HOMEM UNIPAZ


 :: Wagner Borges ::

Ele estava sentado no jardim da paz meditando.
As flores exalavam um aroma de compaixão e os raios de sol beijavam a grama verdinha enquanto o yin e o Yang da natureza se mesclavam naquela dança multicolorida do Chi expressando pura vida.
Ele abriu os olhos e sorriu ao me ver, logo disse: "Chegou o viajante espiritual. Já sei! Vem cheio de piadas novas! Conta aquela do Buda."
Então, contei-lhe daquele ensinamento budista que diz o seguinte:
 - Se durante a meditação você ver o Buda, mate-o!
Esse ensinamento significa que a mente deseja ver o Buda e por isso cria o apego sensorial e só aumenta o ego.
Daí, fiz uma ligeira adaptação e contei para ele:
- Se durante a meditação você ver o Buda, conte-lhe uma piada. Se ele rir, ótimo. Em caso contrário, desapareça com ele e ria sozinho da piada.
Depois, contei-lhe umas outras mais picantes, como sempre.
Já é de praxe rirmos juntos de muitas piadas. Enquanto ele ria, notei uma luz rosa emanando de seu peito. Era a luz da paz brilhando no homem-unipaz.
Ao vê-la, soube que um Buda estava sentado em seu coração. Não o vi, mas meu coração escutou a sua canção pacífica, e o melhor: eu sabia que o Buda estava sorrindo junto.
O homem-unipaz sente a dor do mundo em si mesmo e muitas vezes chora em silêncio, mas suas lágrimas são búdicas. São inspiradas pela compaixão e o lavam internamente. Mas, quando encontra o viajante espiritual, ele ri como menino.
E em seu coração o Buda ri e canta:
OM MANI PADME HUM! OM MANI PADME HUM! OM MANI PADME HUM!
Então, o rosa do amor invade tudo e nós nos abraçamos.
Ele sabe que quando um coração pacífico encontra outro, o resultado é uma fusão de luz rosa e a compaixão emanando por todas as dimensões para todos os seres sencientes.
O homem-unipaz, eu e o Buda invisível do coração éramos ali apenas meninos pacíficos rindo e cantando o OM MANI PADME HUM!
E a compaixão era uma linda menina sutil que guiava nossos corações nas artes da paz imperecível. (Esses escritos são dedicados ao amigo unipaz Pierre Weill).

- Wagner D. Borges -

Salvador, 31 de janeiro de 2000 às 19:35h.













































































Comentários