HOMEOPATIA,MEDICINA PARA O SÉCULO XXI -DR MARCOS DE OLIVEIRA MUNDIM



1- HOMEOPATIA, ARQUÉTIPOS PRIMORDIAIS E HOLISMO-Dr. Marcos de Oliveira Mundim*
A Homeopatia é uma medicina de base experimental, criada em 1796 pelo alemão Samuel Hahnemann. Os dados obtidos através do protocolo de pesquisa no homem sadio (patogenesias, matéria médica homeopática), permitem estabelecer imagens, formas, padrões experimentais, os quais permitem comparar, reconhecer e interpretar nestes relatos de medicamentos, as pessoas analogicamente semelhantes quando doentes, a cada um destes quadros de sintomas gerais, locais, mentais, particularidades, modalidades de melhora, ou agravação, etc. A semiologia homeopática oferece um caminho seguro, onde a hierarquização de sintomas e sua repertorização, constituem formas muito importantes de promover a individualização da pessoa enferma, com suas idiosincrasias, escolhendo a partir daí o medicamento homeopá¬tico adequado semelhante (simillimum), que mais se aproxima da totalidade sintomática desta pessoa. É bom lembrar, que o remédio homeopático possui um grande poder energético, vibracional, conseguido a partir de suas técnicas de preparo (diluição seguida de sucussão), os chamados métodos de dinamização. O produto homeopático selecionado, equilibra a energia vital em disritmia, promovendo a melhora e evolução para a cura do indivíduo padecendo de alguma enfermidade.Os remédios homeopáticos tem origem a partir de vegetais, animais e minerais, portanto elementos integrantes da natureza. A pesquisa no homem são, permite detectar as qualidades energéticas inerentes, intrínsicas, latentes, inscritas nessas plantas, animais e minerais, liberando suas vibrações sutis, através de movimento quântico, subatômico, libertando sua força de cura, das limitações e restrições de sua forma material. Quanto mais profundas e crônicas forem as alterações patológicas a serem tratadas no organismo do indivíduo, maior terá de ser o estimulo (maior a potência de diluição e dinamização) dado por meio do medicamento homeopático. Arquétipo é um termo Junguiano (Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço), que designa o conteúdo do inconsciente coletivo, isto é, as idéias inatas ou a tendência a organizar a experiência, em padrões inatamente predeterminados. O inconsciente coletivo que contém os arquétipos, é uma parte do inconsciente (instância psíquica sub-cortical), comum a todos os seres humanos. Na equação macrocosmo-microcosmo, o "arquétipo" de Jung possibilita explicar o mundo pelo homem. Não simplesmente a partir de formas, figuras ou seres objetivos, mas por intermédio de imagens, símbolos constantes universais contidos na alma humana, na essência do ser, no âmago do inconsciente. O arquétipo representa a revolução de algo profundo, latente, manifesto no arcano (visão, sonho, fantasia, mito). Resultaria da riqueza da vida interior do indivíduo, do fluxo e refluxo da energia dentro dele, num processo análogo ao da criação e de suas etapas de desenvolvimento evolutivo.

Citando como modelo, exemplo para nosso raciocínio, seqüência de pensamento, as relações entre o homem e o vegetal, podemos verificar as concepções de Paracelso (médico alquimista suíço). Na sua Botanicogenia (origem do reino vegetal), cita um dos maiores monumentos da humanidade, o Sepher Bereschit de Moisés. No primeiro capítulo, se expressa da seguinte forma "Prosseguindo na declaração de sua vontade, disse Deus: A terra haverá de brotar uma erva vegeta¬tiva e produzindo um germe inato, uma substância frutuosa, levará seu próprio fruto, segundo sua espécie, e possuirá em si mesma seu poder germinativo; e isto se fez assim". Este relato de Moisés coincide na cosmogenia, com o terceiro dia da criação, segundo a ordem de Gênesis: Terra (3º dia) = formação da terra, sua vegetabilidade; Terra (6º dia) = fermentação da terra, homens e animais.


Portanto desde a sua origem a terra, os vegetais, os homens e os animais mantém relações arcaicas, primitivas, recíprocas e complementares, de suas matrizes fundamentais de acordo com sua espécie, havendo semelhanças entre suas arqui-imagens correlatas. Outra contribuição de Paracelso refere-se à teoria das assinaturas, conhecida na idade média, na Europa como doutrina das características, onde cada planta teria um caráter próprio específico, em seu próprio uso, e basta apenas contemplá-la detidamente para compreender suas características. Observa-se por analogia, que certas plantas assemelham-se na forma e cor, comportamento, com atributos, maneira de ser e componentes do corpo humano, acreditando-se que uma enfermidade comprometendo um órgão, poderia ser curada por meio de aplicação da planta correspondente. P.ex. plantas de ações predominantes hepáticas, cardíacas, pulmonares, renais, cerebrais, sexuais (afrodisíacas), etc. Entendemos então por arquétipos primordiais, as relações primitivas, primárias, originais, entre o homem e o vegetal. Seriam arqui-imagens, arqueológicas, entre os seres humanos e as matrizes das espécies vegetais, as mais diversas. Cada uma dessas matrizes possui uma virtude particular para cada espécie. A homeopatia constituiria uma forma científica e experimental de se ver, reconhecer e interpretar essas correlações, comparando formas, imagens, padrões de reações naturais, resultando num modo de ser, de crescimento pessoal para o homem, de reencontro consigo mesmo (self), no sentido ecológico e cósmico. A intimidade dessas relações é uma arqui-imagem existente em estado latente na alma humana, no seu inconscien¬te, ao mesmo tempo eterna, permanente, desde que formada no tempo arcaico, mas também presente em transmutação na natureza, na planta, aparentemente externa a ele. Isto nos leva à concepção de uma força superior de coesão, uma inteligência intrínseca, sábia e perspicaz, de unidade integrativa no universo. Os arquétipos não se tratam de representações herdadas, e sim de certa predisposição inata à formação de representações paralelas, denominadas por Jung de inconsciente coletivo. Incluiriam pautas de comportamento, não sendo algo externo, alheio à alma, ainda que oriundos de formas e figuras provenientes do mundo visível, manifesto. Independente de suas formas exteriores, os arquétipos significam a unidade da vida, a essência de uma alma não individual (coletiva), a eternidade da presença na criação, nos seres vivos que participam do seu processo dinâmico.


A abordagem holística vem de "Holos" ou totalidade, traduzindo um modo de compreender a realidade, em função de totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas a unidades menores. Nesta perspectiva, há uma relação de interdependência entre todos os fatos e fenômenos, seja na espécie humana, como no reino animal, vegetal e mineral. Fenômeno vida (energia vital para Hahnemann) palpita entre estes seres, gerando interações físicas, biológicas, psicológicas, ambientais, sociais e espirituais. No novo paradigma holístico, a saúde e o adoecer humano, depende da harmonia ou da falta de equilíbrio entre o corpo físico, corpo emocional (mente) e corpo espiritual (eu superior). O tratamento holístico procura despertar na pessoa, o sentido de unidade que vincula todos os seres constitutivos do universo, como um sistema interativo, de sintonias e trocas incessantes. Neste sentido, a homeopatia ao propiciar o reencontro do homem consigo mesmo, permitindo atingir a homeostasia de sua energia vital, a euritmia, aproxima-se do paradigma holístico ao mesmo tempo ecológico e sistêmico, onde o sentido verdadeiro do fenômeno saúde, traduziria uma forma de ecologia profunda, buscando religar o ser humano com a sua natureza espiritual, fonte de bem estar interno, paz interior. O indivíduo passaria a experimentar dentro de si, a natureza espiritual de todas as coisas existentes no planeta. Eis o objetivo transcendente do tratamento através da homeopatia. Os remédios obtidos de plantas, animais e minerais, dinamizados por meio de farmacotécnica homeopática, são um exemplo vivo, vivenciado terapeuticamente, dessas relações de afinidades na natureza entre os seres (lei dos semelhantes), incluindo o homem e seu habitat circundante e planetário. A palavra ecologia é de origem grega (oikos = casa; logia = estudo), significando o estudo do lugar onde moramos, nosso habitat natural. Daí concluirmos que o termo ecologia quer dizer aprendizado. Aprender a entender este jogo dinâmico, de inter-relações, a dança cósmica de energia, os ciclos ritmos de fluxo, refluxo, dissolução, as leis universais causais, respeitando e preservando a natureza tanto fora como dentro de si mesmo (eixo comum). A homeopatia enquanto ciência e prática clínica eficaz, na prevenção e manutenção da saúde, seja em casos agudos, individuais ou coletivos, seja nas chamadas doenças crônicas, ditas incuráveis, representa um caminho de luz, em meio ao desespero e incerteza do materialismo niilista, abrindo perspectivas para estudar e compreender a relação que nos une cosmicamente numa origem e destino comum, sabendo reconhecer nos nossos arquétipos primordiais, a partir das relações homens-plantas, os fundamentos fenomenológicos, filogenéticos e ontogenéticos, que conferem sentido e enriquecem de significado a vida humana. O vazio é uma ilusão, não existe. Em realidade não estamos e nunca estaremos sós no universo. Este é o sentimento de pertencer, implícito ao contemplar uma flor ou uma estrela aparentemente distante no espaço (virtual).




2- O MODELO HOMEOPÁTICO NA MODERNIDADE, PREVENÇÃO E CURA.




Como vimos a homeopatia é um método criativo de individualizar pequenas doses de medicamentos oriundos dos reinos vegetal, mineral e animal, no sentido de dar início à reação de cura. As drogas ditas convencionais agem principalmente pelo efeito direto sobre os processos fisiológicos ou fisiopatológicos, relacionados aos sintomas das pessoas, visando geralmente minimizar ou suprimir tais sintomas e não propriamente curar as doenças. A homeopatia por outro lado, procura estimular o sistema imunológico e defensivo do indivíduo, promovendo a saúde e prevenindo a doença. Tanto pode ser indicada em casos agudos ou crônicos, ou de origem hereditária como as alergias atópicas. As terapias médicas convencionais, ditas alopáticas continuarão sendo valiosas nos casos agudos ou emergenciais, p.ex., casos de processos infecciosos agudos como apendicite aguda, pneumonia, ou lesionais (tumores, traumatismos), e mesmo nos casos de descompensação de doenças crônicas como diabetes, lupus eritematoso e outros.


A homeopatia, ao contrário do poder agressivo de antibióticos e antiviróticos, com muitos efeitos colaterais, estimula a resistência do indivíduo às infecções, fortalecendo o sistema imunológico. Oferece uma abordagem dita ecológica no enfrentamento das doenças infecciosas, mesmo as epidêmicas. Restabelece o equilíbrio, a homeostasia do organismo como um todo, aumentando a capacidade de proteção do indivíduo.



3- A PESQUISA HOMEOPÁTICA




Algumas pesquisas na área da homeopatia nos ajudam a compreender como e porque as micro-doses funcionam. Por exemplo, através da ressonância magnética nuclear (ou RMN), que é uma técnica de imagem muito avançada, utilizada para medir a rotação dos prótons, demonstrou-se que 23 diferentes tipos de medicamentos e potências homeopáticas, possuem nítidas leituras de atividades subatômicas, o que não acontece com o placebo. Outro estudo de pesquisadores franceses provou o efeito inibidor sobre a degranulação dos basófilos, de doses potencializadas de Apis (abelha triturada) e Histamina, indicando que tais medicamentos são muito úteis no tratamento de reações alérgicas. Outro estudo demonstra que a SilíciaCH6 e SilíciaCH10 (Silícia é oriunda da sílica da rocha), tem efeito significativo sobre a estimulação de macrófagos (ajudam a destruir bactérias, partículas estranhas) em camundongos, daí sua indicação valiosa em doenças infecciosas crônicas (corrimentos, otites de repetição, etc.).

O dr, Jacques Beneviste, pesquisador francês, iniciou em 1980, programa de pesquisa sobre as altas diluições homeopáticas. Conseguiu comprovar a atividade biológica do produto original dinamizado, mesmo quando a substância aparentemente desaparece. Fez uma descoberta surpreendente, ou seja, que a água possui a capacidade não só de reter de modo estável uma mensagem molecular, como também restitui a atividade das moléculas de origem. Isto tornou evidente a presença da memória da água, portanto derrubando o preconceito de que as micro-doses da homeopatia são placebo. Dr. Beneviste em 1995, provou sua teoria da linguagem molecular. Para tanto, gravou em computador o sinal molecular (amplificou digitalmente este sinal de energia eletromagnética) da acetilcolina, transmitindo-o em seguida para a água quimicamente pura. Tal água ao ser injetada no coração de uma cobaia, determinou reações semelhantes à acetilcolina (variações do fluxo coronário). Reproduziu este experimento para cerca de trinta substâncias diferentes, havendo a transferência de atividade molecular, tanto para a cultura de células como para a água. Conclusão: a água, aparentemente inerte, passiva é capaz de estocar de forma estável uma mensagem molecular, restituindo assim a atividade das moléculas de origem da substância, comprovando a atividade biológica da homeopatia e o poder de cura das pequenas dose


* Dr. Marcos de Oliveira Mundim, é médico homeopata, autor do livro Tratado de Saúde Holística-editorial Estampa, diretor científico do Instituto Brasileiro de Medicina Natural e da Associação Internacional de Medicina e Saúde Holística.

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