e compreensível se houvesse algum malefício no tratamento, como no caso de vários tipos de drogas que surgiram como milagrosas e que foram eliminadas do bulário médico, pois decepcionaram pelo mal causado.
Chama a atenção que um grupo não definido em suas constituições profissionais queira atrair atenção a nível mundial sobre o aumento do consumo e gastos com a Homeopatia negando as publicações e fatos relevantes que abalizam sua crescente procura. Isso demonstra todo tipo de desrespeito em não chamar à atenção desta mesma população dos riscos de abusos de remédios, e outras coisas de importância social. Ao contrário, vão colocar a prova o sistema de segurança que a Homeopatia promove aos seus usuários, com resultados de ausência de intoxicações catalogadas ao longo destes dois séculos de prática.
Insultam os usuários e deixam uma mensagem dúbia em atacar com um volume financeiro considerável uma prática que vem prestando serviços de forma eficaz só ou como complementar de outras técnicas médicas, assim como a cirurgia, vacinas, alopatia, acupuntura, entre outras. O fato de a ciência Homeopatia promover alguma polêmica advém da carência de conhecimento e estudo teórico e prático, por uma boa parte dos médicos por não contam com esta matéria no ensino universitário.
O médico tem dever e ética para com seu paciente. Cabe a ele estar informado da melhor forma de tratá-lo. Nesse caso, a Homeopatia é mais um instrumento para a prática da medicina, levando o profissional a optar por realizar outra técnica ou sabendo indicar quem o faça de maneira a confortar, aliviar ou curar o mal que atinge seu paciente, e jamais se esconder num único método, obscurecendo as possibilidades de tratamento.
A Homeopatia é um sistema terapêutico que se baseia nas características do enfermo e utiliza doses mais fracas para evitar a agressão imediata ao paciente já combalido pela doença. Sua prática registra benefícios desde a epidemia de cólera entre 1830 e 1834 na Europa. A utilização mais expressiva do tratamento homeopático está nas doenças crônicas, reduzindo progressivamente crises agudas, como rinites, asma, bronquites, colites, artrose, por exemplo, e conta com publicações específicas.
Obviamente, este fenômeno promove uma melhora do estado de saúde, e um menor consumo de medicamentos de ação aguda, e pesquisas têm revelado um menor custeio da saúde nestes tipos de patologia. O número de pessoas que procuram serviços médicos para tratamento com homeopatia vem aumentando de forma significativa, gerando maior procura por este tipo de medicamento.
Dr. Fabio de Almeida Bolognani, presidente da Federação Brasileira de Homeopatia http://www.homeopatiabrasil.org.br
São Paulo
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HOMEOPATIA E CETICISMO
Reproduzindo a manifestação de 30/01/2010, grupos de céticos em diversos países ingeriram em 05/02/2011, em praças públicas, frascos inteiros de “supostos” medicamentos homeopáticos, com o intuito de validar a hipótese de que esses remédios “são apenas glóbulos de açúcar” e não produzem qualquer efeito na saúde humana. Vale ressaltar que esse movimento surgiu no Reino Unido em apoio à proposta de suspensão do uso de verbas públicas para a compra de medicamentos homeopáticos, mobilizada por partidários de laboratórios farmacêuticos, e que envolve a quantia de milhões de libras anuais.
Pelo segundo ano consecutivo, contanto com a participação maciça da mídia, os autodenominados céticos concluíram, de forma sensacionalista, que os medicamentos homeopáticos funcionam apenas como “placebo”, baseando suas catedráticas afirmações na suposição de que nenhum dos participantes apresentou quaisquer efeitos adversos logo após a ingestão das “overdoses” dos medicamentos homeopáticos.
Num primeiro momento, várias perguntas deveriam ser respondidas pelos organizadores do movimento, para a proposta apresente legalidade jurídica, ética e científica: Quais foram os medicamentos homeopáticos experimentados e em que potência? Aonde foram produzidos e adquiridos, em vista da necessidade de prescrição médica para o aviamento dos mesmos? Na vigência da manifestação de eventos adversos, qual a conduta para assegurar a integridade dos usuários? Os efeitos poderão surgir em quanto tempo após a ingestão? Qual a metodologia para se avaliar os possíveis resultados? Etc.
Apesar desse hiato de informação básica, muitos articulistas médicos, que deveriam pautar seus posicionamentos no método científico, se posicionaram a favor do movimento.
A auto-experimentação de medicamentos homeopáticos (auto-experimentação patogenética homeopática) é, de fato, um excelente método para a comprovação dos efeitos dos medicamentos homeopáticos no estado de saúde humano, desde que os experimentadores se disponham a observar e registrar, em tempo hábil e sem preconceitos, as mudanças desencadeadas pelas ultradiluições em seus aspectos psíquicos, emocionais, gerais e físicos.
Por esse motivo, em relação aos episódios anteriormente relatados e seus supostos resultados, eu não posso deixar de questionar se tais “céticos” estariam “verdadeiramente” dispostos a mencionar qualquer mudança em seu estado de saúde que poderiam vir a surgir ao longo das semanas após a auto-experimentação. Como o mais provável é que a resposta seja “não”, então proponho que ao invés de “céticos” sejam chamados de “preconceituosos”, porque lhes falta o “verdadeiro espírito científico”, ou seja, aquela postura que exige dos pesquisadores abdicarem de suas opiniões e idéias preconcebidas quando buscam respostas para perguntas sugeridas pela pesquisa.
Minha posição se fundamenta nos resultados obtidos no projeto “Experimentação patogenética homeopática como método didático”, que vem sendo realizado desde 2003 com estudantes da disciplina eletiva “Fundamentos da Homeopatia” da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Trata-se de um protocolo científico (aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da FMUSP), onde os medicamentos homeopáticos são experimentados em doses únicas (5 glóbulos) e na diluição 30cH (10-60 M) através de ensaio clínico randomizado, duplo-cego e placebo-controlado (cross-over).
Os estudantes de medicina participam dessa atividade de forma optativa e voluntária, assinando um Consentimento Livre e Esclarecido (CLE) e observando os efeitos do medicamento homeopático e do placebo (em fases alternadas) em seus estados de saúde, ao longo de um período de dois meses. Com essa prática vivencial puderam ser confirmados vários sintomas descritos em experimentações prévias das mesmas substâncias, corroborando a premissa de que a “informação” contida nos medicamentos homeopáticos dinamizados pode produzir efeitos patogenéticos em seres humanos. Essa experiência quali-quantitativa está descrita em detalhes no artigo “Brief homeopathic pathogenetic experimentation: a unique educational tool in Brazil” (“Experimentação patogenética homeopática breve: uma singular ferramenta educativa no Brasil”), publicado em 2009 no periódico “Evidence-based Complementary and Alternative Medicine” ( http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2722208).
No entanto, devo insistir que o requisito mínimo para que os fenômenos homeopáticos possam ser constatados está na “mente aberta” dos pesquisadores (como se posicionaram, de forma exemplar, os estudantes de medicina da FMUSP), sem preconceitos, tanto na pesquisa quanto na terapêutica. Caso contrário, são “pérolas jogadas aos porcos”.
Marcus Zulian Teixeira, médico homeopata, doutor em medicina, coordenador da disciplina “Fundamentos da Homeopatia” da FMUSP mzulian@usp.br /http://www.homeozulian.med.br
São Paulo

19 outubro, 2010

Nós somos únicos


Cybele Patti Silveira, farmacêutica homeopata
Vários fatores nos diferem uns dos outros nos tornando únicos: o código genético, a posição social, cultural, as influências da família, das amizades, da religião, das experiências particulares vividas. Enfim somos uma “mistura” de influências somadas à nossa personalidade.
Como somos únicos, quando adoecemos, naturalmente nossos sintomas se manifestam de forma muito particular.
Além dos sintomas comuns à doença propriamente dita, nós vivenciamos este momento enquanto doentes de formas diferentes conforme por exemplo: a nossa idade, a época do ano, nossos medos,  nossa rotina de vida, nossa rotina alimentar, como e quando é a hora da tosse (seca, com catarro, só à noite, só durante o dia…), como dói a cabeça (cabeça toda, só em cima dos olhos, só após o almoço..), em qual horário temos insônia (início da noite, meio da madrugada, noite inteira,…) quando e onde sentimos as dores. São estas diferenças  que devem ser detectadas pelo médico na hora da escolha do mais adequado medicamento homeopático.
Por isso na consulta tantas perguntas “estranhas” são feitas, que às vezes parecem sem sentido, mas são fundamentais para individualizar o doente.
Por isso para uma mesma “doença” as possibilidades de prescrições são tão variadas.
Por isso também que a nossa receita, que é feita após individualização dos nossos sintomas naquele momento nunca deve ser repetida sem autorização do médico e nunca deve ser utilizada por outra pessoa.
Nós somos únicos.

29 julho, 2010

Homeopatia e Preconceito


MARCUS ZULIAN TEIXEIRA
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Posturas preconceituosas de ambas as partes dificultam o diálogo entre racionalidades médicas distintas, impedindo que pacientes se beneficiem
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Em todas as épocas, incomodados com posturas preconceituosas dos seus pares, pensadores e cientistas definiram esses julgamentos formados sem maior conhecimento dos fatos: “O preconceito é uma opinião não submetida à razão” (Voltaire); “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito” (Einstein).
Apesar de a ciência ser uma área do conhecimento que busca estudar os fenômenos e seus princípios, devendo isentar-se de preconceitos para cumprir o seu ideal, o “orgulho científico” entorpece a mente dos pesquisadores, fazendo-os desprezar aquilo que desconhecem.
A história da humanidade está repleta de exemplos em que determinadas teorias consideradas “polêmicas” perante o modelo científico de uma época tornaram-se leis inquestionáveis no futuro, em vista do aperfeiçoamento dos métodos de investigação.
Infelizmente, duas matérias publicadas no caderno Ciência deste jornal (“Descobridor do HIV defende a polêmica memória da água” e “Pesquisa rendeu Prêmio Ig Nobel a francês”, 30/6), exemplificam o preconceito científico dos autores, que ironizam os recentes estudos do pesquisador Luc Montagnier (Prêmio Nobel de Medicina em 2008), que trazem novas evidências à teoria da “memória da água”, endossando as “ultradiluições homeopáticas”.
Transmitindo aos leitores visão parcial dos fatos, os autores questionam o “brilhantismo” do ganhador de um Prêmio Nobel, a “qualidade científica” de suas publicações e a sua “capacidade de juízo”.
Como o currículo do pesquisador torna essas críticas inócuas, ressaltamos que outras pesquisas, não citadas nas matérias, evidenciam a “atividade biológica”” das “ultradiluições homeopáticas”.
Madeleine Ennis (farmacologista britânica) publicou estudos multicêntricos no periódico “Inflammation Research” (1999, 2001 e 2004), que confirmam os resultados da pesquisa de Jacques Benveniste publicados na revista “Nature” (criticada nas matérias).
Apesar do viés “anti-homeopatia”, a pesquisadora declarou-se surpresa com os resultados, que não puderam ser explicados pela farmacologia. Outros modelos, citados em revisões no periódico “Homeopathy” (em 2009 e 2010), mostraram a atividade biológica das preparações homeopáticas.
A “memória da água” também foi estudada em modelos físico-químicos, tendo suas pesquisas publicadas em revisão no periódico “Homeopathy” (2007).
Como exemplo, Louis Rey constatou a “informação” das ultradiluições homeopáticas no estudo da termoluminescência das substâncias (“Physica A”, 2003).
Contrapondo o movimento contracultural homeopático, que despreza a importância da pesquisa em geral, defendemos a fundamentação científica dos pressupostos homeopáticos, buscando uma linguagem comum que aproxime ambos os paradigmas e permita a prática de uma medicina integrada.
No entanto, posturas preconceituosas de ambas as partes dificultam o diálogo entre racionalidades médicas distintas, impedindo que os pacientes se beneficiem com a união ética e consciente dessas opções terapêuticas.
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MARCUS ZULIAN TEIXEIRA, doutor em medicina, é médico homeopata e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP.
E-mail: mzulian@usp.br .

23 julho, 2010

Seminário reúne Homeopatas de Brasil e Cuba em Havana



Promover o intercâmbio entre profissionais de Homeopatia do Brasil e de Cuba. Este é o objetivo do Encontro Brasil Cuba de Homeopatia, que chega, este ano, a sua terceira edição. Nos dias 21 e 22 de julho, farmacêuticos, médicos, veterinários e dentistas homeopatas se reunirão no Ministério da Saúde de Cuba, em Havana. Este ano o assunto tratado no seminários serão as epidemias, principalmente a epidemia de dengue.
Realizado a cada dois anos, o seminário de Homeopatia, uma realização do Instituto Lamasson e do Ministério da Saúde de Cuba, tem mantido o elo entre os dois países, reforçando o intercâmbio iniciado em 1993. “Como não havia Homeopatia em Cuba, o Instituto começou a formar profissionais e hoje mantém este intercâmbio para trocar informações e desenvolver, em conjunto, projetos de pesquisa”, explica Izao Carneiro, médico homeopata que é o articulador deste trabalho.
III ENCONTRO BRASIL CUBA DE HOMEOPATIA
21 e 22 de julho de 2010
Programa
Doenças crônicas – Izao Carneiro Soares
A prática clínica homeopática – Paulo Cesar Maldonado
Casos dermatológicos – Claudia Cardoso e Maria Mercedes Alves
Mesa redonda – A investigação homeopática na atualidade. Projetos conjuntos – Wagner Deocleciano Ribeiro, Maria de los Angeles Palau, Silvana Mantovani, Ana Rita Vieira de Novaes, Maria Diana Sales e Hylton Sarcinelli Luz

16 março, 2010

Homeopatia: Fantasia ou Ciência?


Josep Garriga
A cebola (Allium cepa) é um dos ingredientes básicos para um bom refogado. Mas também pode curar um resfriado comum. A tinta da sépia (Sepia officinalis) é imprescindível para fazer um delicioso arroz negro, mas também é recomendada para transtornos hormonais, da menopausa e menstruação. O enxofre (sulphur) não serve só para matar os fungos das videiras, mas também para curar doenças da pele. E por aí vai. Nada menos que três mil substâncias de origem vegetal, animal e mineral são utilizadas pela homeopatia para curar patologias, sejam elas leves, graves ou crônicas.
Mas há cientistas e médicos para os quais a homeopatia – como terapia ou terapêutica natural – parece uma farsa. O Parlamento britânico, por exemplo, determinou em fevereiro que seu único efeito curativo era como placebo. Mas, fora isso, ninguém demonstrou como essas bolinhas açucaradas interagem no organismo e chegam a influenciar o curso de uma doença. Se é que influenciam ou interagem, porque a homeopatia desperta paixões e fobias, e suscita opiniões extremas. Ou é defendida radicalmente (no Reino Unido e na França ela faz parte do sistema de saúde pública) ou é caluniada. Não há meio termo. No máximo, pode-se encontrar algum médico que seja cético de forma não usual.
A medicina homeopática se baseia no princípio da semelhança, ou seja, uma mesma substância responsável por determinados sintomas também pode aliviá-los ou neutralizá-los, sempre e quando for administrada de forma correta (o semelhante cura o semelhante). Por exemplo, a cebola provoca lágrimas e irritação na garganta, mas abrevia um resfriado comum. A cafeína produz insônia ou taquicardias, mas também pode induzir a um ritmo cardíaco normal. Esta reação acontece porque a substância está presente nos medicamentos em doses infinitesimais, que são obtidas mediante processos de potencialização ou dinamização (várias sacudidas da diluição). Mas a origem da polêmica sobre a sua eficácia está no fato de a diluição ser tão pronunciada que às vezes não resta uma só molécula do princípio ativo original. Por esse motivo, Joan Ramon Laporte, chefe do serviço de farmacologia do hospital de Vall d’Hebron de Barcelona, refere-se aos medicamentos homeopáticos como “a medicina da água”. “Para começar, eles não contêm nada porque a concentração do suposto princípio ativo é infinitesimal. E quando dividimos alguma coisa por infinito, o resultado é nada. Não há um princípio ativo que desencadeie uma resposta fisiológica no organismo que melhore seu estado de saúde”, conclui.
Entretanto, Luc Montagnier, que ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 1998 por ter descoberto o vírus da imunodeficiência humana (HIV), não compartilha dessa opinião: “Observou-se que certas diluições em água nas quais não resta nenhuma matéria ainda assim registram vibrações. Esta diluição pode reconstruir a informação genética da matéria. É uma informação instrutiva da qual a homeopatia não pode esquecer, embora muitos críticos digam que não há nada. Mas há alguma coisa. Nós demonstramos a água tem estruturas que são induzidas por vibrações eletromagnéticas.” Por causa dessa descoberta, os médicos homeopatas sustentam que a reação que acontece no organismo não é química, como acontece com os medicamentos alopáticos, mas sim de caráter físico, mas continuam sem esclarecer como ela atua. “Os estudos científicos que foram apresentados e que demonstram que a homeopatia tem um efeito superior ao do placebo evidenciam que é isso que acontece, que nosso organismo reage ao medicamento. Nós demonstramos que o princípio da semelhança existe e funciona”, rebate Assumpta Mestre, que dirige a seção de homeopatia do Colégio de Médicos da Catalunha.
Mas Montagnier acrescenta: “Física ou química? É mais complicado. Mas é verdade que é possível explicar o efeito dos medicamentos depois da diluição pelo fato de que a estrutura da água pode continuar representando a molécula. A água pode conservar a forma e a informação do princípio ativo da molécula”. Essa teoria explicaria a influência dessa substância primitiva sobre o organismo, ainda que não reste nenhuma só molécula da original.
“Os mecanismos de ação dos medicamentos homeopáticos são muito variáveis. O que conhecemos sobre a atuação da aspirina é muito diferente do que sabíamos há 30 anos. O importante é que a substância cure, como ela consegue isso é secundário”, acrescenta Antonio Marqués, também médico homeopata com consultório nas Ilhas Canárias. Por outro lado, Joan Ramon Laporte, responde: “Encontrar uma pegada no local de um crime pode dar informações sobre o tipo de sapato ou o peso do indivíduo, mas não prova quem foi o assassino. Na homeopatia, acontece o mesmo: uma pessoa pode se curar por uma simples probabilidade estatística, mas isso não demonstra que tenha sido graças ao que tomou”.
Na Espanha, calcula-se que três mil clínicos gerais, 2 mil pediatras e 4.600 médicos de outras especialidades prescrevam medicamentos homeopáticos. “Há 20 anos que me dedico à homeopatia. Sou formada em medicina e não paro de ampliar meus conhecimentos nesta área. Você acha que se não houvessem provas e evidências de sua eficácia eu teria passado duas décadas exercendo-a? Pelo amor de Deus, eu sou médica, e não uma bruxa com minhas bolinhas”, defende-se Maite Bravo, que dirige o mestrado em homeopatia na Universidade de Barcelona, um programa de dois anos que começou em 1995 e exige 320 horas de aula e 140 de prática. Só podem se matricular médicos, veterinários ou estudantes do último ano de medicina. Neste ano também começou o mestrado na Universidade de Sevilha, com 500 horas-aula. Tanta formação para uma terapia que é vilipendiada por alguns? “Sim, as pessoas que criticam a homeopatia o fazem por puro desconhecimento. Nós trabalhamos com três mil medicamentos, dos quais usamos 250 a 300 com mais frequência, porque cada indivíduo requer um tratamento personalizado. Se não, não funciona”, acrescenta Bravo.
Um homeopata dedica a seus pacientes uma média de 30 a 60 minutos por consulta porque seu objetivo é encontrar a origem real da doença e muitas vezes ela não é de caráter físico, mas sim psicológico, de sua força vital. “Uma doença não é um fato isolado, é preciso conhecer muito bem o doente”, explica Bravo, que reconhece que os médicos tradicionais também curariam mais seus doentes nos ambulatórios se dessem a eles 30 minutos de atenção,
em vez dos 5 ou 10 minutos habituais.
A Sociedade Catalã de Medicina Familiar e Comunitária elaborou um documento no qual recomenda o tratamento homeopático para 30 patologias diferentes. Por exemplo, síndromes gripais, infecções das vias respiratórias, fibromialgia, fatiga crônica, otite, asma, depressão ou insônia. O documento garante, inclusive, que no caso de infecções por HIV a homeopatia produz um aumento dos CD4 e dos linfócitos T. A orientação assegura que esses medicamentos têm poucos efeitos colaterais, mas adverte que só podem ser prescritos por pessoas graduadas em medicina e formadas em homeopatia.
Trata-se apenas de uma recomendação, uma vez que a Espanha não tem uma norma sobre o exercício da homeopatia, ao contrário do que acontece na França, Alemanha e Reino Unido, onde a homeopatia faz parte da saúde pública e existem hospitais especializados. Na Espanha, a homeopatia só é reconhecida como prática médica. Primeiro foi o Congresso dos Deputados, em setembro, que a aprovou por unanimidade. Três meses depois, a Organização Médica Colegial (OMC) tomou a mesma decisão. “A homeopatia exige um diagnóstico prévio, uma indicação terapêutica e precisa ser realizada por pessoal especializado em centros de saúde devidamente autorizados”, aponta Cosme Naveda, coordenador da área de terapias médicas não convencionais da OMC. Naveda se define como um cético: “eu não me dedico a isto, faço visitas num ambulatório, mas na medicina é possível causar danos ao paciente por ação ou omissão. Na homeopatia, com certeza não é por ação, porque não há efeitos colaterais, mas se não for feito um diagnóstico claro, pode-se ignorar um problema e postergar seu tratamento.”
A Catalunha foi a única comunidade que se atreveu a regular o exercício das terapias naturais, incluindo a homeopatia, mas o Tribunal Superior de Justiça derrubou o decreto em junho de 2007 por invasão de competências do governo central. A Academia Médico-Homeopática de Barcelona recorreu da norma porque ela permitia que qualquer pessoa, sem ser médico, exercesse a especialidade, uma vez demonstrada sua formação. Na sentença, os juízes escreveram: “não falta motivo aos recorrentes quando afirmam que o decreto equivale a autorizar que pessoas não formadas em Medicina possam receitar medicamentos homeopáticos antes de diagnosticar as doenças.”
Josep Davins, subdiretor de Recursos Sanitários da Catalunha, explica que os médicos entenderam mal a normativa, porque “não se pretendia regular a prática médica, mas sim a não-médica, e combater o exercício da profissão por pessoas não habilitadas. Queríamos proporcionar segurança aos cidadãos”. Em abril de 2008, o ministério da Saúde constituiu uma comissão com as comunidades autônomas para tentar legislar sobre o exercício das terapias naturais de forma harmônica. Mas as práticas são tão heterogêneas (homeopatia, acupuntura, osteopatia, plantas medicinais, etc.) que por enquanto a comissão só compilou a legislação europeia sobre o assunto. Na França e na Alemanha, a homeopatia está reservada exclusivamente aos médicos, e no Reino Unido há quatro hospitais homeopáticos na rede pública (Londres, Bristol, Liverpool e Glasgow). Entretanto, em fevereiro, uma comissão do Parlamento britânico pediu que o governo retirasse os 4,5 milhões de euros que esta medicina alternativa custa ao serviço nacional de saúde, por considerar que a homeopatia carece de consistência médica. Mas o governo trabalhista britânico negou-se a isso. “Aqui, na Espanha, se você entrasse num hospital e pedisse um tratamento homeopático, receberia alta em dois minutos”, queixa-se Bravo. “Quantos anos a humanidade viveu sem saber por que as maçãs caíam até que Newton o explicasse? É o mesmo caso”, acrescenta Assumpta Mestre.
Mas, convincente ou não, a homeopatia conta cada dia com maior número de adeptos, não só entre os pacientes, mas também entre os médicos. O número de pediatras que optam por esses tratamentos disparou nos últimos anos, sobretudo por conta da segurança dos medicamentos e da facilidade em administrá-los. E sim, tratam-se de medicamentos, e não de balinhas, segundo todas as normas europeias e a Agência Espanhola de Medicamentos. Como tal, são vendidos em farmácias. “Efetivamente, estamos falando de medicamentos com eficácia demonstrada por meio de estudos científicos e testes, da mesma forma que acontece com os medicamentos convencionais, os alopáticos”, comentam representantes da Agência Espanhola do Medicamento. Se não, não estariam no mercado.
Fonte: Jornal El País
Fonte Geral:http://saudealternativa.wordpress.com/category/homeopatia/

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